3- Quem você é?

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Jimin não se lembrava quando havia sido a última vez em que ficou tanto tempo parado olhando para uma folha branca, relutando no que deveria ou não fazer.

Mas é, agora ele sabia que a última vez — Ou a primeira de muitas — havia sido naquele mesmo dia após a proposta tão repentina, quando se sentou para começar a escrever o artigo as três da tarde e viu as horas se passarem com uma rapidez agonizante, ao ponto de já serem nove da noite e o menino não tinha nada pronto.

Absolutamente nada.

A não ser uma pilha enorme de folhas brancas em seu lixo, que continham no máximo 5 ou 6 palavras escritas.

– O que está acontecendo comigo? - Ele murmurava frustrado, passando as mãos pelos seus cabelos e os puxando com certa força enquanto seus pés batiam incessantemente no chão.

Jimin nunca foi do tipo que tinha dificuldades para escrever redações e artigos, nunca mesmo. Porém, por ser algo tão importante e tão crucial para seu futuro e sua relação com seus avós, o de cabelos dourados colocava uma pressão três vezes maior em si mesmo.

Se sentia inútil encarando aquela folha inútil com palavras inúteis.

Adolescência e suas descobertas.

Com base nos artigos, pesquisas realizadas pela OMS e minha experiência como adolescente nesse século, eu afirmo que não é fácil ser um jovem em processo de buscar pela sua própria identidade.
Eu, Park Jimin, relato que...

Céus, eu estou escrevendo isso como se fosse uma carta dizendo o quão frustrante é ser um adolescente.

Porquê eles querem falar sobre isso? Qual é a importância dos adolescentes? Somos vistos como crianças que precisam seguir os passos dos mais velhos e realmente é isso que somos, sem mistério.

Por que eu simplesmente não sou capaz de falar como é esse processo tão insignificante na vida de todos, por que não consigo falar de algo tão simples?

Por que enquanto escrevo sobre mim, parece que estou relatando um desconhecido?

Park Jimin era alguém cheio de conhecimentos sobre assuntos variados, ele sabia demais, era esperto demais.

Porém não importa quantos livros o menino lesse, não importa quantas vidas ele havia vivido dentre aquelas páginas, nada o diria quem ele era, nada tiraria o vazio de dentro de si. Nada faria ele se sentir menos perdido, nada.

Ler pessoas sabendo quem são, é uma forma de você se martirizar por não saber quem é.

Mas o menino loiro ainda não tinha consciência disso, acabando por ser levado até a biblioteca de sua escola após uma semana tentando escrever aquele – em suas palavras – ominoso artigo, o que obviamente não resultou em nada.

Era humilhante, mas Park Jimin agora se encontrava na área de livros de autoajuda durante o intervalo.

– Tirar um tempo para mim mesmo? Eu sempre tiro um tempo para mim mesmo! - Ele murmurava indignado naquela biblioteca vazia, sentado em uma das mesas disponíveis para os estudos.

Na verdade, nem tão vazia assim.

– Silêncio! - Ouviu a senhora Kang proferir no local em um tom ríspido, com os olhos atentos e afiados diretamente para o menino.

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