PRÓLOGO

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Desde o começo Flávio sabia que aquela era a mulher da vida dele.
Ele percebeu isso não no primeiro sexo entre eles, no primeiro beijo, no primeiro toque, na primeira palavra trocada, mas sim quando a viu. Ele sempre foi famoso entre as mulheres, facilmente conseguia o que queria, mas Rosa era diferente. Diferente de todas elas. Ele não queria um simples romance de fim de noite, um prazer sagaz, queria ela. Somente ela.
Aquele andar elegante enquanto passava por ele, seu cheiro gostoso que parecia estar a quilômetros de distância, aqueles cabelos negros e curtos, sua pele lisa e branca, seu olhar de quem tá pronta em comandar o mundo. O sorriso, então…
Ah, o sorriso.
Flávio nunca foi ganancioso, mas aquela mulher era dele, nasceu pra ele e não importava qual era o passado dela, nem o presente, o futuro tinha que ser com ele.
Não demorou muito até que começassem a namorar, afinal, Flávio não iria desistir até conseguir, e rapidamente chamou ela pra sua casa.
Até hoje ele conta que foram os dias mais felizes da vida dele, e sinceramente, só de ouvir ele falando sobre esses tempos de vida dele, você consegue sentir isso. O brilho no olho, os sorrisos que rasgam as bochechas, a agitação ao falar, a maneira de expressar seus sentimentos é fascinante. É amor. Era amor.
Eles eram perfeitos, tinha uma boa relação, apareciam em festas felizes e contentes, o homem trabalhador que cuida e protege sua amada e a amada que sempre tinha tempo pra ele e cuidava do seu lar para que ele sempre tivesse um para voltar quando tivesse medo, cansado, solitário ou triste.
Mas uma noite, uma única noite, foi onde talvez aquele casal tão lindo e feliz começou a dar errado.

Ele disse para a amada que iria curtir com os amigos após os trabalhos na empresa, e que ia chegar só no outro dia em casa, ele insistiu pra ela vim, mas ela não quis, dizia que estava de "sossegada"
E se ela estiver se sentindo sozinha? E se ela tinha planos pra nós dois? Não parecia, mas vai saber, mulheres mentem bem.
Depois de beber umas cervejas, voltou pra casa entre 21h e 21h30. Não queria que ela ficasse sozinha, se despediu dos amigos que estranhou sua saída precoce, entrou no carro e dirigiu até em casa.
Chegando em casa ele tentou entrar sem fazer barulho. A casa era grande, ela não vai ouvir. Mas o portão infelizmente fez um barulho muito alto, e ele torceu para que ela não tivesse ouvido.
Quando ele abriu a porta do quarto, Rosa estava no banho, ouvindo alguma música da banda "Nirvana" que ele não conseguiu identificar direito, principalmente pelo fato dela ter pausado uns segundos depois dele ter entrado.

- Amor? - ecoou a voz de Rosa no banheiro, junto com o chuveiro ligado

Ele foi de fininho para perto do banheiro.
Ela desligou o chuveiro

- Você falou que ia vim mais tarde, ainda nem é 22h

Quando ela colocou a cara pra fora, exalou bom cheiro naquele quarto, um cheiro de flores que ele não conseguia identificar, só deu vontade de Flávio agarrar ela, e foi isso o que ele fez.

- Como você sabia que era eu?

Ela demorou um pouco para responder.

- Quem mais séria? - Ela olhou pra ele e deu um selinho. - Agora suas roupas estão molhadas, boa lindinho.

Ele abriu um pequeno sorriso.

- Não resisti ao ver minha donzela desse jeito. - Ele apalpou a bunda dela.

- Safadinho.

Ela deixa ele na beira da cama e volta pro banheiro.
- Por que você voltou mais cedo? - pergunta ela. - Tá com medo de eu fugir é?

- Você não é doida ainda.

Ela deu uma risada malévola e colocou de volta Nirvana, que agora ele conseguiu indentificar a música "Come As You Are"
Ele se deitou na cama quando escutou "November Rain" no celular dela, mas ele sabia que aquela era a música que tocava quando alguém ligava pra ela.

- Quem é?

Ela demorou um pouco para responder, então desligou e disse que não era ninguém importante, então após uns segundos, ela saiu de lá com o celular tocando na mão, deslumbrante, mesmo de toalha dava para ver suas curvas.
Eu amo a minha vida.
Rosa foi até o criado mudo e colocou seu celular nele. Ele ficou olhando para ela.

- Ainda não entendo porquê de toalha na minha frente.

- E pra que você quer me ver sem? - Ela pega o secador.

- Você vai ver. - Ele vai até o banheiro tomar seu banho.

O sexo era algo muito importante na relação deles, era como se fosse uma medida de qualidade no relacionamento; se está gostoso, então está perfeito, e se estiver ruim, o relacionamento não vai pra frente. Mesmo quando eles brigavam tinha que ter, nem que fosse na força do ódio, muitas vezes era a transa que faziam eles voltarem a se falar. Eles podiam ficar o dia inteiro sem se ver, mas aquele momento era deles, e eles tinham que ter o momento deles.
Rapidamente as coisas começaram a esquentar depois do banho, ele logo tomou o controle e ficou em cima dela e rapidamente estavam se deliciando com o prazer, suados e soltando sons guturais, então o telefone, em cima do criado mudo, começou a tocar mais uma vez. Ele observou o "Alan" na chamada, nunca tinha ouvido falar nesse nome.

- Quem é? - indagou ela.

- Alan.

Ela ficou estarrecida, mas ele não conseguiu perceber.
Na hora ele não ligou muito pra isso, mas depois de alguns segundos, começou a indagar. Quem é esse Alan? Quem é esse maldito Alan? E por que essa hora da noite? Ela nunca me falou sobre ele, ela tá me escondendo algo?

- Quem é ele?

- Hein? - Ela olhou pra ele, confusa.

- Quem é Alan? - Ele parou o que estava fazendo.

- Ninguém que tenha esse poder de atrapalhar nossa noite.

Ela se levantou e tentou dar um beijo quente nele, mas ele não parecia estar no clima.

- É sério, quem é? - Ele endireitou a coluna.

-Um amigo da Raissa, não sei nem porquê ele tá ligando.

Um amigo, é?
Flávio olhou pro criado-mudo e pegou o celular, uma parte dele queria atender e perguntar o que ele queria com a mulher dele, mas isso iria estragar aquele clima gostoso que o sexo trazia pra eles, então clicou no vermelho e colocou de volta o celular no criado-mudo.
Ele se curvou em cima dela evoltou a mexer seu quadril contra a virilha dela, o barulho seco de seus quadris e o gemido de Rosa começou a ecoar pela sala, até se juntar, após uns segundos, novamente o "November Rain".
Dessa vez ela puxou ele mais pra perto e falou ofegante no pé do ouvido dele.

- Deixa tocar.

Ela o quadril dele com as pernas, e começou a arranhar suas costas, até acabar o toque e voltar a tocar novamente.
Os dois se levantaram juntos para ver quem era, e que surpresa.
Alan? De novo?

- Melhor eu atender e perguntar o que esse cara quer. - Flávio parecia bravo.

Quando ele falou isso, ela segurou o seu rosto e puxou pra ela.

- Amor, é sério, deixa pra lá, ele não vai ligar mais.
Eles ficaram se encarando durante toda o toque da música, depois que passou, ela pegou o telefone e desligou.

- Pronto, agora ninguém mais vai se intrometer. - Ela se deitou na cama e olhou pra ele.

Ele não sabia muito bem o que pensar, estava bêbado, era verdade, mas que estranho, nunca foi do feitio dela receber ligações de estranhos. Se era amigo da amiga dela, por que tinha o número dela? Ele pensou, e talvez, ele deveria ter perguntado isso para ela naquele dia, naquela hora, talvez só assim para que não tivesse acontecido o que aconteceu.

Sem Razões para o PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora