Capítulo 9

891 68 7
                                    

Ponto de vista: Yuki

- Se é por causa daquilo que aconteceu, não há motivo para se envergonhar! Tipo todo mundo tem algum tipo de tar...

Não há motivos? Mas de que merda ele está falando?

- Já chega! - Digo quase gritando - Já deu dessa conversa! Qualquer coisa que tenha acontecido entre nós, Sr. Nakamura, ultrapassou todos os limites de nossas posições como professor e aluno, não passou de um erro e não irá se repetir. Agora saia da frente, já deu meu horário e tenho que fechar a escola.

Eu sentia as palavras fluírem pela minha boca, como se de alguma forma elas fugissem ao meu controle. Como se eu não controlasse minha própria língua, mentiras começaram a sair uma após a outra. Não parece possível, é inimaginável que depois de tudo Kazumi ainda nutra por mim qualquer tipo de afeto.

De repente começo a me sentir nauseado, mas não sei se isso tem relação com essa conversa.

- Já está no horário de ir dar pros seus maridos? Você é bem ganancioso né professor? Não satisfeito com dois ainda vem atrás do terceiro... - posso sentir que Kazumi está bravo por seu tom se voz, mas suas palavras me escapam e eu não entendo o que ele diz.

- Eu disse para sair da frente - eu tenho que sair daqui, eu preciso sair daqui.

Me sinto fraco, minhas pernas fraquejam e eu tombo para frente cambaleante. Minha cabeça latejando como se alguém batesse nela com um martelo, coloco a mão na testa na esperança falha de aliviar a dor.

- Droga, que horas são? - eu não posso estar tão atrasado assim - não pode ser... já é tão tarde...

- Qual o problema professor? - Kazumi está mexendo a boca novamente, o que ele está dizendo?

- Escuta Kazumi, eu preciso ir embora agora, nós resolvemos isso amanhã! Eu converso com você, prometo, mas amanhã...

Eu preciso sair. Eu preciso sair. Eu preciso sair. Daqui. Daqui. Daqui. Eu preciso sair daqui. EU PRECISO SAIR DAQUI!

- Não vou esperar até amanhã, como vou saber se não vai me evitar de novo? Eu sei que disse que eu estava feliz em ser seu brinquedo aquele dia, mas eu não consigo... eu preciso saber, o que tivemos foi apenas um jogo para você?

- Kazumi... eu tenho que ir pra casa... - eu tento me afastar, mas acabo topando as costas na estante, encurralado.

Eu preciso sair. Me deixa...

- Não! Eu quero uma resposta, e não saio daqui sem uma. Eu preciso saber o que eu significo para voc...

- ME DEIXA SAIR - quem está gritando, sou eu?

Aquela sensação, a que sempre vem antes da transformação. Quem sou eu? O que sou eu? Meus olhos queimam, é como olhar diretamente para o sol. Pela expressão de espanto de Kazumi já deve estar acontecendo agora, eu estou brilhando. Então é agora que vem...

A dor. A terrível e excruciante dor. A dor de ter cada molécula de meu ser sendo rasgada, dilacerada e estruturada de uma nova forma. Ossos se quebrando, músculos se rompendo, carne virando carne. Meu corpo inteiro se contorce em sinfonia. As coisas parecem desmoronar ao meu redor, isso foi o som de caixas caindo? Quem liga? Eu me sinto tão... vivo!

Então vem a calma, uma sensação de liberdade que é impossível descrever em palavras. Depois da dor vem a calmaria. Então vem a consciência. Kazumi... ele ainda está aqui? Ele viu tudo isso? Começo a me levantar, apenas para me virar e encontrar aqueles olhos castanhos me observando. O que eu devo ser para ele agora? Vendo essa minha forma monstruosa o que você sente, Kazumi?

Meu professor Lobisomem e seus dois maridos (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora