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Thiago

15 de abril de 2023
Morro do Boi, Itaim Paulista
Zona Leste, São Paulo.

Santos e Corinthians na televisão.

Dia de se estressar, papo reto.

Por mais que o Coringão não decepcionasse nunca, eu quase infartava toda vez que tinha jogo. A maior paixão da minha vida sempre foi e sempre seria o Corinthians. Sem zoeira, eu matava e morria pelo meu timão.

Sempre que tinha jogo, era a mesma parada aqui no morro. Os menor tudo piavam pro bar do seu Zêzo, e de lá nós torcia, brigava, quase matava e deixava o veinho rico.

Quando eu cheguei, já tava aqueles pique, fio. Grana na mesa, os cara apostando, se drogando, bebendo e discutindo.

Maior delícia.

Fui direto sentar do lado do Paulista. Ele olhou pra minha camiseta e deu maior sorrisão.

Paulista: Chegou o meu parceiro.

Fiz um toque com ele.

O Tavin e o Alvarenga começaram a reclamar pra caralho, falando que era melhor eu ter ficado em casa.

Thiago: E daí? Se eu ficasse em casa nós ia ganhar da mesma forma.

Alvarenga: Ah, sai daí. Só fala merda esse cara.

Neguei com a cabeça, me sentando na cadeira.

Tavin: Vai quebrar a cara bonito!

Eu ia responder. Mas o Jacaré se aproximou na hora, com mais dois manos armados, grudados nas costas dele. O cara esticou a mão pra mim, e eu apertei.

Jacaré: E aí, Haridade. Suave?

Thiago: Na paz.

Jacaré: Vamo ver até quando vai durar a paz de vocês - falou, tirando uma com a minha cara, e se sentou na cadeira do lado do Tavin. Os outros caras que estavam junto com ele, foram até a porta do bar, fazer a proteção - O que vocês querem beber?

Vi a camiseta do Santos pendurada no ombro do Jacaré, e essa era umas parada que atormentava muito a minha cabeça. No papo limpo. Como que um cara, fanático pelo Santos, tinha um filho que torcia pro Corinthians?

Tipo assim... se fosse comigo, eu jogava no lixo.

O Paulista manjava das paradas e escolheu o time certo pra torcer. Mas toda vez que eu via essa fita, ficava me perguntando o que eu faria se tivesse um filho, e ele não torcesse pro Corinthians.

Acho que me matava, ou matava a criança. Não tinha amor maior do mundo, do que meu amor pelo meu time.

Tavin: Dormiu, fi? - perguntou, dando um chute embaixo da mesa.

Tinha viajado pra caralho nos meus pensamentos e nem me liguei que a cerveja já tinha até chegado. Eu ia beber pouco, não tava muito afim.

Os menor ficaram conversando sobre várias paradas e eu fiquei de boa, ouvindo e olhando pra televisão, esperando o jogo começar.

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