Capítulo 1

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JENNIE

— Não consigo… — Parei no meio da escada de mármore.

Jisoo parou alguns degraus à frente, depois desceu até onde eu estava.

— É claro que consegue. Lembra quando a gente estava no sexto ano e você teve que fazer aquela apresentação sobre seu
presidente favorito? Você estava surtando. Achou que esqueceu tudo que tinha decorado e ia ficar lá parada com todo mundo olhando para você.

— Sei, e daí?

— Bom, agora não é diferente. E você sobreviveu àquilo, não foi? — Jisoo estava doida.

— Todos os meus medos viraram realidade naquele dia. Parei na frente da lousa e comecei a suar. Não lembrava uma
palavra do que havia preparado. A classe inteira ficou olhando para mim, e você me esculachou.

Jisoo concordou balançando a cabeça.

— Exatamente. Seu pior medo se confirmou, mas você sobreviveu. Na verdade, aquele dia acabou se tornando o melhor dia de sua vida. — Balancei a cabeça, perplexa.

— Como assim?

— Foi a primeira vez que estudamos na mesma sala. Pensei que você não passasse de mais uma garota irritante, como todas as outras. Mas, depois da aula, naquele dia, você me detonou por eu ter debochado do seu esforço na apresentação. Aquilo me fez perceber que você não era como as outras. E naquele dia eu decidi que seríamos melhores
amigas. — Balancei a cabeça.

— Eu não falei com você durante o resto do ano letivo. — Jisoo deu de ombros.

— É, mas eu consegui me aproximar no ano seguinte, não foi? E agora você já está mais calma do que estava dois minutos atrás, não é? — Suspirei.

— Acho que sim.

Ela ofereceu o braço coberto pela manga do vestido.

— Vamos entrar?

Engoli em seco. Por mais apavorada que eu estivesse com o que íamos fazer, também estava ansiosa para ver o interior da
biblioteca todo enfeitado para um noivado.

Tinha passado horas incontáveis sentada naqueles degraus, pensando nas
pessoas que passavam por ali. Jisoo esperava paciente, na mesma posição, enquanto eu
refletia por mais um minuto. Finalmente, após mais um suspiro intenso, dei-lhe o braço.

— Se a gente parar na cadeia, você vai ter que arrumar o dinheiro da fiança para nós duas. Eu estou falida.

Ela exibiu um sorriso de atriz de cinema.

— Combinado.

Enquanto subíamos o restante da escada até a porta da Biblioteca Pública de Seul, eu revia todos os detalhes discutidos no Uber a caminho dali. Nossos nomes para aquela
noite eram Cha Hee e  Hye Chu era do ramo imobiliário – a família dela era dona da Chu Properties –, e eu tinha concluído o MBA na Wharton e voltado à cidade recentemente. Nós duas morávamos no Upper East Side… Pelo menos essa parte era verdade.

Dois garçons uniformizados e de luvas brancas estavam ao lado da imensa porta de entrada. Um deles segurava uma bandeja com taças de champanhe, e o outro, uma prancheta. Minhas pernas continuavam em movimento, mas o coração queria fugir do peito e correr em sentido contrário.

— Boa noite. — O garçom com a prancheta acenou com a cabeça. — Nomes, por favor?

Jisoo nem piscou ao recitar a primeira mentira de uma noite repleta delas.

O homem, que usava um fone de ouvido, consultou a lista e assentiu. Estendeu a mão nos convidando a entrar, e seu parceiro entregou uma taça para cada uma de nós.

A Cinderela - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora