7. O Primeiro Raio de Luz

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"Deus cumpre a sua promessa e não deixará que vocês

sofram tentações que vocês não têm forças para suportar."

1 Coríntios 10:13

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3.973  palavras

18 minutos

A rotina de Liara Fergusson mudara completamente depois do acidente, antigamente ela levantava pela manhã, ia pra universidade, voltava para casa, almoçava e dedicava o resto do dia aos treinos, isso quando não viajava pra alguma apresentação ou campeonato.

Ela praticamente crescera no ginásio local apelidado pelos moradores próximos de "galeguinho", o sobrado onde ela passara sua primeira infância pulando no colchão de molas enquanto o pai aborrecido tentava assistir ao jornal fora vendido assim que ela ingressou na universidade, a família então morou durante poucos anos num apartamento mais próximo pra que ela não tivesse que se deslocar longe para os estudos e quando se formou, Liara comprou a casa dos sonhos de seus pais, a mesma que eles venderam logo após o acidente para morarem em um condomínio com uma casa ampla e espaçosa que facilitasse a mobilidade da filha em sua nova condição.

Agora sua vida consistia em ficar a maior parte do tempo em casa, com exceção das visitas ao fisioterapeuta, hidroterapia e as consultas médicas.

Logo que chegou de Milão ela precisou ainda se internar para avaliação médica e primeiros tratamentos no entanto em poucos dias ela foi liberada para casa e a garota que outrora parecia ser ligada no 220 o tempo todo, agora precisava de ajuda para tarefas simples como sair da cama ou tomar banho.

Ela não podia vestir-se, usava fralda geriátrica, sua mãe e a empregada recém contratada ajudavam-na a tomar banho e mudar as roupas e esse período inicial destruiu seu ânimo completamente, a sorridente e bem humorada Supernova, agora chorava, praguejava sozinha ou se trancava dentro de si mesma ao ponto de passar o dia todo sem dizer mais do que alguns monossílabos.

Sua antiga equipe até tentou manter visitas regulares, mas só Helena e Denise conseguiam passar tempo com ela.

Nos primeiros dias ainda tinha alguma entrevista ou participação em algum programa, antes ainda conseguia se forçar a sorrir em algumas circunstâncias, porém com a nova normalidade a qual sua vida foi se submetendo ela foi se fechando cada vez mais.

Algumas vezes pela tarde, as crianças das casas próximas vinham brincar na rua em frente a sua casa e Liara parava sua cadeira próxima à imensa janela da sala e ficava ali em silêncio apenas observando triste.

Numa dessas tardes uma garotinha loirinha passou horas andando numa bicicleta rosa muito parecida com a que ela tinha nessa idade. Liara se viu naquela garota e as lágrimas foram inevitáveis novamente, sua mãe na cozinha entretida nos afazeres nem percebeu o sofrimento da filha ali presa ao passado, era final de tarde e a empregada já tinha sido dispensada e durante uma hora ou pouco mais, ela chorou sozinha olhando a garotinha brincando na rua.

Até que um tempo depois sua mãe vem ver se ela precisava de algo e flagra a filha ainda olhando as crianças brincando na rua e a menina da bicicleta rosa, os olhos de Liara já vermelhos de chorar.

Léia senta no sofá ao lado da filha e abraça sem falar nada, ela mesma não sabe o que dizer, ela também chorava sozinha ao ver o sofrimento da filha que outrora parecia ser a mais feliz do mundo.

A Jornada de Uma EstrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora