Capítulo 26

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LALISA

Jennie não estava quando cheguei ao escritório na segunda-feira de manhã. Passei pela sala dela três vezes antes da reunião que tinha às nove. Depois, mandei uma mensagem.

EU: Tudo bem?

O silêncio do celular me distraía mais que se tivesse tocado alto durante a apresentação a que eu devia assistir. Não conseguia me concentrar. Na outra noite, depois que Jennie foi embora, eu me convenci de que estava imaginando coisas, de que ela estava mesmo com dor de cabeça e de que tudo voltaria ao normal no domingo de manhã. Mas não foi o que aconteceu, é claro.

Quando a reunião terminou, eram quase onze horas, e eu ainda não tinha notícias de Jennie. A porta da sala dela estava trancada, e a recepcionista disse que não a tinha visto ainda, então fui falar com minha irmã.

— Oi. Falou com Jennie hoje? Ela não chegou.

Minha irmã parou de escrever e levantou a cabeça.

— Oi, Lis. Que bom ver você nesta linda manhã. Estou muito bem, obrigada.

— Não estou com paciência…

— Que bicho te mordeu?

— Dá para dizer se falou com Jennie hoje?

Minnie suspirou.

— Sim, duas vezes. Está trabalhando de casa. Ela não te avisou?

— Não. Ela está bem?

Vi a preocupação no rosto de minha irmã.

— Ela disse que passou as últimas duas noites em claro com dor de cabeça, mas que está melhor. Tudo bem entre vocês duas?

Passei a mão na cabeça.

— É, acho que sim.

Minha irmã me analisou por um instante, e seus lábios formaram uma linha fina.

— Você acha? Não tem certeza? O que foi que você fez?

— Eu? Por que acha que fiz alguma coisa?

— Normalmente, quando uma pessoa não tem certeza se fez ou não alguma coisa errada, ela fez.

— Deixa pra lá.

Quando voltei para minha sala, o celular finalmente vibrou, depois de uma espera de mais de duas horas.

JENNIE: Tudo bem. Vou trabalhar de casa hoje.

Senti um alívio moderado por ela não me ignorar completamente, mas não o suficiente para afastar o desconforto que revirava meu estômago.

EU: A dor de cabeça passou?

Era uma pergunta simples, mas os pontinhos começaram a se mover, pararam, começaram de novo e cessaram de vez. Dez minutos mais tarde, a resposta chegou.

JENNIE: Sim, passou. Obrigada por perguntar.

“Obrigada por perguntar” era quase “agora me deixa em paz”.

Tudo bem. Eu precisava trabalhar. Em vez de perder mais tempo do que já tinha perdido analisando coisas que talvez nem existissem, deixei o celular na mesa. Talvez eu não
entendesse as mulheres.

* * *

No dia seguinte, fiquei muito feliz ao ver a luz da sala de Jennie acesa quando cheguei, às sete da manhã.

— Oi. Já chegou…

Jennie estava com o nariz enfiado na tela do computador. Ela levantou a cabeça e sorriu, mas sem ânimo.

— Sim. Me desculpe por não ter vindo ontem.

— Não precisa se desculpar. Você não trabalha para mim. O espaço aqui é seu, você o aproveita como quiser. Só me preocupei por achar que podia ser mais que uma dor de
cabeça…

Jennie ajeitou uns papéis em cima da mesa e evitou contato visual.

— Não, não é nada. Só dor de cabeça. Às vezes acontece.

Há alguns dias eu teria entrado na sala dela, fechado a porta e beijado sua boca até meu pau ficar duro. Mas, no momento, sentia uma energia que me mantinha na porta. Em outras palavras, não era só uma dor de cabeça. Mas ela estava trabalhando, e eu precisava me preparar para uma reunião, por isso não insistiria agora.

— Tenho uma reunião que vai tomar boa parte da manhã. Quer conversar hoje à tarde sobre as entregas que ainda não chegaram? Podemos discutir o que for urgente e precisar de minha interferência.

— Na verdade, cuidei dessas entregas ontem. Estamos com tudo em dia e acho que tudo sob controle. Vou encontrar Minnie daqui a pouco para discutir o que falta da campanha.

— Ah… tudo bem. Almoçamos mais tarde, então?

— Vou trabalhar com Minnie na hora do almoço. E tenho uma reunião à tarde no escritório da Jisoo.

— No escritório da Jisoo?

— Não tem a ver com a Signature Scent.

Ela estava me dispensando, era óbvio, mas eu não desistia com facilidade.

— Jantar, então?

— Acho que vou comer com Jisoo depois da reunião.

Não consegui fingir que estava tudo bem, por mais que tentasse. O melhor que pude fazer foi balançar a cabeça fingindo que entendia.

— Se precisar de mim para alguma coisa, é só avisar.

— Obrigada, Lisa.

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⏰ Última atualização: May 07 ⏰

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A Cinderela - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora