𝟬𝟰 ;

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A vista que aquela estrada tinha era assombrosa. A floresta densa, tempo nublado e neblina forte fazia parecer que a qualquer momento seriam atacados.

O carro estava quente. O calor irradiava do corpo de Harper, que dirigia muito acima da velocidade permitida. Ao seu lado, Edgar mantinha os olhos fechados. Talvez porque andar de carro normalmente o deixava enjoado, ou talvez porque ele procurava algum sinal mental de seus perseguidores. No banco de trás, Cassidy fazia pressão contra a barriga de Samuel, que sangrava durante os últimos vinte minutos. A garota murmurava implorando para ele não desmaiar, mas não tinha certeza se ele ainda escutava.

— Para onde vamos agora?

Cassidy odiou como sua voz soou quebrada.

— Para um hospital? — para Edgar a resposta era óbvia. Mas então ele vira chocado para Harper — Como assim, "Não"?

— Não podemos ir para um hospital. Como vamos explicar o ferimento de espada? Ou melhor ainda, ele brilhando?

— Mas não podemos deixar ele assim! — Cassidy podia sentir a dor de Samuel em forma de angústia. A conexão empática deles nunca foi algo que ela compreendeu por completo. Ele sentia sua emoções com facilidade, e brincava que para ele, ela sempre seria um livro aberto. Mas ela sentia as emoções de seu Instrutor de uma forma confusa, e apenas uma pequena parcela delas. — Podemos parar um pouco?

— Ele vai se curar! Não podemos parar agora.

— Tá, mas para onde exatamente estamos indo? Não tem nenhum sinal mental a uns 13 minutos, e precisamos pelo menos lavar o corte, ele não vai nos dar instruções se estiver lutando contra uma infecção não é? — Edgar se ajeita em seu banco, evitando olhar para frente.

Harper suspira encostando o carro. O Diretor havia dado instruções detalhadas sobre a missão para o Instrutor no comando. Ela não fazia idéia do plano e o Instrutor em questão não estava em condições de indicar o caminho. Edgar sabia disso. Ele tinha esse costume de sempre saber de tudo.

O primeiro a sair do carro foi Edgar, dando graças a Deus por finalmente estar parado e sentindo o chão embaixo de seus pés, e não parecendo se importar nem um pouco com a garoa. Harper dava a volta no carro pegando o kit de primeiros socorros de entre as bolsas, espadas e mortalhas douradas, e o entregando para Cassy.

Ela se posiciona gentilmente de frente para Samuel. Seu cabelo loiro escuro brilhava sob a fraca luz solar. Ele parecia sorrir, embora seu rosto estivesse pálido. Ela desce o olhar até a ferida. Sua mente sempre associava o brilho dos Sangue Dourados aos Cullen brilhando em Crepúsculo, embora os brilhos fossem bem diferentes. Enquanto os Vampiros brilhavam como mármore, os Sangue Dourado brilhavam como um fraco véu de ouro sob sua pele quando seu dons eram usados. Normalmente ele só é visto por outros da mesma espécie, mas quando seu dom está curando, ele brilha fortemente e pode ser visto por olhos humanos.

Nesse momento, o brilho dourado estava sob toda a extensão do ferimento. Já não havia mais hemorragia, o que era um bom sinal.

Enquanto ela limpava o mais calmamente possível a ferida, sua mente a leva ao momento da explosão do Internato. Os Instrutores corriam até o prédio tentando retirar alguns alunos que ainda estavam lá dentro, outros já estavam lutando contra os Sombrios que surgiam. Sammy a puxa pela cintura, se colocando a frente dela. Uma espada translúcida dourada surge em sua mão. Ele não precisava verbalizar as ordens, eles sempre treinavam o que fazer quando fossem encurralados. Mas no meio de uma batalha tudo é diferente. Por um instante, tudo parecia em câmera lenta para a garota. Samuel lutava contra um garoto que não parecia ter mais do que dezeseis anos, que brandia uma espada ensanguentada com a mão direita. Eles não eram suas primeiras vítimas, e ele se deliciava a cada vida que tirava. Cassidy tinha um trabalho a fazer: Mandar o Sombrio o mais longe possível por meio das Sombras. Samuel o distraía e a Sombra o alcançava por trás. Em teoria, um trabalho simples. Mas a teoria não inclua o Internato — que foi seu lar por três anos — em chamas, ou gritos desesperados por ajuda, ou sua pele ardendo por debaixo da roupa, ou sangue. Porra, tinha tanto sangue. Havia muitas coisas ocupando sua mente naquele momento, ela estava em choque. E esse atraso quase custou a vida de Samuel. Ela quase matou ele.

golden blood ── originalOnde histórias criam vida. Descubra agora