O médico analisava de vários ângulos o raio-x da criança. Soraya e Simone estavam sentadas lado a lado, mas sem conseguir trocar um único olhar. Se policíavam para não ter que interagir uma com a outra. E enquanto esperavam um diagnóstico, Elena colocava a tala para estabilizar o punho machucado.
— É mães... — O ortopedista começa a explicar, e as duas se entreolham pela primeira vez desde a discussão no estacionamento. Nenhuma ousa abnegar o papel de mãe de Elena, estão tão ansiosas que não perdem tempo explicando a guarda e toda a história que a levaram até o momento.
— Como suspeitamos, foi mesmo uma fratura — O médico vira o monitor para que as mulheres possam entender a explicação.
— Estão vendo esta parte do punho? Está muito fora do lugar. Este tipo de fratura nós chamamos de articulares. Infelizmente o osso não pode ser corrigido ou mantido na posição certa apenas com o uso do gesso.
— O que isso significa, doutor? — Soraya questiona, apreensiva e sente a mão de Simone cobrir a sua.
— Vai ser necessário a cirurgia para a colocação de um pino metálico no osso, Soraya. Não é nada grave, mas Eleva vai precisar ser internada, passar por alguns exames já que a cirurgia exige anestesia.
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— Fernanda você prometeu que não ia sair do meu lado — A criança segurava firme uma das mãos da irmã, enquanto encarava Leila, parada na porta do ambulatório.
— E eu não vou, Elena. Está tudo bem, eu tô aqui, as dindas também.
A enfermeira terminou de fazer a tala e se retirou, desejando melhoras a loirinha. O telefone de Fernanda toca e Leila aproveita a oportunidade para ficar a sós com a menina mais nova.
— Pode ir atender, Fefa. Eu olho ela.
— Fernanda, por favor.
— Elena, é rapidinho. Eu volto em dois segundos, prometo de dedinho.
Sem ter o que fazer, a pequena concorda. Leila não espera muito para agir. Olha ao redor e assim que Fernanda toma uma distância segura, aproxima-se da criança.
— Eu nem quero saber a merda que você fez para quebrar esse braço. Mas Elena, eu não tenho nada a ver com isso, ok?
— Você tem sim, se tivesse me dado o que jantar, eu não teria tentado pegar a bolacha no armário.
— Olha só sua peste, garotinha irritante, se você falar para alguém que eu não te alimentei, juro que faço a Simone sumir da vida de vocês. Nunca mais você vai ver a sua madrinha — A mais velha se aproximou da cadeira em que Elena estava sentada. A figura de alguém tão grande a amedrontou, fazendo com que se encolhesse. Leila aproveitou que surtiu o efeito desejado e beliscou com força a perna descoberta da garota. Os olhos azuis ficaram enormes de medo.
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As duas mulheres saíram lado a lado do consultório. Não sabiam como falariam para Elena sobre a cirurgia. Apesar da preocupação, o que mais incomodava Soraya era não saber exatamente o que aconteceu, como a criança havia quebrado o braço de um jeito tão específico, a ponto de necessitar de uma cirurgia.
— Você está bem? — Simone parou em sua frente.
Virou a cabeça, massageou o pescoço, não sabia exatamente sobre o que a outra a perguntava.
— Vou ficar — Desviou, queria sair do campo de visão de Simone.
— Quer um café? Deve estar exausta, ficou o dia todo organizando a festa e agora isso. Posso ir pegar, se quiser.
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Ligação
FanficQuando Soraya e Simone brigam, e Soraya tenta consertar as coisas através de uma ligação. Simone e Soraya se conhecem desde adolescentes. Mais do que melhores amigas, elas eram sócias, madrinhas de Elena e Fefa e até dividiam a guarda do gatinho Orf...