Willow era linda. Seus olhos eram redondos, lábios pequenos, e o nariz era fino e delicado, assim como o do pai. Ela tinha cabelos lisos até os ombros e uma franja na testa que realçava sua aparência angelical.
Soava estranho dizer isso de alguém que parecia tão indelicado, mas os olhos de Ronnie brilhavam quando ele olhava para a própria filha, como se ela fosse seu bem mais precioso.
— Vem aqui com o papai! — Ronnie chamou-a e fez um gesto com as mãos para que ela descesse as escadas.
— Quem é essa? — Foi a primeira coisa que perguntou ao notar minha presença ao lado de Ronnie. — É a tia Stace? — Ela agarrou a mão de Ronnie e me olhou com atenção.
O mais engraçado era que ela era tão pequena e Ronnie tão alto. Ele se abaixou, pegou-a no colo e deu um selinho em sua bochecha, aproximando a garota de mim.
— Sim, essa é a tia Stace de quem te falei! — Ele a balançou em seu colo, e a garota apoiou a cabeça em seu ombro, querendo descansar, pois ainda parecia sonolenta.
— Olá, Willow, tudo bem? — Eu me aproximei e apertei o ursinho de pelúcia que ela segurava, mas Willow virou o rosto e riu, como se estivesse envergonhada.
— Já está tarde! Vamos para a cama — Ronnie piscou para mim e se dirigiu às escadas para levar sua filha. — Quer vir com a gente, "Tia Stace"? — Ele brincou.
— Por que não? — Brinquei e comecei a segui-los até o andar superior.
O quarto de Willow era super feminino, todo cor-de-rosa e cheio de casinhas de boneca. Sua cama tinha um mosquiteiro delicado, como de uma princesa, e do outro lado, perto da janela, havia um microfone, uma bateria e uma guitarra infantil. Achei fofo e não consegui conter o riso.
Havia também um sofá ao lado da cama da garota, onde Ronnie e eu nos sentamos, e ele pegou um livro para distrair a garota com a história, enquanto ela se ajeitava debaixo do cobertor.
— Que tal, Cinderela? — Ele falou alto e empolgado, fazendo cócegas em Willow, que gargalhou.
— De novo? — Ela fez bico, como se estivesse cansada de ouvir aquela história.
— Eu gosto da parte em que ela se vinga das irmãs malvadas — Ele fez bico, brincando com a filha.
— Tá bom! — Ela deu por vencida, então Ronnie começou a contar a história. De repente, Willow pareceu estranha, como se algo a estivesse incomodando. Ronnie pigarreou e tentou continuar a história, mas ela continuava com um semblante choroso.
— O que foi, querida? — Tentei ser compreensiva, pois percebi que Ronnie parecia perdido ou incomodado.
— É que minha mamãe não está aqui! — Uma lágrima escorreu pelo rosto dela, então Ronnie largou o livro e foi pegar sua filha no colo. — A tia Stace vai ser minha nova mamãe? — Ela perguntou triste, como se eu estivesse tomando o lugar de sua mãe.
— Do que está falando, filha? — Ronnie apertou a garota contra o peito e me olhou de soslaio, como se estivesse pedindo desculpas pela situação.
— Mamãe disse que você não estava mais conosco porque outra pessoa estava tomando o lugar dela. É a tia Stace, não é? — Ela fez bico, virando o rosto para não me olhar.
Meu coração doeu. Eu não sabia se ficava mal por mim ou por Ronnie; afinal, uma criança não deveria ouvir tal coisa de sua mãe.
— Ronnie e eu somos apenas amigos, Willow. Além disso, ele é um péssimo contador de histórias; eu nunca o escolheria. Jamais! — Eu neguei com a cabeça, fingindo desdém em relação a Ronnie, e ela riu. — Que tal uma nova história? Eu posso contar para você?
A menina relutou um pouco, olhou para o pai e, em seguida, assentiu olhando para seu ursinho de pelúcia.
— Então, vamos voltar para a cama! — Ronnie colocou a menina de volta na cama.
— Ronnie, você se importaria se eu e Willow tivéssemos nosso momento de meninas? — Pedi que ele saísse e pareceu compreender.
— Claro que não! Vou sair! — Ele beijou o topo da cabeça da filha. — Boa noite, filha!
Decidi inventar uma história. Contei sobre uma princesa que tinha medo de sair de dentro do castelo onde morava, porque sua mãe dizia que havia coisas ruins do lado de fora. Ela se empolgou no início, mas antes de eu falar que não havia nada além de uma floresta bonita ao redor do castelo, ela já estava dormindo.
Beijei o topo de sua cabeça e, quando me virei para sair do quarto, Ronnie estava de braços cruzados, me observando. Coloquei a mão no peito devido ao susto e o empurrei para sairmos de lá.
Quando chegamos à sala novamente, o humor dele parecia ter mudado. Ele estava impaciente, inquieto e com medo.
— Qual o problema? — Perguntei, me sentando ao seu lado no sofá.
— Você viu o que a Crissy está fazendo? Manipulando minha própria filha! — Ele se inclinou para a frente e deu um soco na mesa de centro, fazendo um barulho estrondoso, o que me assustou.
— Ronnie? — O repreendi nervosa. — Onde está com a cabeça? — Me referi à violência e ao barulho, porque sua filha estava dormindo. Me levantei e cruzei os braços, afastando-me dele.
— Ninguém me entenderia!
— Ele se jogou para trás, relaxando no sofá e tampando os próprios olhos. — Aquela mulher está destruindo a porcaria da minha vida — ele olhou para mim. — O que mais ela vai fazer? O que mais? Tirar minha filha de mim? — Ele se inclinou para frente e negou com a cabeça.
— Calma, as coisas vão se resolver! — Caminhei até ele e me sentei ao seu lado, acariciando seu ombro. — Você tem os papéis da guarda compartilhada de Willow? — Perguntei curiosa.
— Não. Fizemos apenas um acordo sem envolver a lei! Acho que, por conta da minha prisão, eu não teria direito, ou sei lá. Droga! Estou com medo!
Pela primeira vez, vi Ronnie tão vulnerável. Ele não me parecia aquele cara que frequentava o bar e que todas as mulheres falavam. O homem misterioso que todas queriam conhecer tão bem estava ali, na minha frente, quase chorando com medo de perder a chance de ver sua própria filha.
E ai pessoal, o que acharam do capítulo? Quero teorias ein!!! Deixem nos comentários!
Já posso postar mais?
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Tática Obsessiva - Ronnie Radke
Non-FictionRonnie Radke, um novo morador da cidade se vê cobiçado por todas as mulheres dali devido ao seu visual excêntrico e seu jeito misterioso. Quando Stace, uma garçonete de um bar local, se vê obcecada por fotos de Ronnie através das redes sociais, dec...