Capítulo 07: sonho

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O relógio marcava o auge da madrugada quando Aline pulou da cama, assustada. Havia tido um pesadelo, daqueles que lhe fazem transpirar por todos os poros e acelera o coração até doer.

A primeira coisa que fez foi ver se não havia acordado Bella, tal que ainda dormia serenamente. Tentando controlar sua respiração, saiu do quarto e se trancou no banheiro, procurando ser silenciosa desde ao fechar a porta, até ao ligar a torneira. Encheu uma concha de água com as mãos e jogou em seu rosto repetidas vezes, sentindo seu corpo esfriar com o contato gélido.

Apoiou ambas as mãos nas bordas de cerâmica branca, encarando seu reflexo no espelho, com um toque de receio quanto ao que veria. Fazia algum tempo que não sonhava com seu passado incômodo, e sempre que isso ocorria, sentia medo de ver à si mesma. Medo de se ver ainda fraca e machucada.

— Tudo bem.— Sussurrou para si mesma, respirando fundo. Não havia notado que pressionava a pia com força, até ver seus dedos brancos sem o fluxo adequado de sangue correndo por eles. Se afastou dali, sem olhar mais para o espelho, e caminhou devagar até o quarto outra vez enquanto usava a gola de seu pijama para enxugar o rosto. Seu sono havia ido embora, mas não tinha muito o que fazer, diferente de quando estava em sua antiga casa e ia caminhar pelas ruas quando isso ocorria. Aqui, por ter tanta floresta cercando cada canto, dava um receio de se perder ou ser atacada por algum animal, então tudo o que fez foi se deitar outra vez, jogando o lençol para um canto do colchão.

Abraçou um pequeno ursinho, bem antigo, de sua infância, e ficou encarando os desenhos dos galhos de árvores que enfeitavam o teto com o auxílio da luz luar. Procurou seu sono durante horas, tentando contar até o infinito e mudando de posição várias vezes, mas ele havia lhe dado as costas e ido embora embora juntamente aos seus serenos pensamentos.

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— Você está péssima.— Foi a primeira coisa que Bella falou ver os olhos heterocromicos fundos — Não dormiu, não é?

— Nada.— Sentia seus olhos arderem um pouco, mas ainda persistia sem sono.

Assim que o primeiro raio de sol invadiu o quarto, Isabella praticamente ressuscitou, sentando-se na cama de uma vez. Acabei me assustando com sua atitude, seguindo seus passos e também pulando da cama. No fim, segundo ela, foi apenas um espasmo que tivera.

Me coloquei de pé e fui até a cama contrária ao lado da minha, me sentando em sua beira. Conseguia sentir um aperto evidente em meu peito, um incômodo que parecia aumentar toda vez que os flashes do pesadelo vinham.

Isabella me puxou para perto de si, deitando minha cabeça em seu peito, delicadamente e acolhedora. Ela parecia saber que eu gostaria, e precisava, de um abraço.

— Tem algo te chateando?— As mãos finas acariciavam meu cabelo embaraçado, bem devagar e carinhosamente.

— Sim.

Senti um nó se formar em minha garganta e tive que o engolir com força para minha voz não falhar. Envolvi meus braços ao redor de minha amiga, agora silenciosa e de respiração serena.

— Bella...— A chamei, quase em um sussurro— Eu não aguento esses pensamentos voltando.

Confessei, igualmente à soltar uma barra pesada. Fez um estrondo em meus ouvidos, mas era apenas o meu coração se abrindo.

— Meu pai não merecia aquilo.— Meu aperto aumentou contra o tecido fino da camisola que a melancólica usava, tal que eu mal me lembrava de agarrar— Aquele desgraçado o matou e conseguiu o que queria. Ele marecia justiça, Bella. Ele não merecia aquele fim...— Apertei meus olhos, prendendo a respiração em uma tentativa, falha, de segurar as gotículas quentes que inundavam meus olhos.

Make Me Feel - Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora