Capítulo Vinte e Dois

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Inclinei-me sobre o corpo inconsciente do Harry e arranquei literalmente a chave do carro, puxando o volante com toda a força que tinha. O carro derrapou até parar no meio de uma estrada morta e fria.

O meu coração estava a bater tão alto que se o Harry estivesse acordado ele tinha ouvido. Eu conseguia ouvir a minha pulsação quando parei.

O que é que eu faço? O que é que eu faço? O que é que eu faço? Apenas faz alguma coisa Evelyn Bale, senão ele vai morrer por perda de sangue! Ele já estava extremamente pálido.

Respirei lentamente para acalmar o meu batimento cardíaco e empurrei a cadeira do Harry para trás para que ele se pudesse deitar. O meu joelho estava no meio das pernas dele enquanto me deitei no seu corpo frio. Estava lá. O batimento cardíaco, lento e baixo.

"Eu não sei o que estou a fazer." Admiti, e procurei pelos bolsos do Harry. Puxei a primeira coisa que encontrei, que por acaso era o seu telemóvel. Abri-o rapidamente apenas para perceber que estava bloqueado.

"Ah, foda-se." Amaldiçoei. Porque merda haveria ele de bloquear o telemóvel? Mas ao mesmo tempo, porque não haveria ele de o fazer? Voltei a procurar pelos seus bolsos e tirei uma pequena mortífera lâmina.

Abanando a minha cabeça, senti lágrimas a encherem-me os olhos, desfocando-me a visão. Pisquei com força para as fazer ir embora, mas uma escapou-me. Estava extremamente paranoica e apesar de estar a desperdiçar tempo, baixei-me uma vez mais e pressionei a minha orelha contra o seu peito. Eu estava definitivamente a ouvir devido à paranoia, mas parecia como se o seu batimento cardíaco estivesse a abrandar.

De repente, senti uma imagem mental a vir-me a cabeça. Um momento. Uma memória.

"Ouvis-te?" A minha mãe perguntava enquanto colocava outro prato de panquecas na mesa. O meu pai olhou para ela com sobrancelhas franzidas na sua cara enrugada. "Ouvi o que?" ele perguntou, bebendo o seu chá. A minha mãe notou que eu estava na cozinha, a preparar o meu almoço para a escola, então ela baixou a voz e virou a cabeça lá para fora. "O Harry Styles esteve na cidade." Ela disse baixo, mas eu ouvi, alto e limpo e quase me engasguei na água. "Dezassete pessoas foram mortas no campo ontem à noite." A minha mãe empurrou os seus óculos finos para cima para não escorregarem do nariz. O meu pai ouvia com lábios separados. "E depois desapareceu sem deixar rasto." Merda, ele é bom. Pensei mas não me atrevi a dize-lo aos meus pais. Eles matavam-me. "Amaldiçoado seja ele." O meu pai cuspiu. "Porque é que ele está a fazer isto? Juro pela cabeça do meu filho que se alguma vez o vir a morrer à minha frente, eu não faria nada para o ajudar. De facto, eu acabava com ele!" A minha mãe mandou-me um olhar, os olhos azuis dela pousados em mim. "Xiu, Tommy, a Evelyn está mesmo atrás de ti." Ela avisou calmamente, mas o meu pai continuou. "Espero que apanhei esse rebeldezinho um dia. Eles nem sabem como é que ele é! Policias estúpidos." O meu pai disse. "Juro que espero que façam mais do que apanha-lo. Esse rapaz merece morte."

A memória acabou e desapareceu num instante, deixando o peso no meu peito. Engoli, fixando-me no rapaz por debaixo de mim-uma rapariga, uma vitima que ele quase matou, violou, torturou-em cima dele. Uma rapariga que queria liberdade, uma rapariga que foi a boneca para maior criminoso brincar, com uma faca na mão dela. Uma rapariga que poderia facilmente matar o Harry Styles, o mais procurado do mundo, sem ser prejudicada.

O pai ficaria orgulhoso, uma pequena voz soou no fundo da minha mente. Podias livrar-te de uma das piores coisas que aconteceu na vida até agora.

Engoli o alto que parecia estar na minha garganta e apertei os meus maxilares. Pressionei os lábios e franzi as sobrancelhas, o meu batimento cardíaco crescia rapidamente no meu peito frágil.

redemption :: harry styles [PT]Onde histórias criam vida. Descubra agora