9- Inveja?

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Recomendo que vocês leiam esse capítulo ao som de:

1- Mirrorball (Taylor Swift.)
2- Not Strong Enough. (BoyGenius.)

Boa leitura.



– Na verdade, a dança contemporânea surgiu a partir de 1950. Ela se iniciou como uma forma de protesto e exploração de novos caminhos de expressão. Nisso, a dança moderna já tinha rompido com o tradicionalismo de alguns estilos, especificamente o balé. Se utilizava de técnicas ligadas aos seus coreógrafos, como Martha Graham, Doris Humprey ou Jose Limon.

– E qual desses coreógrafos você mais admira?

O Park demorou a responder, seus olhos se cerraram e um bico nada proposital se formou em seus lábios. Ele encarou Jungkook como se o moreno tivesse acabado de fazer a pergunta mais ofensiva do mundo.

– Como ousa perguntar algo assim? Agora tenho que fazer a escolha mais difícil! - Resmungou o loirinho, que fez o Jeon rir de forma imediata e dar de ombros.

Eles estavam conversando naquele mesmo local à um tempo, o Park não notou, mas era a primeira vez que ele matava aula e ele nem se deu conta daquilo ainda, nem estava se importando muito em pensar em outras coisas. Na verdade, sua mente não conseguia pensar em outras coisas quando estava com Jeon Jungkook.

Quando encerraram aquela conversa sobre o artigo fracassado de Park, eles sabiam que precisavam pensar em uma solução que fosse viável e prática, então o loiro deu a ideia de seguir a sugestão que mais cedo o Jeon já havia mencionado. Eles poderiam fazer o que esses adolescentes estavam fazendo nesse último ano, Jimin poderia até mesmo conversar com algum deles e ter algumas ideias para concluir aquele trabalho. Mas, para que a senhorita Jeong não desconfiasse daquele plano, eles decidiram fazer atividades e acompanhar jovens que tem os mesmos gostos do Park.

Por isso, ali estavam eles, falando sobre dança contemporânea desde o momento em que Jungkook perguntou qual era a coisa que mais encantava Jimin, depois dos livros e da escrita. Jeon queria algo que não tivesse a ver indiretamente com a escola, apenas com ele. Algo apenas de Park Jimin, algo que poucos sabiam.

Jeon descobriu que o loiro gostava de praticar dança contemporânea. Ele nunca esteve em uma escola de dança, apesar de ter condições financeiras mais do que suficientes para investir nisso. Seus avós nunca apoiaram aquela ideia de praticar dança, diziam que aquilo era coisa de, em suas palavras, "viado." Por isso, o loiro praticava em casa de acordo com os passos que tinha conhecimento, em momentos que sabia que seus avós estavam ocupados demais para ir até seu quarto perguntar o que ele estava fazendo.

Na época, o Park não compreendeu a comparação, nem mesmo a utilização do "adjetivo" que surgiu da boca de seus avós. Quando o loiro descobriu sua paixão por dança ele devia ter no máximo seus doze anos, nunca teve muito contato com notícias ou informações que falassem sobre preconceito ou qualquer coisa que envolvesse relações homoafetivas. Por isso, sua fonte de informações era — e ainda é — Kim Taehyung.

Ao questionar o melhor amigo sobre o palavreado utilizado pelas seus avós, Taehyung explicou que "viado" era um apelido ofensivo utilizado para se referir aos homossexuais quando a referência vinha de uma fonte homofóbica. O Kim até se lembra de ter visto o de cabelos loiros parecer ficar mais confuso ainda, como um estilo de dança poderia dizer sobre a orientação sexual de alguém? Era arte, pura arte, uma parte da história da dança, um estilo criado como forma de protesto e caminhos diversos para a liberdade de se expressar, apenas isso.

Quando seus pensamentos processaram aquela informação, Jimin veio com os bombardeios de perguntas, indignado com o que ouviu dos seus avós e ainda mais indignado quando descobriu o que significava. O loiro realmente quis saber o porquê, ele quis entender qual era a conexão que seus avós pensavam que a dança tinha com a sexualidade de alguém. No entanto, ele jamais questionaria a palavra final de seus superiores, então era trabalho de Taehyung aquietar toda aquela agitação, mesmo que ele não tivesse as respostas que Jimin precisava e provavelmente jamais teria.

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