Miguel parou no acostamento depois de não suportar mais ouvir os gritos irritantes de Sophie. Ela não parecia ser tão arredia normalmente, mas nada em Sophie estava igual. Ela tinha mudado. A porta do carona foi aberta com muita força e ela pulou para fora do carro.
- Não olhe para mim - disse Clary, quando Miguel a encarou no banco de trás. - O que você está esperando? Vá atrás dela!
Impaciente, ele também saiu do carro.
Sophie marchava a passos largos, ignorando a presença de Miguel em suas costas.
- Sophie, para ai - Pediu, a voz subindo aos poucos. - Sophie, você não vai chegar a lugar nenhum andando por aí sozinha, no meio do nada.
Ela continuou andando, fingindo-se de surda.
A essa altura, os dois já estavam muito distantes do carro, mas foi só quando Sophie entrou na floresta que Miguel resolveu correr atrás dela.
- Porra - ele gritou, finalmente alcançando-a. Segurou seus braços finos com mais força do que pretendia. - Qual é o seu problema?
O corpo de Sophie tremia. Miguel podia sentir embaixo de suas mãos.
- Qual é o meu problema? Você está brincando comigo? - ela estava furiosa, mas a voz falhou um pouco. - Um dia, Miguel. Eu só queria a droga de um dia para respirar antes de tudo isso me engolir de novo. E você estragou tudo!
- Eu estraguei? Eu te salvei dos jornalistas. Eles iam te comer viva!
- Eu preferia isso a ter que aguentar toda essa merda. Você não vê o quanto é cansativo viver numa luta entre o que eu quero e o que eu preciso quando eu nem sei o que isso significa?
- Juro pra você que não estou entendendo nada.
Sophie fechou os olhos com força, a agonia cobrindo sua face. Suas bochechas estavam coradas por causa do sol. A pele clara adoravelmente rosada. Ele amava a pele dela. Imaginava toda a cor que poderia trazer se a apertasse do jeito certo, como fez quando esteve dentro dela.
- Não consigo perdoar o Luke por tudo que ele me fez. E não consigo pensar em ficar com ele - ela falava com dificuldade, arfando entre uma palavra e outra. - E não consigo tirar você da cabeça. E isso é errado. Quer dizer, é errado, não é? Depois de tudo, não sei mais.
Ouvir as palavras de Sophie injetou algo em Miguel que ele não conseguia definir. Não sabia se era orgulho, ou esperança, mas era muito bom. Seu ego foi amaciado com uma esponja de plumas.
- Se faz você se sentir melhor, acho que eu teria me apaixonado por você de qualquer jeito. Mesmo sem a seleção.
- Não, isso não faz eu me sentir melhor.
Miguel a encarou. Conseguia sentir sua pulsação acelerada em seus dedos, e notou a forma que seu peito subia e descia sem compasso. Ela estava nervosa.
- Sophie - ele disse o nome dela como se fosse uma adoração e soltou seus braços.
Os dois ficaram parados, olhos nos olhos, apenas os sons da floresta envolvendo-os. Sem suportar não tocar nela, Miguel ergueu o braço e tocou os lábios dela com os dedos. Sophie fechou os olhos.
- Eu dormi com ele - confessou ela. - Dormi com ele depois ter ficado com você. Porque eu estava brava e porque eu também o amo.
E aquelas palavras foram suficientes para fazer Miguel dar um passo para trás.
- Isso tem que acabar - disse ele, magoado. - Você não pode ficar revezando entre a gente. Vai ter que escolher um.
Era como ter o coração tirado do peito e cortado com uma faca sem ponta. Ele sentia a dor se espalhando tão lentamente que mal podia respirar direito.
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Em Meio a Realeza
RomanceA guerra acabou e finalmente todos podem comemorar. Todos, exceto Sophie. Ela está de luto. Precisa superar seus fantasmas interiores e fazer uma escolha que determinará o seu destino.