Pondo o Plano em Prática

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Andando pela praça avistou a loja de produtos medicinais. Seus pés doíam por ter vindo sem uma nave e as lojas comerciais serem longe do palácio. Porém Lalisa não deu dinheiro, mexer em suas economias para fugir não seria viável. Entrou na loja se sentando num local. O atendente foi prontamente ajudá-la.

_Está bem? Seu companheiro a fez andar até aqui? -perguntou o produtor de remédios.

Seu estômago se contorceu, ela nem ao menos fazia sexo desde a morte da mãe de Lisa, como podiam sentir tão vivamente o cheiro da violação? Ficou envergonhada que quase correu dali. Para outras mulheres seria uma honra fazer as pessoas pensarem que estavam a cortejando, dando prazer e mimos. Mas Mina só lembrava da violação que foi imposta.

_Preciso de um planta. -mudou de assunto.

_Qual? -diz o homem indo para a estufa repleta de plantas ainda grudadas na terra.

Os potes de medicamentos ficavam numa prateleira organizados milimetricamente por ele. Facilitava ao procurar um produto. Diferente dos outros ele gostava de cultivar as ervas, assim não precisava buscar as matérias primas quando faltasse.

_Quero a planta de Vênus. -falou firme.

Se pedisse o sumo levantaria suspeitas, pois só usam a erva inteira que é menos alucinógena quando inalada. Quando retira o sumo e consome diretamente causa uma distorção da realidade na mente, e pode durar dias. Com consequências duradouras.

O macho arqueou uma sobrancelha em dúvida.

_Seu cheio diz que já teve acasalamento, não precisa disso para a segunda vez.

A sinceridade dos hybianos a deixava zangada. Mas o macho tinha um ponto. Só se usava na primeira noite, tinha que ser mais persuasiva. Olhou para a porta fingindo uma timidez olhando para as plantas.

_N-não é para mim. -mordeu os lábios- É para minha irmã, seu futuro companheiro pediu para ajudar na preparação do ritual. -mentiu, essa é uma das histórias que as servas comentavam.

_Ah! Claro. -falou o homem caindo no conto.

Rapidamente foi para o fundo da estufa colher as folhas da planta de Vênus a ponto numa embalagem bem preparada.

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Enquanto isso Lisa fazia uma visita ao imperador na sala do trono.

_Lalisa o que a traz aqui? -pergunta o imperador lendo papéis a sua frente.

_Um passeio de rotina me trouxe até aqui. -diz se aproximando dele como uma cobra sorrateira.

_Deseja algo para beber senhorita? -pergunta o auxiliar do imperador.

_Aceito, estou com sede. -responde sem o olhar.

Quando o ajudante sai para comunicar o pedido as servas do lado de fora da sala do trono Lisa sobe os degraus para ficar ao lado do parente. Diferente dos tronos humanos que limitava a uma cadeira, o imperador sentava sobre uma assento no chão, tendo a sua frente uma mesa enfeitada com os símbolos de cada região que compunha Hybe.

A sala tinha semelhanças ao templos gregos assim como a maioria das residências. Eles gostavam de espaço e uma proximidade com a natureza, por isso a sala não tinha paredes nas laterais, só colunas cilíndricas. Também uma clara referência ao poderio, tudo tinha que abranger grandiosidade, e a vista privilegiada que a sala do trono tinha não era nada humilde, mostrava a imensidão de Hybe.

_Como pode ver estou cheio de afazeres minha cara, não se zangue se não lhe dar atenção. -pediu o monarca com a ternura de sempre ao tratar da família.

Lisa não possuía inimizade com ele, pelo contrário o achava uma pessoa fantástica, mas tinha que por sua necessidade acima. Como ele mesmo instruiu uma vez... "Se tiver algo que queira na se acovarde e vá pegar".

Reparou na concentração do imperador olhando relatórios com uma tremenda atenção para não passar nada. Os cabelos platinados um pouco longos voavam para seu rosto pelo vento que invadia o recinto, a mandíbula um pouco redonda a fez comparar com as do ministro que era mais quadrada, todavia ambas bonitas.

_Está me encarando demais. -diz o imperador em tom de brincadeira.

_Estava vendo as similaridades com minha mãe, ela também tinha o cabelo revoltoso. -amenizou o tom.

O imperador não tinha passado muito tempo com os irmãs ao ser apontado como herdeiro. Não sabia como era cuidar de mulheres graças ao seu afastamento famíliar. Diria que se tivesse sido um bom irmão conseguiria uma companheira mais rápido.

_Esses dias me peguei pensando nela. -suspirou olhando para fora.

O imperador com o coração mole cativo pela tristeza dela o fez largar os papéis e lhe dar um abraço.

_Por que não fazemos uma festa para lhe entreter...hum? -aconselhou.

_Prefiro algo privado, não quero ver hybianos nesse momento.

_Faremos como deseja então. -diz a alteza maior a conduzindo pelo ombro para tomar um ar- Prepare um bom ambiente para nos divertir, a rainha certamente vai adorar, e pode trazer suas amigas. -sua gentileza é evidente.

Ela adorou se sentir mimada. Afinal a vida toda foi assim, não aceitando menos.

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