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Na madrugada de terça-feira, ela estava sentada no chuveiro, com as costas contra a parede, enquanto deixava o rosto cair sobre as mãos. O fluxo constante de água batendo nas paredes de linóleo encobria o som de seu choro. Ela sabia que seu pai estaria sentado à mesa da sala de jantar tão cedo, às cinco horas. Seria muito fácil descer as escadas, mas ela não conseguia encontrar sua voz.

Seu pai havia deixado que ela faltasse à escola no dia anterior, mas ele não conseguiu esconder as emoções que passaram pelo seu rosto. Lucius havia lhe contado tudo, compartilhando o segredo que ameaçava fazê-la desmoronar. Frank havia insinuado que ela poderia conversar com ele se quisesse; ele poderia ser uma parede silenciosa para ela desabafar, mas ela se fechou em seu quarto com todos os seus livros escolares.

Uma batida na porta a assustou. Seu pé se chocou com o suporte da banheira, o sabonete líquido esmagando o dedo do pé. "Droga", ela murmurou, lançando um olhar furioso para a porta. "Papai?"

"Não é o seu pai", foi a voz de Draco. O coração dela se apertou dolorosamente em seu peito. "Por que você não estava na escola?"

"Por que você está na minha casa às cinco da manhã?" Hermione esbravejou. "Vá embora, não quero falar com você." Ela se inclinou para a frente, aumentando a pressão da água. "Eu não respondi ontem por algum motivo."

"Não me faça arrombar essa porta, Granger", Draco ameaçou.

"Você não se atreveria. Estou nua."

"Eu sei que você está mentindo, Hermione." A voz dele se tornou gentil, mais suave ao lembrar de um dos motivos pelos quais ela poderia estar chorando no chuveiro.

Hermione olhou para suas roupas encharcadas, o short azul claro e a camiseta preta grudados nela como uma segunda pele. Seu cabelo estava emaranhado pela água, sem ser lavado desde aquela maldita festa horrível, e seus dedos já estavam enrugados. "Estou, mas ainda não estou usando sutiã, pois você me disse para não usar o creme para cicatrizes."

"Você quer dizer o creme para cicatrizes que eu tenho certeza que você não está usando?" Draco retrucou.

Hermione saiu da banheira, deixando a água gelada correndo, pois tinha certeza de que voltaria para dentro de seu lugar seguro. A água caiu no chão quando ela atravessou o pequeno banheiro e abriu a porta. A porta branca e simples bateu contra o batente e ela se deparou com seu melhor amigo de aparência desgrenhada.

Parecia que ele não havia dormido nas últimas 24 horas - como se tivesse acabado de sair da cama, já que estava sem as lentes de contato e tinha colocado os óculos. Foi a primeira vez que ela percebeu como eles eram bonitos nele. Ela sentiu seu coração gaguejar violentamente ao vê-lo.

"Sim?", gritou ela, e ele deu um passo apressado para trás. "Bem, me perdoe se eu não consigo alcançar, se eu não me sentiria confortável com meu pai fazendo isso e se a única pessoa com quem eu me senti confortável não esteve aqui!" Hermione terminou de gritar, com as bochechas encovadas enquanto ofegava.

Os lábios dele se separaram em choque. "Diga-me o que há de errado", disse ele, estendendo a mão para acariciar o braço dela. O rosto de Draco se abateu quando ela se afastou dele. "Hermione?", ele perguntou lentamente.

"Não há nada errado", Hermione engasgou, seus olhos se encheram de lágrimas e ela as enxugou rapidamente.

"Mentirosa."

"E daí, Draco? Não preciso lhe contar tudo. O que você quer saber? Que estou confusa e tenho problemas com garotos? Apenas saia daqui." Hermione se virou para o banheiro, parando no meio do caminho quando a mão dele agarrou a porta. "Por favor, me deixe em paz."

The Red String of Fate | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora