LUCKLESS | Paul Lahote. pt-br

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CAPÍTULO 2

Como eu havia previsto, acordei com a cabeça latejando. Não foi tão ruim como sempre, mas ainda assim o suficiente para causar desconforto.

Algo gravou no fundo da minha mente. Um sonho recorrente que eu deveria ter lembrado? Fosse o que fosse, a presença do álcool manteve a memória afastada. Espero que não tenha sido importante.

O relógio ao lado da minha cama marcava onze horas. Eu queria que fosse mais tarde. A noite passada foi um borrão. Eu mal me lembrava do que tinha acontecido depois que tomei os Four Loko. Tudo que eu conseguia lembrar era de estar com raiva, mas de quem eu não tinha certeza. Minha garganta estava um pouco dolorida e eu não conseguia entender por quê. Eu gemi enquanto rolei. Graças a Deus era sábado.

Mais meia hora se passou antes que eu reunisse forças para me levantar. Olhei para minha roupa, que não cobria mais as partes que deveria estar. De alguma forma, ela desapareceu durante o meu sono. Da minha cômoda tirei uma calça de moletom velha e uma camiseta grande demais. Inclinando-me para tirar a meia arrastão, quase caí. Outra reclamação escapou da minha boca. Uma vez que me vesti de maneira mais confortável, caminhei pelo corredor até o banheiro. A visão no espelho era assustadora.

Meu cabelo estava uma bagunça. Meu rosto não estava em melhor forma. Penteei todos os nós que pude, amaldiçoando o comprimento dos meus cabelos. Depois de fazer um coque desleixado, comecei a trabalhar na maquiagem borrada. Várias lavagens depois, a base e o rímel pesado desapareceram. A água fria também ajudou meus olhos inchados. Mas minha cabeça ainda doía.

Demorou mais do que o normal para descer as escadas. A luz do sol brilhando através das amplas janelas da sala de jantar me fez apertar os olhos. Não levei em conta quem estava na sala, apenas fui direto para a cozinha. Pensei em comer frutas, mas sabia que isso não daria certo. Em vez disso, me servi com cereais. Após a primeira mordida, eu sabia que tinha sido um erro. Eu gemi, deixando minha cabeça cair e bater na mesa. A colher bateu na tigela. A risada se aproximou da sala.

"Me deve cinco dólares, Paul. Eu disse que ela ficaria assim hoje." A voz arrogante de Jared rompeu minha dor. Levantei a mão debaixo da mesa e apontei meu dedo médio na direção em que os dois estavam. É claro que Jared estava em casa. E ele trouxe um de seus chihuahuas.

Paul ja tinha sido pior do que eu com a bebida, mas não é mais. O esquadrão de anjos se tornou filhinhos de mamãe perfeitos quando se tratava de festas. Eu odiava os três, mas Paul era o que mais odiava. Ele foi aquele que as pessoas apontaram como o bebedor. Agora sou eu. Paul era apenas o cabeça quente que se metia em brigas. Eu era a alcoólatra imprudente.

Desde que Jared estava com Paul, eu nunca tinha conversado com ele. Na verdade, optei por evitá-lo, tanto na escola quanto quando ele vinha. Não havia necessidade de conversar. O que eu diria? 'O que fez você começar a ser um bonzinho?' 'Você é apaixonado pelo meu irmão?' 'Você é apaixonado por Sam?'

Quero dizer, por que outro motivo um pedaço de carne perfeitamente decente sairia com dois caras o tempo todo? Jared teve Kim e Sam teve Emily Young. Mas Paul era solteiro ultimamente. Eu não tinha ouvido nenhuma história sobre ele saindo com garotas como costumava fazer. Foi uma pena, realmente. Se Paul tivesse mantido seus hábitos, teríamos nos encontrado nas festas locais. E para admitir, eu não teria me importado de dar um passo a mais com ele. Como eu disse, ele era muito bonito.

Os dois continuaram conversando sobre mim. Ouvi cadeiras raspando no piso de cerâmica enquanto se sentavam à mesa. Eu gemi novamente. Eu não estava com vontade de ouvi-los latir como empregadas domésticas. Minha voz saiu abafada quando os repreendi.

"Vocês duas, parem de fofocar. Algumas pessoas têm cabeças mais sensíveis."

"Cale a boca Kat." A voz de Jared estava irritada. "Estou tentando contar a Paul tudo sobre suas travessuras na noite passada. É muito divertido." Eu fiz uma careta.