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Alguns dos personagens encontrados nesta história e/ou universo não me pertencem, mas são de propriedade intelectual de seus respectivos autores. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual. História sem fins lucrativos criada de fã e para fã sem comprometer a obra original.

AVISOS: Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Violência, Mais avisos a serem adicionados conforme a história avança (colocarei no início dos capítulos)


Barra de cereal de côco, uma lata de chá verde e chiclete de menta. Dá 275 ienes.

É o que ele sempre compra. Ochako já passou os três itens em todas as variações de ordem possíveis nos últimos três meses, é sempre isso, nem sempre da mesma marca, mas sempre a mesma coisa.

Ele vem toda segunda, quarta e sexta, normalmente depois das 17h30. Pode ser que venha nos outros dias no mesmo horário, mas Ochako não saberia dizer, pois vai pro outro trabalho de meio-período nesses dias. O salário do outro emprego é um tiquinho melhor, mas é mais puxado também, ela tem que fazer faxina e subir e descer um monte de escadas. Aqui é só repor estoque e ficar no caixa, às vezes é até bem entediante, só não é por causa dele e suas breves aparições dia sim dia não.

Relativamente alto, cabelos brancos meio espetados, com duas mechas caindo-lhe na testa. Olhos de um cinza azulado, os cílios mais longos, claros e lindos que ela já viu, queixo quadrado que lhe dá uma aparência madura, mas ela chuta que ele deve ter uns 20 e poucos anos, no máximo. Ochako começou a trabalhar nessa lojinha de conveniência há uns cinco meses, pode ser que ele já frequentasse o lugar desde então, mas ela não se lembra, só passando a reparar nele dois meses depois. Ele entrou, pegou a barrinha de côco, o chá verde e o chiclete de menta, e então lhe deu as costas, digitando no celular energicamente. Se ele estivesse conversando cara a cara com quem quer que estivesse digitando aquela mensagem, com certeza estaria gritando.

Ochako não ficou curiosa, mas se sentiu inquieta porque ele seguiu com essa por alguns minutos, e mais dois clientes estavam atrás dele, um deles sendo aparentemente um senhor de negócios com pressa, ele olhou pra ela, como se quisesse que Ochako fizesse alguma coisa. E ela fez: pigarreou duas vezes, já que a primeira não surtiu efeito. O rapaz finalmente percebeu que estava travando a fila e se virou com tudo, olhando-a com uma expressão que ela não conseguiu decifrar, um misto de incômodo e constrangimento. Foi um olhar tão intenso que ela até se confundiu com o troco, deixando uma moeda cair. A moeda rolou pra debaixo do balcão, e seu rosto se contraiu em tensão, mas ela rapidamente sacou outra da caixa registradora.

— Pode ficar. — ele disse, pegando a sacolinha e saindo apressadamente.

Dois dias depois, Ochako se desculpou e lhe entregou o que faltara do troco. Ele fez uma expressão confusa simplesmente adorável, como se tivesse desaprendido matemática por um segundo, mas então abriu um breve sorriso e respondeu ao seu "Obrigada. Volte sempre!"

Depois disso, houve outros dias em que ele apareceu digitando ferozmente no celular, mas sempre parava quando chegava ao caixa. Uma vez ele pagou com cartão e até brincou, dizendo que nenhum dos dois precisava se preocupar com moedinhas fujonas naquele dia.

E talvez tenha sido aí que ela se encantou de vez, vai saber.

Muitos clientes vêm e vão todo dia, principalmente nesse horário. O chefe explicou que é a hora em que os estudantes da universidade perto dali saem da aula, então Ochako vê muita gente, muitos rapazes e garotas bonitos e apressados, ele nem é o mais atraente, mas é o mais recorrente, e também o mais atrapalhado, e o único que olha em seus olhos quando responde ao seu "Obrigada. Volte sempre!". Não que ela ache que quem não faz isso é mal educado ou qualquer coisa do tipo, mas a garota gosta como ele dedica um milímetro de segundo para parar e só... tratá-la como outro ser humano que tá ali. E é completamente ridículo, mas ela gosta de imaginar que ele entende que seu "volte sempre" não é uma resposta automática e padrão pra todo cliente, e sim um desejo genuíno. Ochako quer mesmo que ele volte sempre, e ele volta.

por enquantoOnde histórias criam vida. Descubra agora