E foi exatamente como ela previu. Deitou de lado, de costas para Luke, tentando não encostar nele. Por sorte, a cama era grande o suficiente para mantê-los confortáveis em seus espaços pessoais.
Mas quando amanheceu, ela estava grudada nele, seu corpo completamente contido pelos braços e pernas dele. Provavelmente se atracaram durante o sono. Com cuidado, e para não acordar Luke, ela se mexeu delicadamente e se desvencilhou dele. Andou pelo quarto na ponta dos pés e foi para banheiro.
Tomou o banho mais rápido de sua vida e foi para o closet se vestir. Tinha combinado de sair com a princesa hoje. Ela ficou olhando para as vastas opções que tinha para vestir. Estava em dúvida entre um conjunto de saia e cropped preto e um vestido preto de alcinhas. Mas já estava cansada de usar a mesma cor irritante.
Paggie não ficaria mais feliz se ela continuasse usando preto, ou mais viva. Então qual era o sentido disso? Tradições idiotas impostas pela sociedade idiota não eram da conta dela.
Ela pegou entre os braços um punhado de tecido preto e arrancou dos cabides. Doaria a maioria daquelas roupas e compraria novas, mais alegres e coloridas. Estava até disposta a cortar o cabelo, talvez o pintasse.
Escolheu uma blusa de alcinhas e calça verde de alfaiataria e colocou óculos escuros. Deixou o cabelo solto, para parecer mais espontânea, e pegou uma bolsa de sua estúpida coleção. Tinha ganhado tantas bolsas de presente de casamento que elas nem cabiam todas no closet, e ela tinha um closet enorme.
Encontrou Clarissa no vestíbulo, esperando com cara de poucos amigos.
- Acha que podemos tomar café na rua? - perguntou Sophie, enfiando alguns itens que faltaram dentro da bolsa.
Clary levantou seus óculos escuros e olhou para ela com irritação.
- Pelo andar da carruagem, estamos indo almoçar - ela revirou os olhos. - Sei que o meu irmão é um grande gostoso, mas não precisa ficar trancada no quarto com ele o dia inteiro.
Sophie queria que as coisas fossem exatamente assim, que ela ficasse trancada no quarto o dia inteiro com seu lindo marido, vivendo sua vida perfeita, em seu castelo perfeito. Mas a verdade era muito destoante.
Ela apenas deu de ombros, ignorando a irritação de Clary.
- Nós vamos ou não? - perguntou, apontando para as portas largas.
Clary crispou o cenho, mas não disse nada.
O quanto aquela situação parecia irreal e estranha Sophie não conseguia calcular. Ela e a princesa indo sair juntas parecia uma pegadinha desses programas americanos que não tinham a menor graça.
Elas foram no carro particular que o rei usava para se locomover. Sophie ainda não estava acostumada com todo aquele luxo, mesmo depois de viver por mais de um ano em meio a ele. Ela passou a viagem calada, olhando através da janela.
- Tem algo errado entre você e o meu irmão, não tem?
Qual deles? Sophie questionou mentalmente.
- Como assim? - foi o que ela respondeu.
Clary ajeitou seus óculos na testa e penetrou seus olhos azuis hipnóticos na face Sophie. Era desconcertante a sensação de estar despida diante do olhar dela, como se aquela menina mimada e rabugenta pudesse ler através da pele dela.
- Eu percebo as coisas - rebateu Clary. - Sua irmã morreu e em outras circunstâncias Luke não desgrudaria de você de jeito nenhum. E no entanto, olhe só para para vocês, distantes como dois icebergs.
A analogia de Clary fez Sophie abrir uma sombra de sorriso. O exagero dela às vezes era divertido.
- Você é tão dramática - ela revirou os olhos. -
Mas se quer saber a verdade, então sim, você tem razão. Estamos em conflito. Eu diria que quase despencando de um penhasco muito alto.
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Em Meio a Realeza
RomanceA guerra acabou e finalmente todos podem comemorar. Todos, exceto Sophie. Ela está de luto. Precisa superar seus fantasmas interiores e fazer uma escolha que determinará o seu destino.