8. Meteoros

30 5 52
                                    


╭───────╯✫╰───────╮

"Não se pode endireitar o que é torto."

Eclesiástes 1:15

╰───────╮✫╭───────╯





3.740 palavras

17 minutos

Logo mais quando Felipe vai embora, Liara está na varanda dos fundos, com Theo, quando seu pai chega ao seu lado, faz um carinho no cachorro que late feliz em resposta, senta-se num banco e olha em silêncio para a filha que pergunta em seguida antes que ele diga alguma coisa:

– Veio me dar uma bronca?

– Claro que não.

– Você e a mamãe poderiam ao menos me consultar antes né? Eu não estou louca pai.

– Liara, ninguém está falando que você está louca, mas você precisa enten...

– ...E pra que um psicólogo então? Eu estou aleijada pai, aleijada! É diferente!

– Liara me escuta! Psicólogos não cuidam de loucos, o trabalho deles é lidar com pessoas com problemas emocionais.

– Meu problema não é emocional, pai.

– Liara, minha querida. Por mais que me doa no fundo da alma ter que admitir isso da minha única filha, mas a verdade é uma só, você não vai mais andar.

– Eu sei.

– Sim, mas você está viva, está bem, está aqui, precisamos de alguém que lhe ajude a lidar com isso melhor do que eu e sua mãe.

– Pai, eu não quero deitar num divã e falar da minha vida pra um estranho!

– Eu e sua mãe não sabemos como ajudar você minha filha. Você precisa de um acompanhamento profissional. Eu sei que você não conhece esse rapaz mas...

– Já disse que não preciso de um estranho querendo saber da minha vida, pai. – Vira a cadeira e volta pra dentro com raiva, porém antes que se afaste o pai torna a chamá-la com voz firme:

– Liara Fergusson, não saia e deixe seu pai falando sozinho.

– Pai, eu...

– Eu vou ligar pra aquele rapaz. – Ele afirma ficando de pé e indo em direção a ela, ficando bem de frente à sua cadeira, Theo o segue e senta-se ao lado da cadeira de Liara olhando atentamente para Adelson como se a conversa fosse com ele também. – Vou pedir que ele venha novamente e você vai conversar com ele civilizadamente, fui claro?

– Sim senhor – Ela responde de cabeça baixa.

– Pode ir agora. – Então ela desvia de seu pai e segue para seu quarto e instantes depois o pai escuta a porta do quarto dela batendo. – Você também, Theo, pode ir.

Curiosamente o cachorro se levanta e vai para dentro da cozinha enquanto Adelson volta a sentar-se no banco e respira fundo desanimado.

Alguns dias depois, Liara estava sozinha em seu quarto, em sua posição costumeira, parada em frente a janela olhando o quintal quando sua mãe abre a porta chamando-a gentilmente:

– Minha filha, você tem visita.

– Se for o psicólogo, manda embora mãe, eu já disse que não quero conhecer ninguém! – Ela responde sem tirar os olhos da janela.

A Jornada de Uma EstrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora