Capítulo 24

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Depois de uma refeição rápida e discussões sobre quem tem o melhor gosto para decoração – que Jay só havia entrado pois gostava de ver Zuri estressada – eles decidiram ir atrás do balcão onde possivelmente estão alguns dos elementos que estão procurando. Eles criativamente chamaram esse evento de "Passeio para conhecer Helsinque".

– Você possui as coordenadas aí certo? – Jay pergunta ao ligar o GPS do carro – Hale.

Zuri não tinha ouvido a pergunta de Jay pois estava prestando atenção ao homem que lhes seguia desde mais cedo. Ele agora tinha estacionado seu carro atrás do casal. Zuri tinha certeza que estava só esperando eles saírem para os seguir.

– Ele ainda está nos seguindo.

Jay checa pelo retrovisor. O homem falava com alguém no telefone – ou fingia.

– O que acha de o encurralarmos? – ele pergunta.

– E como faremos isso sem parecermos suspeitos também?

Ele para alguns segundos para analisar. Tinha pensando em dois jeitos: 1) ir até o carro do homem e perguntar se ele estava stalkeando Zuri ou se estava tentando assalta-los e 2) dirigir até um beco sem saída para encurralar o carro. Ele concluiu que a primeira opção seria melhor. Caso o homem fizesse algo suspeito eles pelo menos estariam em público.

– Espere aqui. E mantenha uma expressão de assustada no rosto.

Antes que Zuri sequer pudesse perguntar o que ele ia fazer, Jay já estava fora do carro indo em direção ao homem. O perseguidor rapidamente bota um óculos de sol ao ver Jay se aproximando e abaixa o vidro do carro quando Jay bate no mesmo.

– Você não é muito bom nisso, não é? – Jay pergunta cruzando os braços.

– Nisso o quê? – pergunta o homem confuso.

– Assaltos. Você está nos seguindo desde a floricultura e está há uns 15 minutos dentro do carro esperando para nós assaltar e até agora nada. – ele explica, de maneira calma. O que deixou o homem levemente impressionado, já que se fosse outro homem estaria ou muito furioso ou assustado.

– Ah não, não é isso. Eu só... – o homem tenta se explicar e comete o erro de olhar para o carro de Jay, onde Zuri os olhava de volta. "Nice! Mais um motivo para encurrala-lo", Jay pensa.

– Espere aí. Você por acaso está... stalkeando minha mulher? Ficou louco?! – Jay levanta um pouco a voz e segura o colarinho do homem com uma só mão – Você não tem mesmo vergonha nenhuma? Eu posso lhe denunciar por assédio e perseguição, você sabe né?

– Não, não! Por favor, não faça isso! – o homem pede juntando as mãos.

– Me dê um bom motivo.

– Eu só... eu achei... achei que fosse minha ex esposa. Queria ver se ela estava vivendo bem. Mas devo tê-la confundindo com sua namorada, me desculpa.

– Minha esposa. Ela é minha esposa. E eu espero mesmo que essa história seja verdadeira e que você caia fora daqui. Se não daremos uma volta na delegacia de Helsinque.

– Não vai acontecer de novo, desculpe.

Jay solta o colarinho do homem e o vê ligar o carro. Ele se afasta e o homem vai embora. "WJY-582", Jay anota mentalmente a placa do carro e volta para o seu próprio.

– Por que você estava agarrando o colarinho do homem? – Zuri pergunta assim que ele fecha o carro.

Jay explica o que aconteceu e Zuri quase fica impressionada com as habilidades de atuação do mesmo. O que ela mais ficou impressionada foi Jay a ter chamado de "minha mulher" e "minha esposa". Aquilo a deixou levemente orgulhosa, e ela nem sabia o porquê.

– Acha que ainda devemos ir visitar o balcão? – pergunta.

– Muito arriscado. Ele ainda pode estar de longe esperando para nos seguir. Por ora, devemos ir para casa. Daqui a dois dias, se ele continuar nos seguindo, visitaremos o balcão durante à noite.

– Faz sentido. É mais seguro. – Zuri percebe Jay a encarando – O que foi?

– Você realmente concordou comigo sem discutir ou contestar?

– Eu estou cansada e neste momento eu só quero paz. E minha cama.

Ela responde e encosta a cabeça no banco. Jay percebe que ela segurava a barriga e de vez em quando fazia uma careta. Ele dá partida no carro rumo ao apartamento. Já eram quase 17h da tarde, o dia ainda estava bem claro. Jay queria discutir sobre a missão em si, mas ele concedeu o desejo de Zuri de querer paz.
__________

Jay para o carro em frente à entrada do prédio e espera Zuri sair. Ela pega algumas sacolas no banco detrás e percebendo que Jay não ia sair, pergunta:

– Você não vai sair?

– Vou passar no supermercado antes. Pode subir primeiro. – ele diz com uma voz suave que Zuri nunca tinha escutado sair dele.

– Tudo bem então.

Jay espera ela entrar no prédio e parte para o supermercado. Zuri não parava de pensar em um banho quente e sua cama. Sua lombar estava a matando, assim como as cólicas. Devia ter adivinhado que o enjoo de ontem à noite era por causa de seu período. "Pelo menos não é gravidez", suspira aliviada.

Ela abre a porta do apartamento e joga as sacolas no canto onde se encontravam alguns sapatos. Ela vai direto para seu quarto pegar uma muda de roupa e quando abre sua gaveta de artigos íntimos vê que estava em falta de absolventes.

– Fuck!

Ela se senta na cama passando a mão nos cabelos. "E se eu ligar para Ja- Não. De jeito nenhum ele faria isso. Nem sei porquê ainda cogitei tal opção", ela balança a cabeça espantando os pensamentos. Zuri se joga por alguns minutos na cama, apenas para esticar a costa. Ela e Jay andaram bastante hoje. Então, com um longo suspiro, ela se levanta pegando sua carteira e celular e sai do quarto.

Zuri praticamente se arrasta até a porta e se apoia na parede quando uma cólica forte a atinge. Sua mão livre vai de encontro com sua barriga, na intenção de aliviar a dor. Jay abre a porta bem na hora e se assusta ao ver a mulher escorada na parede.

– O que você está fazendo? – pergunta tentando decifrar.

– Calçando meus sapatos.

– Vai sair?

– Preciso ir ao mercado, comprar uma coisa. – responde e endireita o corpo. Jay estende uma sacola para ela, que o olha confusa. Zuri abre a sacola e fica muito surpresa, e quando digo muito é muito mesmo, ao encontrar alguns pacotes de absolventes dentro – Como você...

– Eu tenho uma irmã mais nova. – ele diz fechando a porta atrás de si e tirando seus sapatos.

– Mas como sabia que eu precisava disto em específico? – ela ainda estava atordoada.

– No carro você estava pálida e segurando seu estômago toda hora. Também a vi procurando algo na bolsa, creio que remédio ou absolventes. Fora que você não discutir comigo já é um sinal de que você não está bem. – ele explica como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Zuri estava realmente comovida. Ela não imaginava que Jay pudesse ser legal, principalmente com ela. Ela se aproxima dele, que estava sentado no sofá. Jay levanta a cabeça quando sente a mulher se aproximando.

– Você não vai chorar não, né? – ele levanta uma das sobrancelhas.

– Não seja ridículo. Só vim agradecer. Não sabia que você sabia ser legal. – ela balança a sacola.

– Posso não ser legal com você, mas minha mãe me ensinou que uma mulher em seu período deve ser tratada como uma imperatriz. Apesar de você não ser nada parecida com uma, e nem merecer. – ele a olha de cima a baixo.

– Sua mãe é muito sábia. Deveria passar mais tempo com ela para aprender boas maneiras. – um minuto de silêncio. Zuri achou que Jay iria rebater, mas ele apenas continuou a olhando e em seguida voltou a prestar atenção em seu iPad – De qualquer forma, obrigada.

Ela dá as costas para Jay e sai da sala. Antes de entrar em seu quarto ela da uma olhada para trás. Pode ter sido impressão, mas Zuri jurou ver Jay enxugando uma lágrima.

double mission; {jay - enhypen}Onde histórias criam vida. Descubra agora