O que você fez comigo?!

Capítulo 03- Aqueles olhos

POV-ALEX DANVERS

Frustrada, essa palavra poderia me definir neste momento. Estou deitada na cama de um dormitório do hospital, com Imra dormindo tranquilamente ao meu peito. Tivemos mais uma noite intensa, mas nossa amizade sempre foi platônica; ela me ajuda a lidar com minhas frustrações e eu faço o mesmo por ela, mesmo que seja apenas por algumas horas.

Percebi que ela começou a se mexer e logo nossos olhares se cruzaram. Dei um sorriso de lado quando ela afundou o rosto na curva do meu pescoço. Virei um pouco a cabeça e vi que eram 5:45. Putz, preciso levantar! E assim eu fiz — ou pelo menos tentei, já que ela me segurou.

Ri quando ela me deu um selinho e se levantou. Vesti minhas roupas, já que estava nua, abri a porta para ver se havia alguém por ali e saí correndo. Quando estava virando no corredor, dei de cara com a Bailey.

Bailey: "Que cara é essa?"

Alex: "É... nada?"

Bailey–Aram…—me encarou—sua mãe está te chamando.

Disse isso e saiu. Corri até lá e, quando abri a porta, vi a Kara sentada na poltrona conversando com minha mãe. Dei um sorriso e fui até elas.

Eliza–Bom dia, minha filha.

Kara–Bom dia, sis.

Dei um beijo na testa da minha mãe e um na bochecha da Kara.

Alex–Não deveria estar trabalhando?

Kara–Sim, mas meus patrões me deixaram chegar um pouco tarde, já que iam pegar alguém no aeroporto.

Eliza–Que bom, minha filha. Alex, querida, como é o nome daquele médico…—pareceu pensar em algo—Mark, o doutor Sloan; ele seria um ótimo namorado pra ela — disse olhando para a Kara.

Eu tentei me aguentar, mas não consegui. Soltei uma gargalhada tão alta ao ver a Kara parecendo um pimentão.

Alex–Mãe da fruta que o Sloan gosta, a Kara chupa até o caroço.
— falei entre risos—

Kara–Alex!—disse indignada — eu sou hetero, tá!

Alex–Hetero do pau oco.
— falei rindo—

Eliza–Tá bom, meninas, já chega! Não tem problema em gostar de mulher, filha. Eu entendo.

Kara–Que? Até você, mãe!
— disse fingindo estar magoada—

Nós três rimos e, depois de alguns minutos, Kara teve que ir embora. Então a levei até a saída do hospital. Quando estava passando pela emergência, acabei esbarrando em uma adolescente.

Alex–Ei, cuidado! Hospital não é lugar para adolescentes.
— falei olhando para ela—

— D-desculpa moça, eu me perdi da minha mãe.
— disse com uma voz chorosa—

Alex–Calma, sua mãe deve estar por aqui. Vem comigo, ok? — ela assentiu — Qual seu nome?
— perguntei enquanto andávamos—

Ruby–Ruby. Minha mãe machucou o dedo e viemos aqui; só que eu acabei me perdendo dela.

Alex–Qual é o nome dela?

Ruby–Samantha. Samantha Árias.

Fui até a Izzie que estava no balcão da emergência e passei o nome da mulher. Ela me disse que a mesma estava no leito dois. Segui cuidadosamente na mão da menina que ainda estava assustada com a movimentação do hospital e assim cheguei até lá. Puxei a cortina e dei de cara com uma morena linda: olhos cor de avelã e longos cabelos lisos na cor castanha. A mulher era uma deusa! Só saí dos meus pensamentos quando ouvi a voz da Ruby.

Ruby–Desculpa mãe.

Sam–Tá tudo bem — ela me olhou — obrigada.

Alex–Por nada. Ela disse que você se queimou? Já te atenderam?

Sam–Não. A médica Ardeen disse que ia atender uma coisa e já voltava.

Concordei com a cabeça, peguei as coisas e comecei a fazer o curativo no dedo dela. Sentir aquele olhar em mim me deixou nervosa; ela era muito linda e doce! Sua voz era maravilhosa e seu perfume... Eu estava tão focada que nem escutei a gritaria atrás de mim. Me virei vendo todos os médicos correndo para um lugar específico.

Ruby–O que está acontecendo? Você sabe?

Alex–Infelizmente não.

Ruby–Deixa o dedo da minha mãe aí e vai lá ver!

Sam–Ruby!

A menina sussurrou um "desculpa", fazendo-me rir. Bailey passou igual um furacão resmungando alguma coisa que me fez rir baixinho. Infelizmente já tinha terminado o curativo; levantei da cadeirinha e olhei para Sam. Nossos olhares se encontraram e eu senti um arrepio na espinha; aqueles olhos me encarando me davam um certo nervosismo. Parecia que nos encaramos tempo demais só percebi isso quando escutei uma tosse falsa vindo da adolescente.

Alex–Então… já está boa senhorita Árias?

Sam–Me chame de Sam, sem formalidades.
— hesitou já que não sabia o meu nome—

Alex–Alex Danvers — sorri e estendi a mão para a mulher que fez o mesmo; o toque dela me fez arrepiar.

Eu me perdi naqueles olhos sorrindo perfeitamente; parecia que com ela aconteceu o mesmo já que não parava de me encarar; só percebi isso quando Ruby fingiu tossir.

Sam–Obrigada, Alex! Espero ver você mais vezes.
— sorri—

Alex–Digo o mesmo.
— retribuí o sorriso—

Ruby–Você está solteira?
— perguntou fazendo-me rir—

Sam–Ruby! Isso é pergunta que se faça minha filha!
— repreendeu—

Alex–Estou sim! Porque a curiosidade?
— falei passando a mão no cabelo—

Ruby–Nada não! Tchau Alex!

Ela me deu um tchau com as mãos e saiu correndo deixando a mãe para trás que sorriu pra mim antes de sair também.

Eu sinto que vou ver essa mulher mais vezes...

Alguns segundos depois disso me falaram que a correria toda era por causa de uma briga entre médicos.
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