02: I'm fun!

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SELENA POV.

Mais um dia que vou para o hospital , hoje decido atualizar o mural de fotos da minha mãe.

Entro no quarto, que era escuro e iluminado somente por uma fresta de sol.

A mulher se encontrava na mesma posição, com sua cama levemente levantada, seus cabelos estavam em duas tranças boxeadoras, e sua franja que batia no seu queixo estava solta.

— Oi mãe, tudo bem? — Pergunto não esperando uma resposta.

Eu sei que ela não vai me responder, eu sei disso, mas toda vez que passo por essa porta, meu coração fica um pouco esperançoso, mas se decepciona todas as vezes...

— Eu escrevi o refrão da música que eu te falei, posso cantar pra você? —Me sento na cadeira na frente da cama e tiro meu caderninho da mochila.

— Eu não sei se ficou muito boa, mas espero que goste. — Limpo a garganta, me sentindo observada, olho para os lados mas não havia ninguém.

— We'll get in your car and
You'll lean to kiss me
We'll talk for hours
And lie on the backseat
Uh-huh, uh-huh, uh
Uh-huh, uh-huh
And then one random night
When everything changes
You won't reply
And we'll go back to strangers
Uh-huh, uh-huh, uh — Paro de cantar, me sentindo mais observada ainda, olho para a porta e espero ver um rosto familiar.

Aquele rosto.

Desde que eu o conheci há alguns dias atrás, nunca mais me esqueci.

Mesmo o vendo por pouco tempo, seu rosto ficou gravado na minha mente, seus olhos cor de mel, seu maxilar marcado, suas tranças pretas, e seu detalhe mais marcante, um piercing preto no lábio.

Sua feição séria e obscura me fazia arrepiar, mas eu desejava a ver de novo.

Me perco nos pensamentos, minha mente viajava para longe, enquanto meu corpo continuava parado.

Meus pensamentos voaram para as minhas dúvidas agonizantes, sem respostas.

A escuridão deixada pelo garoto de tranças me instigava, me fazia cada vez querer falar com ele de novo e responder todas as minhas dúvidas.

Ouço um estalo vindo da janela, me viro rápido e vejo que minha bolsa havia caído no chão, me levanto e a coloco na mesa de novo.

— Você canta bem. — Uma voz masculina familiar surge atrás de mim, me fazendo pular de susto.

Coloco a mão no coração e viro devagar.

— Por que você sempre aparece de fininho assim? Algum dia eu vou ter um ataque cardíaco. — Falei, cruzando meus braços.

— Eu gosto. — Ele dá de ombros. — É muito engraçado ver você pular de susto. — Ele gargalha levemente olhando para baixo.

O ambiente que estava escuro e quieto agora estava aquecido pelo seu sorriso e presença.

Quando ele sorriu e me olhou com aqueles olhos profundos e penetrantes, as cores do mundo pareciam ter virado mais vibrantes.

— Ha ha. — Rio irônica. — Por onde você esteve? Não te vi por quase uma semana.

— Estava por aí, andando. — Ele entra no quarto, se aproxima da mesa e repara nas fotos em cima da mesma.

Ele as pega e começa a olhar todas, todas as fotos que eu estava, ele olhava atentamente, parecia procurar por cada detalhe do meu rosto.

— Fotos legais, são para que? — Ele perguntou, voltando seu olhar para mim.

— Eu vou colocar no mural, atualizar as antigas.
— Dou de ombros e vou para a porta.

— Ah, sim. —  O trançado diz, seus olhos correram por todo meu corpo, parando no anel no meu dedo.

Ele se aproximou, ficando a centímetros de mim e segurou minha mão, me puxando para perto de seu corpo.

Seu toque era gelado e pesado, ao mesmo tempo que aquece meu corpo e me fazia arrepiar, com a sutileza que ele segurava minha mão.

— É bonito, onde comprou? — O mesmo pergunta.

Era engraçado como ele parecia muito interessado em mim, por mais que eu nem soubesse seu nome.

— Era da minha avó. — Respondi.

Vejo um leve sorriso se formando em seu rosto.

— Que saudade da minha avó. — Sua voz era baixa e meiga.

— Ela faleceu? — Perguntei, ele riu levemente.

— Não, eu só não vejo ela há um tempo. — O garoto se vira, encarando as flores rosas.

— Por que você não vai ver ela? — Pergunto, ele olhou para mim por um tempo, mas desviou rapidamente.

O garoto ficou em silêncio, o ar ficou pesado e desconfortável, seus olhos estavam vidrados no chão.

— Entendi. — Acenei com a cabeça e fui até a porta, saindo.

Sinto passos apressados atrás de mim.

— Ei, onde está indo? — O sem nome pergunta, andando do meu lado.

— Para a cafeteria. — Falei, senti sua mão roçando na minha enquanto ele se aproximava.

— Você é muito séria. — Ele disse e riu, reviro os olhos. — Não sabe se divertir, não vai para uma festa, só fica aqui.

— Eu sei me divertir, sou divertida! — Falo indignada.

Eu sou divertida, mas só com amigos, portanto, com ninguém.

— Se você é tão divertida, vamos apostar uma corrida aqui. — Ele dá de ombros.

— Aqui não pode correr! — Olho para ele franzindo as sobrancelhas.

— Exatamente o que eu estava falando. — Ele bufa.

— Ei! Tá bom, vamos! — Respondo destemida, vou ganhar.

Alguns dizem que eu sou bem rápida quando quero, e quando tinha sete anos, meu pai me colocou em uma corrida.

Eu fiquei em segundo lugar, depois para celebrar, nós três fomos ao meu restaurante preferido.

*Flashback on*

— Mamãe, olha isso! — Falei animada, mostrando meu hambúrguer em formato de sorriso.

— Que lindo, meu amor! Agora come, antes que esfrie. — Sua voz era doce e meiga, sua feição era simpática e orgulhosa.

*Flashback off*

Sorrio lembrando dessas memórias felizes.

— Tá, 1... 2... 3! — Ele grita, começo a correr, mas quando olho para trás, o trançado ainda estava no mesmo lugar.

Olho para frente, pensando que já já ele vai correr.

Mas não o vejo correndo, olho para trás e ele não estava mais lá!

Olho para todos os lados, o procurando, mas quando olho para frente, bato de frente com o seu corpo.

Parecia uma parede firme.

— Aí! — Reclamo. — Como você...? Como chegou aqui tão rápido?! — Pergunto muito confusa.

Ele sorri e chacoalha a cabeça, em negação.

— Segredo... — Ele sussurra no meu ouvido, com a voz rouca e suave, me fazendo arrepiar.

Haunted boy || Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora