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Meu corpo balançava de uma forma sem sincronia, de um jeito que causaria enjoo em poucas horas. Atentei ao som de acordo como ia abrindo os olhos e tentando saber onde estava. Esse barulho era de água? Melhor: mar? Sentei na cama e assim que fiz isso minha cabeça bateu em algo duro e rígido, olhei para cima e vi que se tratava de uma beliche. Eu estava em um quartinho minúsculo acoplado com várias beliches, uma verdadeira lata de sardinha. Passei a mão em meu antebraço esquerdo que estava dolorido e senti uma dor ainda mais intensa, olhei o local e vi a queimadura em meu braço que tanto evitei: o símbolo Skaikru. Agora estávamos todos iguais cavalos; com nossos carimbos para mostrar quem eram nossos donos. 

Levantei da cama e fui abrir a porta, assim que fiz isso me dei de cara com o próprio oceano. Um suspiro de surpresa escapou por meus lábios e senti uma onda de emoção ao ver aquele azul lindo da água e o vento em meu rosto. Não se via mais nada; apenas água e o céu, mas não deixava de ser lindo em comparação onde vivi nos últimos 7 meses. Eu me sentia livre de alguma forma, e... Feliz. Meu pai e minha mãe amariam ver o mar, em como os livros não contavam nem a metade de como ele realmente era. 

—Vista linda não é, princesa? 

Virei rapidamente e me deparei com um jovem do meu lado apoiado na borda do barco. Ele era alto, cabelo caído sobre os ombros e de uma expressão suave.

—Prazer, eu sou o...

—Finn Collins, o garoto que estragou mais de 1 ano de combustível para dar um passeio de barco. Você é famoso. 

Ele sorriu para mim.

—Não mais que você, Clarke Griffin.

Nesse momento eu apenas queria socar a cara dele bem forte por tamanho afronte, mas nunca fui de violência então precisava me controlar. Se bem que essa nova fase da minha vida iria exigir tudo de mim.

—TERRA A VISTA! — Alguém gritou.

Eu e Finn viramos em direção a voz e vimos todos amontoados na proa do barco. Corri até lá e tomei espaço entre todos até conseguir ver montanhas ao longe tomando forma cada vez mais. Todos comemoravam animados, não consegui conter a alegria e vibrei junto. Era quase inacreditável ver que eu tinha realizado meu sonho, que eu estava livre... 

Uma nova  vida me esperava.

Desci do barco e fui logo tirando meus sapatos para poder sentir a areia da praia em meus pés, era fria e deliciosa. Uma brisa soprou meu cabelo fazendo-o voar, até o sol ali parecia ser mais quente e brilhoso, dando uma tonalidade ainda mais clara do loiro do meu cabelo. 

—Seus olhos ficam ainda mais azuis aqui, princesa — Virei e vi Finn vindo em minha direção, igualmente descalço — E aí, o que tá achando do nosso novo lar? 

—Desconheço algo melhor — sorri — aqui é o paraíso na terra. 

—Voltamos, galera! 

Octávia gritou enquanto corria em direção a ilha, logo todos correram também a acompanhando. Poderia se dizer que erámos os adolescentes mais sem limites e regras que existiam, motivo pelo qual fomos presos tão cedo por nossas delinquências. 

Assim que todos se afastaram, e por Deus Finn também, peguei o mapa que trazia escondido sobre a saia do vestido e tentei nos localizar. O certo era termos desembarcado no cais de Pólis, próximo a aldeia de um dos povos Trikru, mas estamos numa ilha desabitada e sem sinais humanos. Quem será que era o piloto desse barco? Provavelmente não tinha um pingo de noção de como navegar.

—Pensei que você iria demorar mais para acordar.

Virei e vi Wells se posicionando ao meu lado. Não podia ser, com certeza era um pesadelo. 

Universo The 100 - Clarke e Lexa (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora