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Lívia

15 de Setembro de 2023
Vila Aurora
Zona Norte, São Paulo.

Eu super estava tentando me concentrar nos livros espalhados encima da cama, mas estava impossível, com o barulho do Thiago acertando o punho no saco de pancadas a cada dois segundos.

Liguei uma música, tentei pegar um ar, mas não tinha a menor condição.

Era sexta-feira, e ele nem iria treinar fora de casa. O chá do bebê iria acontecer no sábado, e assim como eu, ele só queria aliviar a cabeça de tanta ansiedade, mesmo que jamais fosse admitir.

Resolvi deixar os livros de lado. As provas estavam chegando e eu precisava estudar. Com todo o lance do neném, e da minha mãe saindo da prisão, tenho que confessar que acabei relaxando e fiquei alguns dias sem nem abrir um livro. Mas daquele jeito, não tinha condições.

Senti a fome batendo e fui até a cozinha, vendo o relógio marcar que já era uma hora da tarde e nós nem tínhamos almoçado ainda.

Confesso que a cozinha ainda era a parte da casa que mais me assustava. Eu simplesmente tinha zero dom pra cozinhar, então nós acabávamos comendo na Dandara, na rua, ou pedindo alguma coisa. Vez ou outra o Thiago até arriscava, mas ele não curtia.

Tirei o meu celular do bolso, procurando alguma receita que fosse boa e fácil o suficiente pra eu não colocar fogo na casa.

Vi o meu namorado me olhando através da janela da cozinha, mas ele logo voltou a chutar o saco.

Eu que cozinhasse sozinha.

Quando vi a receita do escondidinho de carne, chegou a me dar água na boca e nem parecia tão difícil assim de fazer. Então, comecei a separar tudo o que pedia no meu celular e coloquei encima da mesa.

Eu já tinha aprendido a fazer salada, e essa era a parte que eu mais gostava, porque me sentia super independente.

Thiago: O que tá fazendo? - ele perguntou.

Levei um susto e larguei a faca de volta na mesa.

Estava tão concentrada em cortar as batatas direito, que nem reparei que ele tinha parado de treinar, e entrou em casa.

Sem camiseta, todo suado... me deu água na boca de novo.

Lívia: Comida.

Ele sorriu de lado, tentando prender o riso.

Thiago: Se ficar cortando a batata desse jeito, não vai sobrar nada pra comer.

Ele virou as costas, e lavou a mão na pia da cozinha. Acompanhei cada movimento com o olhar. A comida nem parecia mais tão interessante assim.

Lívia: Você é tão gostoso.

Vi o corpo dele tremendo, quando ele riu, ainda de costas pra mim.

Thiago: Eu tô ligado.

Franzi o cenho, e cruzei os braços.

Olha ele, todo pra frente, né?!

Lívia: Tá ligado? Como assim tá ligado? - ele deu a volta na minha cadeira, e abaixou, até ficar com seu rosto na altura do meu pescoço - Sai daqui, tenho uma faca.

NOCAUTEOnde histórias criam vida. Descubra agora