A Cinderela - Jenlisa (G!P)

Capítulo 9

JENNIE

Que diferença uma semana pode fazer. Em vez de ficar sentada no saguão da Manobal
Investments, esperando a oportunidade de ver a rainha do castelo, fui levada a conhecer o escritório e tratada como “nossa mais nova sócia da Manobal”. A virada de cento e oitenta graus ainda me deixava tonta, mas eu não perderia mais tempo com isso. Tinha um produto para lançar em poucos meses.

Minnie telefonou para mim na manhã seguinte à chegada do pacote com a proposta. Ela ainda estava na Califórnia
cuidando do sogro, mas disse que queria saber se eu estava satisfeita com os termos da oferta. Com delicadeza, falei sobre
a carta de recusa que tinha recebido, e ela se desculpou, disse que foi um mal-entendido.

Mas, por alguma razão, eu não acreditava nisso. A intuição me dizia que a coisa ia além do envio de uma correspondência errada. Mas ela estava animada para seguir em frente, e eu decidi acompanhá-la e me
concentrar no que estava por vir, em vez de olhar para trás.

— Jennie, essa é Marta. Ela é gerente da contabilidade — disse Minnie. — Só para você saber, Marta bebe café puro e prefere a variedade queniana da cafeteria no fim do quarteirão, não Starbucks. E, pode acreditar em mim, vai chegar o dia em que você vai ter que vir atrás dela com um café na mão e o rabinho entre as pernas, porque vai precisar
que ela aprove alguma coisa que não está no orçamento.

Marta riu e estendeu a mão.

— Muito prazer, Jennie. E se seu produto é tão incrível quanto Minnie diz, você não vai ter que implorar. — Ela piscou. — É só trazer perfume.

Sorri, mas, por precaução, registrei a informação sobre o café preferido de Marta quando Minnie e eu nos afastamos para
ir ao departamento seguinte. Depois que alguém na firma de Jisoo revisou todos os documentos para mim, assinei nas linhas pontilhadas e, há dois dias, Minnie e eu almoçamos juntas para discutir a
logística básica. Ela era diretora de marketing, mas a Manobal Investments também forneceria apoio em outras
áreas, de desenvolvimento na web a contabilidade, tudo parte da nova sociedade com minha empresa.

Tudo isso representaria uma economia de muito dinheiro que eu não tinha.
Mas o primeiro passo foi decidir onde seria meu novo escritório. Minnie disse que muitos sócios se instalavam comercialmente no prédio da Manobal Investments, já que
utilizavam boa parte da equipe e dos serviços da companhia. Considerando que meu escritório anterior era meu sofá,
cercado por pilhas de caixas que iam até o teto, achei que seria mais profissional receber as pessoas ali, pelo menos até
eu poder pagar por um lugar só meu.

No fim da visita de apresentação, Minnie me levou a uma sala vazia e me deu uma chave.

— Este é seu novo endereço. O banheiro feminino fica no fim do corredor. Pedi para minha secretária providenciar os materiais básicos, mas, se precisar de mais alguma coisa, é só falar com ela. Tenho uma reunião às onze, preciso correr. Quer almoçar por volta da uma e meia?

— Sim, seria ótimo — assenti.

Depois que Minnie desapareceu, eu me sentei atrás daquela mesa grande e moderna e tentei digerir aquele começo de dia. Não só a Signature Scent tinha mais capital que o necessário para o lançamento como tinha equipe, sistema e escritório em um endereço elegante em Seul, coisas que, sem essa sociedade, não passariam de um sonho. Era surreal. Cada pessoa que eu havia conhecido naquela manhã parecia sinceramente feliz com nossa sociedade e empolgada para trabalhar.

Tudo era quase bom demais para ser verdade. O que me fez lembrar que ali havia pelo menos uma pessoa que não estava eufórica com minha presença.

Quando passei pelo escritório de Lisa durante a visita, a porta estava fechada, mas eu sabia que ela estava lá dentro, ou tinha saído recentemente, porque senti o cheiro de sua
colônia. Ela e eu estávamos adiando uma discussão havia muito tempo, por isso, depois de ir ao banheiro feminino, fui à sala dela.