6- Questionar.

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Uma vez, Nicholas Sparks disse:

"Os olhos sempre dizem a verdade."

Talvez, ele estivesse certo.

Talvez, ele seja só mais um poeta dizendo coisas bonitas para embelezar o caos que o mundo é.

Mas, se for mesmo verdade, Park Jimin acreditava que nunca saberia, já que nunca encontrou alguém que não estivesse com pressa. Conhecia pessoas que pareciam ter apenas o foco de correr contra o tempo para encontrar a verdade do mundo, para saciar um vazio que muitos humanos nem pareciam saber que sentiam.

Nunca encontrou alguém que tivesse tempo de olhar no fundo de seus olhos e verificar se a sua alma era uma mentira.

Sua observação foi comprovada na primeira vez em que mentiu para seus avós, naquele mesmo dia após ter sido descoberto por Jungkook.

Não que já não tivesse mentido outras vezes. Na verdade, Park Jimin passou a vida mentindo. Passou a vida mentindo como se sentia, do que gostava, de como agia, de como vivia. O problema era ainda maior quando o mesmo mentia sem conhecimento.

Quando mentia para si mesmo.

Porém, jamais havia mentido sobre acontecimentos que de fato poderiam mudar a forma como seus avós o veriam caso a ocultação dos fatos fosse descoberta.

– Onde você estava?! - Ele escutou a voz irada de sua avó assim que passou pela porta de entrada da casa. Aquilo fez seu coração gelar, pois ele sabia que esteve em um lugar errado, na hora errada e provavelmente com a pessoa errada naquela hora de atraso.

Ele não poderia dizer onde estava, caso contrário, seus avós mais uma vez o colocariam de castigo e tudo dificultaria mais ainda na conclusão de seu artigo.

Ele precisava mentir, mas seria uma pequena mentirinha, para o bem de seus avós. Ele estava fazendo tudo aquilo para realizar o sonho daqueles que o criaram, os mais velhos sempre o ensinaram que ele deveria fazer até o impossível para alcançar seus objetivos.

Jimin estava fazendo, então não tinha nada de errado nisso, tinha?

– Eu estive na biblioteca da cidade. - Foi a única coisa que ele conseguiu pensar, já que se ele dissesse que esteve na biblioteca da escola seus avós saberiam que era uma baita mentira, contando que a biblioteca escolar fechava no mesmo horário que a instituição, as vezes até um pouco mais cedo.

O garoto tentava manter serenidade em sua expressão, mas o seu coração pulsava de uma forma tão acelerada que ele achava que acabaria tendo uma parada cardíaca.

– O que foi fazer lá? Tem uma biblioteca na sua escola, não poderia ter ido para lá enquanto ainda estava em horário de aula?! - Ela questionava e seu tom se elevava cada vez mais, o que fazia Jimin ficar desesperado.

– Justamente por eu estar em horário de aula, eu não pude ir a biblioteca. - Foi o que ele respondeu enquanto retirava seu casaco e o pendurava. O menino parecia vagar em seus pensamentos, ele sempre fazia aquilo, sempre parecia se esconder dentro de sua própria mente para não sentir tanto medo.

– E o intervalo?! - Agora ela gritava.

O loiro se desesperou, a de cabelos grisalhos sempre exigiu saber de tudo com os mínimos detalhes e ele estava ali dando informações vagas. Ele necessitava se explicar melhor, almejava por um álibi antes que a ideia do castigo surgisse nos pensamentos da mais velha e nada mais pudesse ser feito para tirar aquela sugestão da mente da mesma.

– Eu passei o intervalo escrevendo o artigo. Na última aula, nós tivemos a notícia que teríamos uma pesquisa para fazer, por isso nós precisávamos de um livro. Mas não deu tempo de pegarmos o livro antes de ir embora pois a biblioteca fechou mais cedo hoje, então eu fui até a biblioteca local. Passei tempo demais lá procurando, por isso demorei.  - Foi a única coisa que o loiro pensou, a cada vez que dizia uma frase, outra para complementar vinha em sua cabeça e o menino agradeceu aos céus por aquilo.

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