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Thiago

06 de Agosto de 2023
Vila Aurora
Zona Norte, São Paulo.

Depois de passar ruim a madrugada toda, a Lívia acordou e até ficou bem durante o dia, mas quando anoiteceu ela voltou a ter febre e ficar pra baixo.

Minha mãe colocou maior pilha na minha cabeça e eu arrastei a garota pra ir no hospital.

Tava cansado pra caralho, mas ela tinha que ver esse negócio, porque não tava nada bacana.

Larguei meu celular quando vi a Lívia voltando de dentro da sala do postinho, com um monte de papel na mão e com o um algodão amarrado no braço.

Thiago: E aí.

Ela se jogou na cadeira do meu lado, colocando a cabeça no meu ombro.

Lívia: Tô cansada - suspirou - Me deram remédio na veia e tiraram o meu sangue. Refizeram os testes de dengue e covid, mas continua negativo.

Thiago: E aí?

Lívia: O médico falou que é virose forte mesmo. Nos exames apareceu que a minha imunidade está baixa, por isso que não estou curando. Me pediu pra tomar umas vitaminas e disse que vou melhorar - ela me encarou, com a pior cara - Eu tô ouvindo isso já tem duas semanas.

Thiago: Tá vendo? Tu fica com essas tuas palhaçada de dieta pra não engordar e agora teu corpo não tá bom pra matar uma gripe - ela fechou os olhos - Vamo bora na farmácia?

Lívia: Não precisa. Me leva pra casa e lá eu compro.

Olhei pra ela sem entender.

Thiago: Pra tua casa?

Lívia: Ué, sim, né? Hoje é domingo.

Thiago: Tu não veio semana passada já, pô. Fica lá com nós.

Lívia: Mas eu tô assim - ela resmungou - Não quero ficar lá assim.

Thiago: Mas vai ficar.

Me levantei da cadeira, puxando ela pra levantar também.

Lívia: Eu não tenho forças pra discutir com você.

Thiago: Então só aceita, parceira.

Lívia: Não sou sua parceira, sou sua namorada - ela corrigiu.

Fiquei quieto mas continuei andando, porque nem tinha pensado na parada com essas palavras ainda. Me pegou de surpresa ouvir a Lívia falando.

Ela entrou no carro, se encolheu no banco e fechou os olhos pra dormir, já que nem tinha dormido noite passada. Eu parei na farmácia no caminho, e peguei os papéis que ela trouxe do médico pra comprar a vitamina. Depois parti pra casa, e acordei ela. Mas ela só tomou os remédios, e foi pra cama, morrendo de sono.

Resolvi avisar o Jacaré, porque certeza que ela não tinha falado nada, e ele ia me estressar depois.

Ele atendeu no segundo toque.

Jacaré: Opa - falou, do outro lado da linha.

Olhei pro meu quarto, mas continuei na sala, vendo a Lívia que deitou bem no meio da cama e se cobriu.

Thiago: E aí, Jacaré. Tô ligando pra falar da Lívia.

Jacaré: E o que que tem a minha filha, truta? - ele mudou totalmente o tom de voz - Cadê ela?

Cocei a minha nuca.

Porra de homem neurótico do caralho. Me deixava perturbado.

Thiago: Ela tá dormindo. Ficou ruim a noite mais uma vez e levei no médico. Ela tomou remédio e tá dormindo, achei melhor nem levar ela pra casa, pra poder descansar.

Jacaré: E o que tem na tua casa que não tem aqui? - fiquei quieto - Aqui tem eu e os irmão dela. Deixa eu falar com ela aí.

Thiago: Ela já dormiu, pô.

Jacaré: O que o médico falou?

Thiago: Mandou ela tomar vitamina, disse que as parada tão baixa.

Jacaré: Parada... que parada, jão?

Caralho, bichão era chapa quente.

Thiago: Imunidade. Essas coisa aí.

Jacaré: E aí? Tu comprou?

Thiago: Aham.

Jacaré: Que bom, né? Obrigação de homem.

Tiração. Tá maluco.

Thiago: É isso. Tô avisando pra tu não vir com tuas neurose pra cima de mim.

Jacaré: Ah, mas é mó engraçado ver tu peidando - ele zoou com a minha cara, mas depois já mudou todo - Tu cuida da minha filha e traz ela pra casa amanhã. Quero ela aqui.

Thiago: Demorô.

Jacaré: No mais, liga aí que eu tô de plantão.

Só respondi com um "Jaé" e desliguei.

Comi na minha paz, porque a Lívia ficou dormindo. Depois tomei meu banho e fumei um baseado antes de ir pro quarto. No dia seguinte ia ter que sair com o Cobra pra pegar a grana do campeonato e ver se tinha surgido algum patrocinador querendo investir na minha carreira. Nem era bom ir dormir tão tarde.

A patricinha continuava deitada no meio da cama, como se fosse a dona do quarto.

Empurrei ela pro canto, e o sono era tanto que ela nem acordou. Só se ajeitou e abraçou o travesseiro que era meu, no caso.

Tive que me contentar em colocar uma coberta atrás da cabeça, porque nem dava pra dormir sem o meu travesseiro.

Olhei pra ela dormindo, como se não me desse a dor de cabeça que sempre dava. E nem parecia ser aquele chata que só reclamava.

Bonita, pô. Pra caralho mermo.

Tinha ficado ainda mais bonita com aquele cabelo.

Eu tava amarradão nessa filha da puta. Já tinha entendido que eu era um maluco do caralho e que ela nem tava inventando doença nas duas ultimas semanas. Ela tava mal mermo, e eu só queria que aquilo passasse pra ela poder voltar a ser a minha Lívia doidinha e surtada de sempre.

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