SELENA POV.
Todos os dias eu ia para o hospital, e passava todas as tardes com Tom.
Ele era uma companhia muito boa, ele gostava de mim, gostava de me ouvir falar sobre mim, gostava de saber do que eu gosto.
Ele não era de falar muito, ele gostava de me ouvir, e ele ouvia atentamente.
Meu pai descobriu que eu estava matando aulas e me mandou ir para a escola, ele me levou e não foi embora até eu entrar.
Eu passo pelos portões da escola e automaticamente todos os olhares vão para mim.
Eu olho para frente, fingindo plenitude, mas por dentro eu estava gritando.
— Oi! Por onde esteve? — Lizzie, uma colega da minha aula de sociologia pergunta.
— Oi Liz, eu estava... doente. — Minto, vendo ela assentir com a cabeça.
O sinal toca e eu entro na sala de sociologia.
Me sento na última fileira perto da janela, na terceira cadeira.
Lizzie se senta do meu lado.
— Bom dia. — O professor fala ao entrar na sala, ele coloca sua mochila na mesa e se senta na cadeira, ajeitando suas coisas no lugar.
— Hoje teremos aquela prova que eu falei. — Ele disse e todos concordaram.
Que prova?
Meu deus do céu! Eu não sei nada do conteúdo!
Eu vou me ferrar nessa prova!
Ansiedade começa a tomar conta do meu corpo e mente, minhas mãos já tremiam e minhas pernas estavam inquietas.
Minha respiração estava acelerada, parecia que o ar do mundo não era suficiente para encher meus pulmões.
O professor passou lentamente pela minha mesa e deixou a prova sobre ela.
Eu olho aquelas perguntas e sinto meu corpo todo tremendo, minha mente traiçoeira não estava pensando na prova, e sim sobre o fato de eu não saber nada, o que não me deixava concentrar nas perguntas.
Eu escrevo meu nome no papel e leio a prova, procurando alguma questão que eu saiba a resposta.
Eu sabia a exata resposta de duas, e sabia uma parte de outras duas.
Quando tento escrever, minha mão tremia tanto que a letra saía toda borrada.
Eu sinto lágrimas indesejadas encherem meus olhos, logo elas começaram a escorrer pela minha bochecha.
Tento limpar disfarçadamente, mas falho.
Eu tentava voltar a respirar normalmente, mas parecia que o ar não entrava confortavelmente pelas minhas narinas.
— Você tá chorando? — Luca, o garoto chato da minha sala, pergunta com um sorriso irritante no rosto.
— Cala a boca, Luca. — Falo baixo, limpando as lágrimas.
— Gente, a Selena tá chorando! — Ele grita para a turma, enquanto ria, fazendo todos rirem também.
— Está na TPM, querida? — Um gay da minha sala pergunta, fazendo as pessoas me zoarem mais ainda.
— Tadinha, a bebê quer a mamãe dela! Ah verdade, ela é basicamente um vegetal! — Ster diz, ela é uma das garotas malvadas da turma.
Sinto meu encher de ódio e raiva ouvindo ela falar assim da minha mãe, quem ela acha que é?!Pego minha mochila e levanto brutalmente da cadeira, corro até a saída da escola.
Ansiedade havia tomado conta do meu corpo por completo, eu corria para o hospital enquanto eu tentava respirar.
Entro no hospital, corro para o quarto da minha mãe, todos os enfermeiros me olhavam.
— Lena, o que aconteceu?! — Gretchen pergunta preocupada, mas eu apenas a ignoro.
Abro a porta do quarto e a fecho depois de entrar, sento na cadeira e apoio meus cotovelos no meu joelho e escondo meu rosto nas mãos.
Eu me deixo chorar ali, deixo tudo que eu estava sentindo escapar durante esse choro.
— O que aconteceu, Selena? — Ouço a voz do Tom.
Me viro e ele já estava no quarto, com a porta fechada.
— Eu odeio a escola. — Falo com a voz abafada, ouço Tom suspirar.
— Eu também odiava, te entendo. — Ele fala, havia dor e mágoa em sua voz.
— Sério? — Pergunto me virando, Kaulitz olha em meus olhos e assente.
Ele se aproxima e faz um movimento, ele ia colocar a mão no meu ombro, mas desiste no final.
— Por que as pessoas são tão maldosas? — Pergunto o olhando, meu olhos encontram o seu, minha voz sai falhada.
— Porque elas se acham superiores a todo mundo, e pensam que tem o direito de falar das pessoas. — Ele fala, parecia que ele tinha tanta experiência. — Mas você não deve ligar para o que esses idiotas dizem, você é uma das meninas mais incríveis que eu já conheci.
As palavras de Tom me fizeram chorar mais ainda, me levanto da cadeira e ando até ele, e de repente, o abraço fortemente.
Passo meu braços pela sua cintura, o apertando levemente, minha cabeça apoiada em seu peito, conseguia ouvir seus batimentos levemente acelerados.
Tom hesitou, mas finalmente passou seus braços pelo meu pescoço, me abraçando de volta.
Não sei porque, mas a sensação de o abraçar parecia que eu estava levitando, que eu estava abraçando nada, mas tudo ao mesmo tempo.
Nós ficamos assim pelos próximos minutos, o silêncio era confortável e familiar, a conexão entre nós no momento era inquebrável.
Kaulitz fazia carinho em meu cabelo de forma sutil e delicada, que me arrepiava por todo o corpo, seus dedos penteavam meu cabelo, sua respiração quente batia em meu rosto.
O abraço do Tom era tão confortável, eu poderia passar horas assim...
Nada fazia sentido, mas ter o conhecido era a única coisa certa na minha vida.
Ele fazia minhas tardes mais felizes e alegres, me fez sorrir depois de muito tempo triste.
Tudo com ele era normal e calmo, não era turbulento, nem errado.
TOM POV.
Eu hesitei em abraçá-la, mas sentir seus braços me rodeando me fez me arrepender de todas as vezes que eu quis a segurar e não fiz.
Sua respiração estava acelerada, assim como a minha.
Seu corpo pequeno parecia encaixar no meu, perfeitamente.
O mundo ficou silencioso, eu só ouvia sua respiração baixa e seus batimentos acelerados.
Seus cabelos macios estavam enrolados em meus dedos, eu a acariciava, enquanto tentava fazer esse momento durar para sempre.
Parecia que o nosso encontro, era para acontecer, era o propósito da minha vida.
Selena Bianchi era a razão pelo que eu esqueci dos meus problemas, e comecei a ser mais alegre e animado com a vida, eu via o mundo com novas cores, novos sentidos, novos olhos.
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Haunted boy || Tom Kaulitz
Fiksi PenggemarUma história curta, mas cheia de suspense e momentos que valem a pena a leitura ;) "Eu passava horas do meu dia, semanas, meses aqui, no hospital, esperando ansiosamente por minha mãe acordar, desejava com todo o meu ser ouvir com a sua voz que não...