• Dias atuais •
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O meu naufrágio marcou minha vida, não só por eu ter perdido meus pais mas também por que eu perdi um braço.
Hoje em dia eu ajudo a pequena cidade 'onde moro com as pessoas que me adotaram', como faz tudo. Consigo ajudá-los já que um cientista maluco fez um braço mecânico pra mim, que funciona muito bem apesar das peças de segunda. Eu estou sempre dando uns retoques nele. E não sei bem como explicar, mas me sinto muito mas forte. Quero dizer, eu sou mais forte. Sempre que faço muita força, visões do brilho azul surgem na minha cabeça. E eu continuo não sabendo o que é.
Eu consigo dinheiro com meu trabalho, a metade dele é pra ajudar meus pais adotivos a pagarem a casa e algumas despesas medidas, o resto eu uso pra arrumar meu braço novo.
Ganhei ele no meu aniversário de dez anos, desde então eu venho arrumando ele, e ficou muito melhor depois de muitos ajustes que fiz.
Sinceramente, ele é muito melhor que meu braço antigo. Meu braço humano era fraco e agora eu tenho a força de um elefante, talvez dois elefantes.
_ Akira, o almoço está pronto. Vem comer antes que o Max coma tudo!
_ Já estou indo, Emilly.
Emilly é minha segunda mãe. A moça que me salvou das garras traiçoeiras do mar. Não chamo ela de mãe e ela não quer que eu chame ela assim. Ela sempre diz que não é digna de ser chamada de mãe.
Quando Emilly era nova, ela engravidou, mas abortou a criança. Ela não tinha condições pra criar um filho, até por que ela era uma criança. Por esse motivo ela não quer que eu a chame de mãe.
As vezes sem querer eu deixo escapar. E depois vejo ela com o olhar triste e deprimido.
Não faço por mal, eu só sinto falta da minha mãe.
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Sai do jardim e fui até a cozinha. Me aproximei de Emilly dando um beijo em sua testa, lavo as mãos e vou até a mesa.
_ Sai Max. _ digo ao cachorro que estava deitado na minha cadeira.
Ele sai e eu sento.
_ Se sente melhor? De manhã você estava tão tristonha.
_ Ah, querida. É só essa maldita doença, mas eu estou melhor sim. _ Emilly tosse e sorri pra mim em seguida.
_ No exterior tem médicos pra cuidarem dessa doença, mas você é tão teimosa.
_ Não vamos gastar o dinheiro que não temos, Akira. Agora coma, se não vai esfriar.
A dois anos ela descobriu que estava com câncer. Apesar de muita insistência minha, ela continua se recusando em ir ao médico. Ela diz que for pra ela morrer, ela quer morrer entre amigos e família, não em uma cama no hospital.
Eduard, o homem que me salvou e meu segundo pai, sempre me diz que devo me preparar pra partida dela.
Mas como se preparar pra partida de alguém? Ninguém nunca está preparado pra isso.Ele quase sempre está no mar, pescando, então sou eu que cuido da Emilly. Não é nada fácil já que ela não quer receber ajuda de ninguém.
Se ela aceitasse se tratar, talvez ela teria alguma chance de vida.
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Quando terminamos de comer, eu recolhi os pratos enquanto observava ela tomando alguma comprimidos. Eles passavam a dor, mesmo que por apenas algumas horas.
_ Não me olhe assim, Akira. Eu sei bem o que você vai dizer. _ ela diz enquanto levantava e caminhava até o armário.
_ Que bom que sabe. _ ela sorri nasal e se vira pra mim.
_ Você é uma boa garota. Onde quer que seus pais estejam, eles devem ter muito orgulho de você.
_ Eu só estou devolvendo o que você e o Ed me deram esses anos todos. Mesmo eu não sendo filha de vocês.
_ O mar nos trouxe você.
_ Eu inteira não. _ brinquei. Ela olhou para meu braço robótico e sorriu.
_ Mesmo assim, nosso dever era cuidar de você. E isso está feito. _ ela começa a tossir e coloca a mão no peito.
_ Ei, o que foi? _ segurei ela.
_ Nada. _ ela diz com a voz rouca e baixa.
_ Só preciso descansar._ Vou te levar até sua cama.
Ajudei ela a subir aos pequenos degraus e ir para o quarto. Coloquei ela devagar na cama cobrindo seu corpo com a coberta.
Me doía tanto vê-la daquele jeito. Morrendo aos poucos.
Eu me ajoelhei ao lado da cama e deitei sobre ela. Emilly sorriu e acariciou meus cabelos.
_ Agradeço a Deus por ter trago você pra nós. _ ela disse baixo.
_ Agradeço aos deuses do mar por ter me trago até vocês. _ falei no mesmo tom.
Max entrou, subiu na cama e deitou ao lado dela.
_ Tem lugar pra mais um?
Era Eduard. Ele entrou no quarto enquanto tirava seu chapéu e se aproximou da cama.
_ Oi meu amor.
_ Bem vindo de volta.
Ed sentou na beira da cama perto da cabeceira e beijou a testa de Emilly. Ele sorriu pra mim e acariciou os pelos do Max.
Apesar de tudo o que passamos, éramos uma família. Mas eu não conseguia esconder o fato de que sentia falta dos meus pais e do garoto que conheci, mesmo que nós dois não tenhamos conversado muito.Sinto falta da minha antiga aldeia e dos meus amigos.
Mas tudo isso é passado e não adianta eu ficar chorando e me lamentando por isso, por que eu sei que não vai voltar.
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A noite caiu, junto a ela o silêncio da noite. A luz da lua cheia iluminava a aldeia inteira. Era uma noite linda, mas eu estava com um mal pressentimento. Alguma coisa iria acontecer.
Eram dez da noite, eu estava sentada na varanda me balançando em uma cadeira de madeira e Max deitado ao meu lado. Ele estava quieto mas depois ficou agitado e começou a latir. Ed veio ver o que tinha acontecido.
_ O que foi?
_ Eu não sei, ele começou a latir do nada.
_ Deve estar acontecendo alguma coisa no porto. _ ele entrou, pegou uma espingarda e saiu.
_ Fique aqui com a Emilly. _ ele desceu o degrau da varanda.
_ Vem Max.Me levantei vendo os dois se afastarem da casa.
_ O que aconteceu com o Max? _ me virei e Emilly estava se segurando na porta.
_ O Ed foi ver o que aconteceu, não se preocupe. _ me aproximei.
_ Vem, está tarde e você deveria estar dormindo._ A comida do Ed é muito fraca. Eu estou com fome outra vez.
_ Faz uma hora que a gente comeu, Emilly. Tem um dragão ai dentro é? _ levei ela pra dentro.
Sei que ela estava preocupada, mas tentei mudar de assunto e distrai-la fazendo um lanche pra ela comer.
_ Vou fazer um lanche pra você, o que acha?
_ Ótima ideia!
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CIRCUS • BUGGY o PALHAÇO [EM REVISÃO]
Fanfiction~ _ Akira? _ o palhaço disse ao franzir as sobrancelhas ainda com a faca em minha garganta. ~ _ Buggy? _ eu estava muito confusa e a luz do lugar não me ajudava a enxergar. • ° Plágio é crime ° ° Contém violência, Hot, palavrões e drogas ilícitas. °...