Minhas ovelhas

19 0 0
                                    

Minhas ovelhas

Aurora não falou muito no tempo que se passou, ela se corroía em ódio e conexões que fazia em sua cabeça, mas nada daquilo fazia sentido questões e mais questões ocupavam seus pensamentos, principalmente suas considerações a respeitos da dupla de gêmeos a sua frente, mas a discussão não parou porque Aurora ficou calada, as duplas de gêmeos desenfreada uma confusão maior do que o esperado, parecia que no momento que Pandora tinha deixado a casa, tudo seria permitido, Tristan estava aos berros contra Isolda, que o encarava com sua expressão habitual de tédio e desinteresse, respondendo apenas sim ou não a ele. Já Dorian e Edgar conversavam violentamente, e a cada vez que Edgar lhe negava respostas, Dorian aumentava o nível da conversa. Aurora e Ametista ficaram sentadas no sofá apenas observando a confusão, e quando a loira se sentou na beira do sofá, pronta para pular entre eles a qualquer impulso de agressividade, para que pudesse impedi-los de chegar a outro nível, Aurora agarrou seu braço balancando a cabeca negativamente, negando a Ametista o direito de interrupção.

– Eles vão se matar. – Protesta querendo se meter entre eles.
– Você não tem irmãos? – Pergunta rindo, mas a expressão sombria de Ametista a deixa entediada. – Eles vão ficar bem, principalmente Tristan e Isolda, eles tem o que? Outros sete irmãos? – A mãe de Tristan tinha três pares de gêmeos, sendo ele e a irmã os mais velhos.
– Você tem um irmão mais velho, não tem? – A loira questiona timidamente e arranca de Aurora um suspiro debochado.
– Tenho. – Vira os olhos. – Muito me surpreende ele estar a tanto tempo longe de mim, ou de alguma confusão para eu resolver.
– Vocês são próximos então? – A pergunta tinha soado como um sussurro, mas ela estava sorrindo.
– Acho que pode se dizer que sim, ele passa boa parte do tempo achando que é meu pai. – Se vira para encarar a garota loira ao seu lado, ela estava em um aura de melancolia. – Você tem irmãos? – Sua pergunta instantaneamente tinge os olhos da garota de vermelho, parecia doer, mas ela apenas balançou a cabeça e se levantou.
– Vamos, você tem uma coisa muito desagradavel para fazer. – Estendeu a mão Aurora e a puxou escada acima. 
– Desagradavel?

Subiram as escadas, que davam no meio de um extenso corredor com inúmeras portas, pela primeira vez, Aurora percebeu o tamanho daquele corredor, e como não era compatível com a fachada da casa, tinha provavelmente três vezes a largura da fachada, mas não ficou surpresa, parecia que a cada momento ela se acostumava mais a não entender como as coisas funcionavam. Pararam à frente da sexta porta à esquerda que tinha desenhado na porta um dez de espadas, como no baralho.

– Lembra que você aceitou o Benjamin, certo?
– Aham. – Respondeu puxando na memória o dia em que Pandora a levou do hospital.
– Então, as condições são claras, ele só pode viver enquanto você permitir. – Aurora ergueu as sobrancelhas como quem não entende. –Essa servidão vem com um preço, permitir que ele viva, significa que você terá que alimentá-lo.
–Alimentá-lo? Com o que? –Questiona surpresa já sabendo a resposta.
– Com sangue Aurora. –Esclareceu tentando ser compreensiva com o choque da garota. – É isso que significa ele ser escravo do seu sangue, ele só pode viver porque você permite que ele se alimente de você.
– Meu sangue? – Elevou sua voz em choque e ódio.
– Sei que é difícil, mas dizem que você se acostuma. – Toca as próprias mãos tentando demonstrar empatia.
– Eu não vou fazer isso. – Se nega rindo. – Você acha mesmo que eu vou deixar ele me morder de novo?
– Você precisa Aurora. – Tosse tentando clarear a garganta. – A vida dele está ligada à sua, não é um guardião nem nada, mas quando tentarem te matar novamente, e vão, ele vai morrer por você se for necessário... ou você prefere que seja Dorian ou Tristan?

Aurora engoliu seco, não se importava tanto assim com Tristan, mas não queria jamais ter que vê-lo morto, principalmente por sua causa, e Dorian, ele já tinha quase morrido por ela, ela devia a ele a segurança de outra vida antes da sua, mas mesmo assim, os calafrios de medo subiam seu corpo, tinha sido algo terrível e tinha desencadeado a toda aquela história tão esquisita, toda vez que pensava na palavra bruxa sua cabeça doía, mas vampiro? Não era possível, era ridículo para ela, logo ela que nunca tinha acreditado em absolutamente nada, nem papai noel nem coelho da páscoa, era completamente cética, mas teria que aceitar que fosse verdade ou não, aquela gente acreditava naquilo e tentava até ser franca consigo mesma, o inexplicável só poderia ser explicado pelo impossível. Aurora nunca tinha precisado de ninguém e era extremamente solitária, mas agora só se sentia segura na companhia Dorian, não queria mais ficar longe dele, ele tinha salvado sua vida e tomado três flechas nas costas por ela, era muito mais do que ela poderia esperar dele, sua insegurança crescia a cada dia, e o que Tristan tinha lhe dito ecoava em sua cabeça, queriam alguma coisa dela de fato e enquanto ela não descobrisse o que era, nunca mais se sentiria segura, era tudo muito assustador se ela fosse parar para pensar, estava sendo literalmente caçada, mas era corajosa, muito mais do que todos imaginavam, passaria por qualquer coisa firme e inabalável, então, se tivesse que fazer aquilo, que fosse por Dorian, ela devia uma vida a ele.

Coração LascivoOnde histórias criam vida. Descubra agora