11. Diário de Inverno

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"O escravo da bebida nunca será sábio."

Provérbios 20:1

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3.713 palavras

17 minutos

A pequena menina de apenas dez anos encolhia-se de medo na cama ao ribombar dos trovões, pelo buraco da coberta ela podia ver os relâmpagos iluminando a noite lá fora enquanto a chuva caía torrencialmente no humilde bairro de periferia

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A pequena menina de apenas dez anos encolhia-se de medo na cama ao ribombar dos trovões, pelo buraco da coberta ela podia ver os relâmpagos iluminando a noite lá fora enquanto a chuva caía torrencialmente no humilde bairro de periferia.

Duas ou três panelas espalhadas pelo chão do quarto combinavam uma sinfonia ao cair de cada pingo das goteiras.

Se pudesse ao menos dormir com os pais talvez a chuva e os trovões não a assustassem tanto, mas na última vez que tentou foi expulsa do quarto por um pai alcolizado e nem mesmo poderia acender a luz pois com o pouco que a família ganhava, todo cuidado com gastos era essencial.

O irmão mais velho havia sido mandando à um colegio interno, já que era um garoto inteligente, pelo menos seria uma boca a menos para alimentar, já a bebezinha de apenas um ano dormia no berço ao lado da cama dos pais.

Era mais uma tempestade, e mais uma vez ela estava sozinha, agarrada a um coelho de pelúcia encardido e tremendo apavorada com o rugir da tempestade lá fora.

Entre um trovão e outro ela ouviu o ranger da porta se abrindo, espiou pelo buraco da coberta e mesmo na escuridão pode ver a figura de seu pai escorado no batente da porta cambaleante.

- Pai, eu tô com medo! - Ela reclama descobrindo a cabeça.

- Medo de que ora essa, é só chuva!

- Mas eu tenho medo!

- Deixa de ser cagona, Lucinda, chuva não faz nada a ninguém. - Esbarrando nos móveis em meio a escuridão ele alcança a cama da pequena e senta na beirada. - Você não tem que ter medo de chuva, Lucinda, tem que ter medo é das pessoas.

- Mas o barulho me assusta pai.

- É só barulho, não tem que ter medo de nada, tá ficando medrosa igual sua mãe, não quero filha idiota, vê se deixa de frescura.

Então ela não diz mais nada, sabia que contrariar o pai era pedir castigo e se ele estivesse bêbado então seria pedir surra pra família toda, pois sua mãe não suportava ver a filha apanhando, várias vezes apanhou do marido na frente dos filhos por causa de algo que ela tivesse feito ou falado.

Mas por que então ele viera ao seu quarto? Sua mãe não suportava dormir ao lado dele quando ele bebia mas também não tinha coragem de expulsá-lo da cama.

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