3° Lei de Newton

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Akaashi

Não fiquei pensando muito no sonho de Bokuto. Não, claro que não. Não me perguntei o motivo de ele ter sonhado com isso, se ele ficou pensando demais em mim porque isso seria mesquinho demais da minha parte.

É óbvio que não.

Hoje não tem treino de vôlei, porque de acordo com Bokuto, hoje é dia de descanso (na verdade, os garotos se juntam para estudar). Perguntei porque Bokuto não ia estudar com eles, já que ele é um nerdola, e ele me respondeu:

— Sou um lobo solitário, Akaashi — com aquela voz de quem se autodenomina alfa e que me dá calafrios.

— Não ouse repetir isso nunca mais, Bokuto! Vou ter pesadelos... — ouço sua gargalhada meio baixa, meio alta, e um sorrisinho aparece no meu rosto sem querer.

Somos os únicos na sala, todo mundo já foi embora menos nós dois porque estamos ocupados demais conversando ao invés de guardar nossas coisas e ir.

— Mil desculpas, madame. — Ele faz uma reverência no meio da sala, o livro que está segurando quase batendo na sua nuca de tão inclinado seu corpo está. — Mas falando sério, não me dou bem em grupos de estudo.

— Ooh, eu que peço desculpas, senhor mais inteligente que os outros! — Digo com um sorriso idiota no rosto, me divertindo ao encher o saco dele.

— Não é isso! Poxa, você adora fazer eu parecer mau, Akaashi. Seu gaslighting não vai funcionar comigo!

Ele aponta um dedo na minha direção, parecendo bem ciente daquilo que está dizendo, ao mesmo tempo que tenta manter a expressão séria e não deixar o riso transparecer.

— Será?

— Será sim, Akaashi Keiji!

Não vou mentir, acho que meu cérebro deu pane por uns bons segundos ao ouvir Bokuto me chamar de Keiji de forma tão... natural. Olha, eu não queria vir com aquele papinho clichê besta de que o meu nome na boca dele é tipo música e o caralho a quatro, mas eu sei do que eu estou falando quando digo que Bokuto poderia pedir qualquer coisa para mim se logo em seguida falasse o meu nome.

Não, espera aí. Não sei não. Quê?

— Pronto, Akaashi. — Volto a realidade quando Bokuto me entrega a minha mochila arrumada, com uma carinha satisfeita.

— Não precisava... obrigado, Bokuto — ele assente, então se vira para sair da sala.

Hoje não tem treino de vôlei, e a mãe de Bokuto não sabe disso.

— O que você vai ficar fazendo até a hora de voltar pra casa, Bokuto?

Estamos do lado de fora da escola, o silêncio da sala logo sendo substituído pelo ruído de carros e pessoas indo para a casa. Ou qualquer outro lugar. Bokuto me olha com uma cara surpresa, pensando um pouco antes de responder.

— Eu... na verdade, não sei. Acho que vou dar uma volta por aí.

— Quer ir lá em casa?

Sim, isso foi um golpe totalmente planejado. Ah, que isso, não precisam aplaudir!

— Sério!? Sua mãe não vai brigar com você?

— Ela não liga pra isso, contanto que eu avise ela, tudo certo.

Pego meu celular para mandar uma mensagem a ela, mesmo sabendo que minha mãe está no trabalho. Acho que nós dois sabemos que eu só aviso sobre visitas não planejadas por uma formalidade de mãe e filho, porque nenhum de nós realmente se incomoda.

Les; bokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora