capítulo 3

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Eu estava muito ansiosa e Emilly eufórica. Tive que impedi-la várias vezes de tentar sair e ir atrás do Ed, mas mesmo assim ela continua insistindo em querer sair.

Ela não iria dormir até que ele voltasse, então eu não podia fazer nada além de esperar ele.

Derrepente ouvimos tiros seguidos de muita gritaria. Eu e Emilly ficamos atentas, sabíamos que isso só podia ser uma coisa.

_ Piratas. _ Emilly disse, olhei pra ela e vi medo em seus olhos.

_ Está tudo bem.

_ Não está tudo bem, Akira. Eu tenho que ajudar o Ed. _ ela abriu a porta e tentou sair, mas eu a segurei.

_ Você não pode ir. _ puxei ela e fechei a porta.

Isso não iria se repetir. De novo não.

Ouvimos latidos, em seguida arranhões na porta. Era Max. Eu abri a porta e ele correu pra dentro se escondendo de baixo da mesa.

Eduard apareceu logo em seguida, com alguns hematomas no rosto com sangue. Ele tinha lutado pra se proteger.

_ Eduard!

Emilly foi até ele e o abraçou, conferindo os machucados do homem.

_ O que aconteceu? _ perguntei.

_ Piratas. Eles estão saqueando tudo. _ Ed vai até o armário e pega munição.
_ As duas, vão para o quarto e se escondam. Eu dou um jeito neles.

_ O que?

_ Eu não vou me esconder. _ falei alto.
_ Da última vez que me escondi meus pais morreram! Não vou deixar vocês morrerem também.

_ Akira, eles são muitos.

_ Exatamente, Ed. Eles são muitos. Se enfrentar eles você é um homem morto.

Os dois olharam pra mim, sabiam que eu tinha razão mas mesmo assim...

_ Eu já disse, você fica com a Emilly.

_ Caralho, Eduard. Isso não é uma opção, cai na real. Eles iram matar você.

_ E iram matar você também se não ficar aqui. _ ele gritou.

Ele nunca tinha gritado comigo.

_ Toc Toc. _ uma voz risonha veio do lado de fora após bater na porta.
_ Péssima hora pra discutirem não acham?

Só podem ser os piratas.

Ed beijou minha testa e a da Emilly, em seguida nos ajudou a subir os primeiros degraus da escada.

Fomos pra cima enquanto Eduard armou a espingarda.

Ouvimos a porta sendo arrombada logo em seguida. Ajudei Emilly a se esconder, voltei para trancar a porta do quarto e fiquei ouvindo a conversa.

_ Ah, é você de novo? _ disse um dos piratas.

_ O que vocês querem?

_ Dinheiro, jóias, comida... mulheres. _ os piratas sorriram.
_ Onde estão as pessoas com quem você estava discutindo?

_ Não te interessa.

_ Claro que interessa. Você atirou no meu capitão, então é claro que ele irá querer sua cabeça. A não ser que você faça uma troca. _ eles riram.
_ Como é que vai ser? Dinheiro, jóias, comida ou as mulheres?

_ Eu não tenho dinheiro, nem jóias, que dirá comida. E a única mulher que tem nessa casa é a minha mulher, e ela está muito doente, ela tem câncer e...

_ E eu não tô nem aí. _ eles dão gargalhadas.
_ Sua cabeça então.

Emilly estava dentro do armário escondida, então eu tenho que ajudar. Sai do quarto e desci as escadas em silêncio.

A casa estava iluminada apenas por pequenas velas, então eles não me viram.

Vi um dos piratas se aproximando do Eduard e pegando a espingarda de suas mãos, em seguida o outro apontou uma pistola pra cabeça dele.

Isso me estremeceu completamente, mesmo assim ajudei.

Me joguei no pirata e tirei a arma de sua mão, ele então me joga contra a parede. O segundo pirata vem até mim querendo me segurar, eu lhe dou um soco em seu estômago e ele cai.

_ Akira. _ Ed derruba o outro pirata.
_ Eu mandei ficar lá em cima.

_ De nada.

_ Você podia ter morrido!

_ Mas não morri.

_ Cuidado. _ ele grita, mas fui surpreendida por um golpe na minha cabeça que me fez ficar zonza e cair.

Minha última visão foi Ed sendo derrubado pelos piratas, depois um deles disse " Vamos levar ela. ". Então apaguei.

Não os matem.
Não os matem.
Não os matem.

Acordei me sentindo tonta e com dor de cabeça. Estava deitada em um chão frio em um lugar que parecia ser uma sela. Percebi que estava em um navio ao ouvir o som das ondas bater na proa.

Me levantei me segundo em seus joelhos. Minha cabeça latejava, quando tentei me por de pé meus joelhos foram de encontro ao chão outra vez.

Tive que sentar. Me aproximei das grades da cela e sentei de costas pra grade.

_ Bom dia flor do dia.

O que? Dia?

_ O capitão vai vir falar com você, é melhor se recompor. _ olhei pra trás de vi o homem se distanciando.

Meu corpo doía, talvez por eu ter sido posta pra deitar no chão. Lembrei da pancada que levei e entendi o por que da minha cabeça doer tanto.

_ Aí que droga. _ segurei nas grades e fiquei de pé, indo até a pequena janela na parede do navio.

O mar estava calmo e o sol nascendo. Pude ver gaivotas voando e dois golfinhos nadando junto ao navio.

_ Pelo menos é bonito.

_ Eu sei, meu navio é maravilhoso. _ me virei e olhei um homem alto e forte com um chapéu.

_ Eu falava do mar. Seu navio é deprimente.

_ Que menina mal educada. _ um de seus homens abriu a sela e ele veio até mim e me segurou pela bochecha.
_ Você vai aprender a respeitar. Por bem ou por mal.

Ele me solta mas me dá um tapa. Um corte surge no conto da minha boca e desce um pouco de sangue.

_ Você vai passear mais tarde, então seja boazinha. _ ele pisca pra mim e sai.

_ Velho tarado. _ falei baixo.

Passei o polegar no canto do meu lábio limpando o sangue e levanto o dedo até minha boca. O gosto de sangue é horrível.

Me sentei de costa na grade e fiquei imaginando o que seria " dar um passeio ". Vindo de um capitão pirata não deve ser coisa boa.

Duas ou três horas se passaram, não sei ao certo. Estava escuro dentro do navio, a única coisa que iluminava era a pequena janela da minha cela.

Ouvi passos descerem a pequena escada e se aproximar. Um homem abriu a cela e saiu. Eu fiquei sem entender mas não sai. Qualquer coisa me custaria meu outro braço, então resolvi não arriscar.

Eu me escondi no escuro quando ouvi alguém se aproximando outra vez.

A pessoa entrou na cela e eu tentei a surpreender com um soco, mas ele agarrou meu braço metálico e jogou contra a parede enquanto colocou uma faca em minha garganta.

A luz era pouca, mesmo assim reconheci aquela maquiagem única de palhaço. Meu olhar mudou de medo pra confusão, assim como os dele.

_ Akira? _ o palhaço disse ao franzir as sobrancelhas ainda com a faca em minha garganta.

_ Buggy? _ eu estava muito confusa e a luz do lugar não me ajudava a enxergar.

CIRCUS • BUGGY o PALHAÇO [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora