"Just don't leave me alone wondering were you are... I am stronger than you give me credit for..."
~ I don't smoke - Mitski[●○•★•○●]
Nikolai voltou para casa por volta das 17:00 horas do dia seguinte. Ele não estava arrependido, na verdade, tinha vindo para buscar suas coisas que ficavam na casa de Fyodor, como sua bengala roxa, seu quite de Mágico, sua serra elétrica e seu tecido acrobático, que ele nunca usou, mas achava interessante tê-lo em casa.
Ele não bateu na porta. Ele nunca bateu, por que começar com esse hábito agora? Passou pela sala de jantar e pegou um pedaço de bolo que ele não tinha amassado no dia anterior, o colocando por inteiro na boca.
Subiu as escadas com uma pressa desnecessária, subindo dois degrais por vez. Parou em frente a porta de seu antigo quarto e virou a maçaneta, mas a porta não abriu.
Nikolai estranhou. Quando ele tentou de novo, percebeu que a porta estava trancada, como se Fyodor não quisesse que Nikolai entrasse.
— Você é muito engraçado, Fyodor! — Nikolai gritou para que o crente ouvisse de dentro do quarto. Ele chamaria o crente de "Dostoy", mas estava magoado demais para isso. — Mas isso não vai me impedir de levar minhas coisas embora!
O outro lado da porta estava silencioso. Nikolai bufou, rindo sozinho.
— Okay, vamos fazer um jogo! — Ele anunciou, andando para trás para pegar impulso. — Eu vou contar até três! Você tem três segundos para se esconder, porque, se eu entrar dentro do quarto e você estiver aí, eu vou te matar!
Nikolai sorriu e arrumou sua capa. Contando nós dedos enquanto falava. Nenhum barulho além de seus próprios berros.
— Três... — Ele gritou, gargalhando alto o suficiente para que Fyodor acordasse caso estivesse adormecido. — Dois...
O palhaço atravessou a porta com seu sobretudo antes dos três segundos se passarem. Ao entrar dentro do quarto, a primeira coisa que ele viu foi um mar de jacintos roxos.
Era difícil até andar pela sala sem amassar um ramo das plantas, mas o pior de tudo isso...
Fyodor não estava lá, apenas vários jacintos manchados de sangue.
— DOSTOY? — Nikolai chamou, se desesperando em meio ao jardim que havia sido criado a sua volta. Ele olhou indignado para o estado de seu quarto.
Tudo estava bagunçado, flores cobriam todo o chão e sangue manchava a roupa de cama. A única coisa que tinha se mantido no estado original era o telefone fixo do quarto, que estava fora do guincho e manchado de sangue.
Nikolai sentiu seu coração apertar. Ele não sabia onde Fyodor estava, ele nunca sabia, na verdade, mas por que aquilo o preocupava tanto? Não era como se ele se importasse com o assassino, ele não se importava com ninguém, nem consigo mesmo!
Ele pegou o telefone e discou o número de Fyodor, que por algum motivo ele havia decorado.
Ele ainda tinha tempo?
[●○•★•○●]
Fyodor abriu os olhos com dificuldade.
— Parabéns, senhor Karamázov, a cirurgia foi um sucesso! — Um médico simpático o avisou, arrumando seus pequenos óculos redondos em seu rosto para enchergar o mais novo. — Como se sente?
Fyodor piscou uma ou duas vezes. Ele se sentia culpado, vazio, mas ele não sabia o motivo de sua propia angústia.
Algo estava faltando. Alguém estava faltando.
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Hanahaki | FyoLai [Por Favor, Me Perdoe]
FanficJá faz meses que a doença Hanahaki atormenta a vida de Fyodor Dostoyevsky, mas, mesmo com a enfermidade em seu estágio final, ele se recusa a contar o que sente para o principal culpado disso, Nikolai Gogol. > História inspirada na doença fictícia...