01: Who are you?

325 20 15
                                    

SELENA'S LOOK

SELENA'S LOOK

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


SELENA POV.

Me afasto da lanchonete após pegar meu café com leite e subo as escadas.

Entro no quarto 483 e avisto a senhora ruiva deitada em sua cama como sempre, o silêncio pairando entre nós era desconfortável e familiar.

Me sento na cadeira na frente da sua cama e pego meu livro de romance, Orgulho e Preconceito, e começo a ler enquanto tomava meu café com leite.

Me perco em meus pensamentos e imaginações, a realidade se misturando com a literatura.

A divindade das palavras escritas invadiam meu coração com ternura e alegria.

No modo automático, começo a cantarolar minha música favorita, Killer Queen, do Queen.

— O que está lendo? — Pergunta uma voz masculina, pulo da cadeira, de susto, saindo do mundo imaginário que minha mente estava.

— Orgulho e Preconceito. — Falo mostrando a capa do livro.

O garoto de tranças pretas que estava apoiado no batente da porta, de braços cruzados, agora estava andando pelo quarto, examinando todo o ambiente, seus passos quietos como penas caindo no chão.

Ele entrou no quarto sem ser chamado e começou a caminhar pelo mesmo, não entendi, mas deixei, já que nunca vi outra pessoa da minha idade por aqui.

— Nunca li. — Ele dá de ombros enquanto para na frente da janela, que emitia somente um raio de sol pela fresta pequena, que batia no vaso de tulipas rosas em cima da mesa.

— Como não? — Perguntei incrédula. — É um dos livros mais famosos!

— Nunca tive muito tempo para ler, sempre estive ocupado demais com a minha banda. — O garoto de olhos cor de mel, tão profundos, pareciam que guardavam segredos de uma vida toda, fala.

— E agora? — Seus olhos encontram os meus, sua feição era séria e seu maxilar estava travado.

— Não vale a pena. — O trançado quebra o silêncio que se instaurou entre nós por alguns segundos. — Enfim, qual é o seu nome? — Ele pergunta batendo as mãos na lateral da calça.

— Selena, Selena Bianchi. — Me apresento, o seguindo com o olhar enquanto ele olha para fora da janela. — E o seu?

— É... — Ele foi interrompido por Gretchen entrando no quarto, a enfermeira responsável pela minha mãe.

— Lena, você deveria estar na escola. — Ela fala colocando as mãos na cintura, mas a única coisa que consigo reparar era em como ela não parecia se importar com um garoto estranho no quarto, já que ela desde sempre foi muito protetora comigo.

Olho para trás, mas me surpreendo ao ver que o garoto já não estava lá, ele havia sumido, deixando apenas uma escuridão no ponto onde estava.

— É, eu não... — Gaguejo. — Eu não tenho aula. — Minto.

Ela assente e sai do quarto, a quietude do lugar volta a existir, sendo rompida somente pelo bip incessante da máquina.

Olho para minha mãe e vejo sua expressão plena, seus cabelos ruivos como fogo estavam soltos, espalhados pelo seu ombro.

Ver sua calma e ternura me acalmava, por mais que minha mente estivesse turbulenta.

Quem era aquele garoto?

Como ele simplesmente sumiu do meu quarto?

Por que eu nunca vi ele por aqui?

TOM POV.

Saio do quarto antes que alguém me veja, na verdade, ninguém nunca me vê.

Eu não sei por que Selena me viu agora, sempre fui muito cuidadoso com isso.

Inclusive, eu não a conheci agora, eu venho a observando por um tempo.

Eu sabia que seu nome era Selena Bianchi, sabia que estava lendo Orgulho e Preconceito, pela quarta vez, sei que sempre cantarola Killer Queen quando está concentrada, sua música favorita.

Ela sempre vem aqui todos os dias de tarde depois da escola, desde seus oito anos, ela estuda no Magdeburgo High School, e vem matando aula a algumas semanas.

Sua mãe, Maggie, está em um coma, por ter a salvado de um carro, e Selena é a queridinha de todos os enfermeiros e médicos, especialmente Gretchen.

Alguns podem me chamar de stalker, outros de louco, mas quando se está preso em um hospital e só tem uma garota da sua idade, você fica entretido.

A vida da Selena era meu passatempo, era fascinante como funcionava seu modo de viver, como ela era obcecada em procurar todos os tipos de cura para sua mãe.

Seus olhos verde esmeralda sempre eram muito atentos, olhando para tudo e todos, eram cansados e deprimidos.

Eram como um pedido de ajuda, um pedido de fale comigo, mas fale mesmo.

Todos ali conheciam ela, conheciam sua vida, mas ninguém sabia o quanto ela precisava de ajuda, que por trás de seu rosto inocente e meigo, há uma menina que chora todos os dias se culpando pelo acidente, seu coração remoendo com arrependimento.

Eu a ouvia falando com sua mãe, tudo que saia da sua boca, parecia sair com cuidado, medo.

Seu pai, Jeff, quase nunca passa por aqui, somente em duas datas: aniversário de casamento, e aniversário da esposa...

Nessas duas datas, ele traz um vaso de margaridas e uma barra de kit kit, que ele come sozinho enquanto conta as novidades de sua vida.

Visita passada, ele falou que conseguiu um emprego em um restaurante famoso aqui, como gerente.

Ele fez faculdade de administração, então o cargo está bom pra ele.

Naqueles dias, Selena começou a aparecer mais arrumada, com roupas mais "chiques", trouxe decorações novas para o quarto.

Depois de falar com ela pela primeira vez, subo as escadas e vou para o telhado, onde conseguia ver toda a cidade.

A neve cobria o lugar como um cobertor frio, as árvores estavam sem folhas e o mundo estava branco, frio e pálido.

A neve caía lentamente em minhas tranças, o vento gelado batia em meu corpo, me fazendo estremecer.

Meus braços estavam descobertos, flocos de neve caíam e derretiam imediatamente com o calor do meu corpo.

Fazia dias que meu irmão não vinha aqui, ele costumava vir toda semana, estava me sentindo meio solitário, admito que gostei de falar com a garota que venho observando por meses agora.

Quando sinto meu corpo todo arrepiado e esfriando, decido descer.

Chego no andar do meu quarto, o calor me invadindo, me deixando quente de novo.

Avisto a cama arrumada, as flores típicas do hospital recém colocadas no vaso, iluminando o quarto escuro.

Abro a janela e deixo a claridade da cidade branca entrar no cômodo, fecho a porta e deito na cama, sentindo meus olhos pesados.

Haunted boy || Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora