Coração Lascivo

Outros pagaram por você...

Outros pagaram por você...

Tristan arrastou Aurora para longe da cozinha lhe sussurrando ao ouvido que ficasse quieta, mas ela se debatia em seus braços, e com nenhuma dificuldade, ele a levantou nos braços ignorando seus insultos, a jogando no ombro. Aurora não era uma mulher pequena, tinha mais de 1,70 de altura e era pesada, ele entrou com ela nos braços, no que parecia ser um escritório, nem sabia se podia entrar naquela sala. A colocou sentada sobre a mesa no meio da sala e mesmo segundo em que ele a soltou, ela pulou tentando escapar da sala. Tristan só conseguiu agarrar seu vestido no ar a puxando de volta para si, ouvindo o tecido se rompendo, prendeu o corpo dela ao seu fechando os braços em sua cintura enquanto recebia cotoveladas da mesma tentando se soltar. 

– Aurora me escuta. – Disse duramente quase implorando. – Você não pode voltar lá nesse estado.
– Me larga agora Tristan. – Gritou se debatendo e pisando no pé dele. – Agora, ou eu vou fazer um escândalo. – Ameaçou tentando se soltar dos braços dele apertando sua pele.
– Você já está fazendo caralho. – Reclamou a girando em seus braços, pela força que aplicava em seus braços para mantê-la detida, ele sabia que a estava machucando, mas Aurora não era uma garota fraca com o corpo flácido, e pior, não tinha medo de se machucar usando sua força contra os outros. – Aurora! – Ele gritou a batendo contra a parede.
– Me solta! – Insistiu mesmo que chocada, ele a prendia com o corpo contra a parede.
– Me escuta e eu solto você. – Pressionou mais seu corpo contra o dela para liberar uma das mãos e agarrar seu rosto a obrigando a encará-lo.
– Não. – Vociferou com as bochechas apertadas.
– Você sabe que não pode escapar de mim, eu posso mantê-la presa junto a mim pelo resto do dia, enquanto Dorian sangra até a morte na cozinha, ou você pode me ouvir. – Ela então para de se debater, aquietando seu corpo, Tristan afrouxa o aperto, certo de que a tinha deixado roxa, mas à solta ciente de que ela poderia voltar a se debater a qualquer momento.
– Me larga Tristan. – Repete friamente.
– Aurora, eu estou muito preocupado com você. – Seu tom de voz a pegou desarmada, nunca imaginou aquelas palavras saindo da boca dele, não naquele tom de verdade. Ficou mole nos braços dele o fazendo suspirar. – Elas não são como nós Aurora, não são pessoas normais, elas vivem em uma realidade muito diferente, ferimentos não são nada pra elas, não representam morte, você não faz ideia do tamanho do rasgo no seu estômago que elas fizeram desaparecer.
– E daí? –Interrompe irritada.
– E daí, que elas querem você, de uma maneira muito mais profunda do que o que você pensa, elas não querem nada de você, querem a sua pessoa, estão tentando te manter viva a qualquer custo, você já parou para se perguntar porque? – Ergue as sobrancelhas, ela abre a boca mas logo a fecha. – Eu escutei e observei tudo o que disseram, você é uma delas, seja lá o que isso pode significar, e elas precisam manter você viva, imagino que não importe o preço.
– Eu não estou entendo. – Sua voz some em um sussurro.
– Você gosta da sua vida, não gosta? – Ela balança a cabeça que sim. – Elas podem te tirar tudo Aurora, seus pais te entregaram a elas, seu pai segurou Dorian e Miguel no hospital com seguranças para que não fossem atrás de você depois que Pandora te levou com o homem que tinha dilacerado seu pescoço, e se sua única relevância para elas for permanecer viva? Você está tão viva agora, quanto estaria presa em qualquer outro lugar.
– Mas porque....
– Você não entende? – Ele gritou a assustando com seus imensos olhos azuis. – O "porque" não importa Aurora, não para nós, e eu preciso que você continue aqui. – Ele suspira fechando os olhos, se arrependo do que disse. – Só se lembre disso, elas são perigosas, não fique desafiando, eu não quero ter que lutar ao lado de Dorian por você, ou passar o resto da minha vida procurando você pelo mundo.  
– Tristan... – Sussurrou o encarando.
– Não fala nada. – Fechou a cara irritado. – Nós precisamos salvar a vida do Dorian agora, eu vou lá.

Soltou o corpo dela por completo enquanto ela o encarava com aqueles enormes olhos castanhos, encaravam-se com cumplicidade. Deixou a sala mais rápido que pode fugindo de Aurora e das palavras que tinha dito, nem ele mesmo sabia de onde tinham vindo aqueles sentimentos, mas a verdade era que quanto mais próximo ficava de Aurora, mais se importava com ela e menos pensava na rivalidade fútil que tinham, a verdade é que por mais que não se suportam, pois tinham personalidades incompatíveis, ele passava todos os dias com ela desde que tinha entrado na escola, ela sempre era sua parceira de projeto para tudo, e quando entraram para o mesmo curso na faculdade, não foi diferente, ele tinha passado a vida competindo com ela para ver quem fazia o trabalho melhor, sem ela toda sua rotina seria vazia, ele não concordava com nada do que ela fazia ou pensava, e tinha muitos problemas com o comportamento dela, mas não queria vê-la morta.