capítulo 4

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Os olhos claros do Buggy permaneciam em meus olhos escuros. Eu tenho certeza de que ele pensava que eu havia morrido já que havia surpresa em seu olhar e eu nunca achei que iria ver ele outra vez.

Sim, eu tinha saudades dele, mesmo assim ele estava diferente. Tinham mais coisas envolvidas em sua vida e me reencontrar não era uma delas.

_ Então você é meu presentinho? _ ele diz com a voz sarcástica.

_ Como é que é? Presente?

_ Sim. Esses piratas me devem, me disseram que meu presente estava à minha espera. Só não esperava que seria a garota medrosa que um dia eu conheci! _ ele sorri um pouco.

_ A garota medrosa morreu. _ a expressão dele mudou.

_ Como você sobreviveu? Eu vi você sendo arrastada até o fundo do mar. Pela primeira e única vez na minha vida eu chorei.

_ Me sinto honrada, mas não me pergunte por que eu não morri. Eu não sei responder a isso. _ a faca continuava em minha garganta mesmo que frouxa.

_ Seu braço é legal. Deve valer muito. _ ele olha pro meu braço.

_ Nem pense nisso. _ empurrei ele.

Buggy bateu com a costa na parede então eu tentei correr. Antes que eu pudesse passar na porta ele me puxa de volta, me jogando no chão.

_ Seja uma boa garota e tudo vai sair bem. _ ele me levantou e olhou pra mim.
_ O que foi isso no seu rosto?

_ Seu amigo capitão.

_ Ele machucou você?

_ Não tá na cara? _ ele pareceu ter ficado irritado.

_ Você não sabe se defender não? Vai morrer se continuar apanhado pra qualquer um.

_ Me defender pode custar minha vida.

_ Vai acabar perdendo a vida, isso sim. _ ele me arrastou pra fora da cela.

Subimos os pequenos degraus e demos de cara com a tripulação pirata. Buggy me puxou e passamos por eles. Ele segurava meu braço apertando forte, com certeza ficaria a marca depois.

Passamos por uma tauba larga que estava conectando os dois navio. O navio do Buggy era mais bonito e organizado apesar de serem piratas imundo.

Pude ver pouca coisa já que nós descemos as escadas indo para o porão. Fomos até o fim do corredor onde ele abriu uma porta e empurrou pra dentro, fechando logo em seguida trancando por fora.

_ Voce vai ficar aqui, amendoim. _ ele diz olhando pra mim da pequena janela redonda de vidro que tinha na porta.

Com meu braço de metal dei um soco forte na porta, que não quebrou mais fez ela estremecer.

_ Talvez consiga abrir com uns vinte socos desses. _ ele da gargalhadas.
_ Tchau amendoinzinho. _ ele sai dando gargalhadas altas.

_ Palhaço maluco. _ falei baixo.

Me virei pra olhar pro quarto. Tinha uma cama de solteiro, um armário pequeno e uma mesa no canto com algumas folhas de papel e lápis. Na mesa também tinha uma escova de cabelo, escova e pasta de dente.

Só que, não tinha banheiro. Talvez isso seja um problema já que fazem horas desde a última vez que fui no banheiro.

Me aproximei da cama e sentei. Percebendo sua macieis eu deitei, minha cabeça ainda doida por causa da pancada e mais cedo ser jogada contra a parede não ajudou muito com a dor. Deitei de costa pra porta, o sono chegou quase que instantâneo, então fechei os olhos e dormi.


Se passaram três horas desde o momento em que eu coloquei Akira no quarto. Normalmente meus prisioneiros ficam chorando, se lamentando e gritando por ajuda. Mas ela permaneceu quieta por três longas horas.

Desci pra ver o que estava acontecendo.

Bate na porta e olhei pela pequena janela. Ela parecia estar dormindo, mas estava muito estranho. A parte de trás do cabelo dela estava úmido e eu não sabia o por que.

Abri a porta e entrei indo até ela.

_ Ei, Akira. _ balancei ela mas nada de uma resposta.
_ Amendoim??

Cutuquei ela algumas vezes até que decide virar ela.

Seu rosto estava um pouco vermelho e suado. Ela não podia estar com calor, estava frio até.

Coloquei a mão na parte de trás de sua cabeça sentindo a umidade. Quando vi, em minhas mão tinha um tom de vermelho claro.

É sério que deram uma pancada nela?

Talvez por isso ela não estava revidando. Ela não estava se sentindo bem pra lutar com alguém.

Tirei o casaco que ela usava deixando ela apenas com a regata fina. A regata não cobria uma parte da sua barriga o que deixou a mostra o pouco de abdômen que ela tinha.

_ Tá em forma pra uma medrosa.

Deixei ela no quarto e fui atrás do médico. Eu sabia que uma hora ou outra eu iria precisar dele, por isso o sequestrei.

Levei ele até o quarto dela. Ele a examinou bastante, deu alguma pontos no corte em sua cabeça, fez o curativo e depois disse que era iria ficar bem. O mais estranho, é que ela não acordou.

_ Acho bom. Pelo contrário, os tubarões vão ter uma bela refeição. _ sorri.

Era vidente que ele tinha ficado com medo. Coloquei meu braço ao redor do seu pescoço e o levei pra fora do quarto. Olhei pra ela por alguns segundos e em seguida fechei a porta.

O que ela seria?
Uma prisioneira, como eu havia planejado? Ou apenas uma hóspede em meu navio?

Quanto mais eu pensava mais me dava enxaqueca.

Fui para meu quarto, peguei uma garrafa de rum e sentei em uma poltrona no canto do quarto.

A porta estava aberta e pude ver meus subordinados indo e voltando. Arrumando os suprimentos na dispensa, alguns entravam carregando barris com alguma coisa dentro.

A garrafa ficou vazia em segundos, o que me deixou frustrado. Como eu tinha bebido uma garrafa de rum em alguns minutos?

Fui pra minha cama e olhei pro teto.

O teto do meu quarto tem um grande mapa e eu passo boa parte do meu tempo olhando pra ele. Retirei meu chapéu e coloquei ao meu lado.

O grande mapa mostrava a rota para um tesouro que eu queria achar. Não, não é o tesouro da Grand Line.

Na minha adolescência inteira eu ouvi homens conversando sobre uma jóia, e essa jóia mostrava o caminho para uma coisa que eles chamavam de " a chama de Hades ". Diziam ser uma algo sobrenatural, azul e brilhante. Quem tivesse a chama de Hades, tinha o poder de controlar o vento e a maré.

Talvez isso não exista, como a maioria das lendas do mar. Mas eu tenho esperanças em encontrar essa tal chama.

Dizem que ela está escondida dentro de uma caverna, que agora está debaixo d'água.

Alguns dos meus homens me disseram que isso não passa de uma lenda e que se eu for atrás da chama de Hades, é possível que eu não sobreviva. Se eu conseguir, seria um dos piratas mais poderosos de todos os mares.

CIRCUS • BUGGY o PALHAÇO [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora