Capítulo 3

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LISA

— Sra. Manobal, ligação para a senhora.

Bufei e apertei o botão para receber a chamada.

— Quem é?

— Cha Hee.

Joguei a caneta em cima da mesa, peguei o telefone e me acomodei na cadeira.

— Hee, obrigada por retornar minha ligação.

— Imagina. Como vai, Lisa?

Suficientemente frustrada para telefonar para a amiga irritante da minha irmã, para quem eu não queria dar um emprego, mas dei
assim mesmo, só para essa mesma amiga irritante pedir demissão há dois meses sem aviso prévio.

— Bem. E você?

— Bem também. Apesar de Louisiana ser um lugar muito mais úmido que Seul.

Foi para lá que ela fugiu? Eu não estava interessada, e jogar conversa fora com Hee não cabia em minha agenda
lotada hoje.

— Então, pedi para minha secretária entrar em contato porque… uma mulher esteve na festa da Minnie fingindo que era você.

— Como assim? Sério? Quem faria isso?

— Era o que eu esperava que você me dissesse.

— Caramba, não faço ideia. Nem sabia que Minnie tinha me convidado para a festa. Não recebi convite nenhum.

— Minha irmã disse que mandou pelo correio mais ou menos na época em que você saiu da cidade. Foi para seu endereço antigo aqui em Seul. Alguém ficou encarregado de receber sua correspondência ou mandar para
você aí?

— Recebo quase tudo por e-mail. Conta de telefone, fatura de cartão de crédito, tudo. Por isso não me preocupei com a correspondência física. Minha antiga companheira de apartamento ainda mora no mesmo lugar, talvez ela tenha recebido.

— Você dividia apartamento com alguém?

— Sim, com Jennie.

— Talvez tenha sido a Jennie? — Ela riu.

— Acho que não. Ela não é do tipo que vai a um casamento sem ser convidada.

— Mesmo assim. Como era sua antiga companheira de apartamento? Digo, fisicamente.

— Sei lá. Morena, acho que um metro e sessenta e três de altura, pele clara, curvas bonitas... Calça trinta e cinco.

A cor do cabelo, as curvas e a cor de pele eram as mesmas. Mas quem dá o
número dos sapatos como parte de uma descrição física?

— Por acaso, essa sua antiga companheira tem o hábito de cheirar coisas?

— Sim! Jennie desenvolve perfumes para a Estée Lauder. Ou melhor, desenvolvia, porque ela se demitiu. Só moramos juntas por um ano, mais ou menos, mas ela vivia cheirando
tudo, uma coisa meio esquisita, na minha opinião. Ela também tinha mania de contar longas histórias quando eu só fazia uma pergunta simples e distribuía chocolate para as pessoas. Mas como sabe dessa mania dela de cheirar… ai, meu Deus! Jennie foi a festa se passando por mim?

— Parece que pode ter ido, sim. — Ela riu.

— Nunca imaginei que ela fosse capaz desse tipo de coisa.

Pelo pouco tempo que passei com Jennie, dava para perceber que ela era capaz de surpreender. Muita gente teria saído correndo quando sugeri que pegasse o microfone. Ela, não. Ela tremia muito, mas se controlou e encarou o desafio. Eu não sabia o que era mais sexy: sua aparência, o jeito como não recuou quando a desafiei ou como me confrontou dizendo que eu era uma babaca antes de ir embora.

A Cinderela - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora