Coffee Time

Capítulo 6

Charlotte olhava-se no espelho e percebia como seu rosto estava mais fino. Depois do ocorrido na casa dos pais, passou um tempo se alimentando mal. E agora as bochechas pareciam ter menos carne, também notava quando a apertava. Heidi e Nudee não diziam, mas a própria tailandesa estava observando como elas lhe empurravam mais comida que o normal. Mesmo que algumas pessoas achassem isso insuportável, Charlotte entendia que era apenas preocupação.

Mirando o reflexo no espelho, a morena vestiu uma camisa lisa e num tom suave de rosa, colocando apenas um short preto e leve por baixo. Depois de jantar e tomar um banho rápido, no fim de um dia cheio de trabalho e uma entrevista, preparava-se para uma chamada de vídeo com Engfa. Só faziam nas noites em que ela não tinha a primeira aula, o que era aquele caso. Passara o restante do dia curiosa sobre a tal notícia, sequer imaginava o que poderia ser. Apenas apanhou um copo com água e sentou-se na cama, em frente ao notebook. Ligou-o e esperou pela ligação alheia, mexendo nas redes sociais, distraída.

Parou por alguns segundos ao ver a tela inicial do telefone lhe mostrar uma notificação clara e que lhe deixou sem saber como reagir: era aniversário de seu primo mais novo. Planejava lhe mandar um presente, mas sabia que provavelmente a tia não o deixaria receber. Talvez ligar diretamente para ele fosse mais seguro, não queria perder totalmente o contato com os dois. Já era triste demais não poder vê-los porque não era mais bem-vinda.

Não notou quando a ligação chegou, apenas após alguns toques veio a atender. E sorriu pequeno assim que a imagem da atendente apareceu, o rosto um pouco próximo da câmera enquanto parecia concentrada em algo. Permaneceu a fitar a tela, até que finalmente Engfa terminasse e olhasse de volta. — Char!

— Boa noite. — a morena murmurou, dando dar um gole na água. — Como você está?

Uma pergunta corriqueira e que sempre fazia, apenas para não ir direto ao ponto e revelar que aquela dúvida lhe matava por dentro. Era algo não tão relevante, mas sua curiosidade era grande demais. A mente passava por tantas possibilidades num intervalo de tempo tão pequeno que chegava a ficar confusa, mas a tailandesa não precisava saber disso.

— Eu estou bem, obrigada. E você? Me fala mais sobre a entrevista. — "não, nós podemos ir direto ao ponto e você pode me dizer o que queria dizer", era o que lutava para não deixar escapar por entre os lábios belos.

— Ah, foi tudo bem por lá. Elas me pediram para desenhar, na verdade. Eu fiquei muito confortável com isso. — afirmou, afagando a própria perna dobrada sobre a cama. — E eu espero mesmo ser chamada para uma segunda entrevista.

— Isso é ótimo, mesmo. E sabendo como você é incrível, acho que vai ser chamada. — garantia, mexendo numa caneta sobre a mesa do quarto enquanto fitava a imagem da tailandesa morena. Por alguma razão aquilo não a deixava enrusbecida, mas ainda sim sorria genuinamente diante do elogio mesmo após seis meses.

— Então... O que você queria me contar? — finalmente tomou coragem para indagar, um pouco sem jeito porém deixando a curiosidade ganhar.

— Ah, sim! — concertou-se no assento, até sorrindo mais. — Eu tenho duas notícias ótimas! — e ao notar a morena lhe olhando cheia de expectativas no olhar, umedeceu os lábios e começou: — Você se lembra que eu disse que a minha mãe queria abrir uma outra cafeteria?

— Sim, por sinal sempre achei uma ideia ótima.

— Bem, ela realmente está encaminhando isso. E aí vamos precisar ir a uma reunião, e essa reunião é em Bangkok. — anunciou, alegre. — Vamos ainda esse mês!

— Engfa! — a mais nova arfou, muito mais contente agora. — Vamos poder nos ver, é isso?

— Sim!