Universo The 100 - Clarke e Lexa (livro 1)

15

Clarke

Acordei com a luz do sol em meu rosto. Virei para o lado e vi Lexa dormindo calmamente ao meu lado, a luz iluminava todos seus traços mostrando cada detalhe. Virei e apoiei a mão na cabeça de forma a olhá-la. Era tão linda, tão perfeita... Eu a amava de um jeito que chegava a doer. Nunca fui tão amada do jeito que ela me ama, ninguém nunca fez coisas por mim do jeito que ela fazia. Parecia que tudo ficava mais fácil para ela quando estava ao meu lado, nunca a vi sorrir ao lado de ninguém, nem mesmo de quem estava a mais tempo que eu. Eu a fazia bem.

Não posso dizer que tive uma péssima vida, apenas ficou um pouco difícil depois que meu pai morreu, mas depois que encontrei Lexa, tentava imaginar como era minha vida antes dela, e eu simplesmente não conseguia. Seu amor superou todas as angústias que eu tinha, tirou todas as minhas preocupações. Ao lado dela eu conseguia ver um lado meu capaz de tudo e qualquer coisa, parecia até que foi a peça que faltava no quebra-cabeça do meu destino, que agora estava completo.

—Quanto tempo está acordada? — Ela disse me encarando com aqueles olhos que eu tanto amava, agora estavam mais claros ainda por conta da luz.

—Não muito — toquei seu rosto — estava admirando a beleza da minha mulher dormindo, um verdadeiro anjo. 

Lexa me presenteou com seu sorriso e aproximou-se selando nossos lábios. Estiquei-me de modo a ficar por cima do seu corpo. Ela passou os braços em minhas costas me abraçando.

—Você trancou a porta? — perguntei — Eu não me sentiria confortável com Titus ou Indra entrando aqui e nos vendo peladas. 

—Então é melhor a gente se cobrir por precaução — Lexa puxou o lençol e cobriu nossos corpos — O que minha rainha quer fazer hoje? Dedicarei meu dia inteiramente a você.

—Lexa, não pode deixar seu trabalho para ficar comigo, prometo que todas as noites estaremos juntinhas sem assim precisar atrapalhar uma a outra.

—Quem disse que você atrapalha? — ela esticou o pescoço para me olhar — está tudo calmo, nenhuma guerra, nenhuma batalha... Quando aparecer alguma coisa meu povo me procura. 

—Tudo bem — falei colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha — quero aprender a usar uma espada. 

—Só uma espada? 

—De início é, depois vamos avançar para mais. 

—Seu pedido é uma ordem — fez reverência para mim — Vamos tomar outro banho juntas e irmos treinar. 

—Mais um banho? — falei me jogando na cama.

—Um banho e mais uma coisa — falou dando um sorriso safado acompanhado de um beijo. 

Semanas depois

—É só isso que você consegue fazer? — Indra disse rodando a espada na mão vindo na minha direção.

Em um golpe ela me atacou e me defendi rápido, ela continuou atacando e eu defendendo, até que por um descuido baixei a guarda e com um impulso minha espada voou para longe e ela chutou meu peito. Bati com toda força no chão a ponto de ficar sem ar. Porra, eu odiava treinar com a Indra, ela sempre pegava pesado.

Fiquei logo com raiva e levantei já agarrando a minha espada, preparei-me e a ataquei com toda vontade. Ela se defendia como podia assustada com meu pique de energia do nada, eu atacava sem dó e muito rápido. Com o cabo da espada golpeei seu rosto fazendo a cambalear, aproveitei a deixa e dei uma rasteira fazendo-a cair com o mesmo impulso que fez comigo, em seguida coloquei a espada em sua garganta e sorri.

—Você cai assim fácil, Indra? 

Ela levantou a mão se rendendo e a estendi a mão para ajudá-la a levantar. 

—Pausa de meia hora — ela disse virando-se nada satisfeita por ter sido derrotada por sua aprendiz. 

Sentei no tronco de árvore e peguei meu cantil para beber água. Eu estava ficando cada dia melhor com a espada, não me garantia numa guerra já, mas poderia me defender com o pouco que sabia. Lexa vem acompanhando minha evolução de perto e me parabenizava toda vez, que sempre era na cama. Ela ainda me devia uma batalha entre nós duas, mas estava com muitas coisas para resolver, sem dúvidas seu cargo exigia muito dela, ser Heda era doar-se totalmente. 

—Você teria acabado com aqueles ceifadores rapidinho se tivesse essa mesma habilidade de hoje — Raven disse chegando até mim. Ela usava as mesmas roupas que todas as guerreiras e não largava se arco, coisa que aprendeu muito rápido com a ajuda de Luna e Lincoln. 

—Preciso melhorar mais, tô dando muita bobeira — falei terminando de beber a água. Raven sentou ao meu lado e ficou em silêncio, mas por sua postura sabia que queria alguma coisa — Você está bem?

—Sim — Ela sorriu — É que... A Luna já conseguiu resolver o problema com os ceifadores, não vamos mais precisar construir nosso próprio reino, logo não precisarão mais da minha ajuda — ela coçou a cabeça pensando nas palavras, depois estendeu a mão para mim, mostrando o anel com uma linda pedra azul em seu dedo.

—Meu Deus, Raven, é lindo — segurei sua mão admirando a pedra — Foi a Luna? — Perguntei de idiota, já sabia a resposta.

—Estamos noivas — ela disse sorrindo abertamente e abri a boca surpresa.

Após uns segundos olhando para ela a ficha caiu sobre o que ela queria me dizer com aquele assunto.

—Raven — meu coração apertou — Você vai embora com a Luna?

Ela confirmou com a cabeça.

—Tá tudo bem pra você? — Ela perguntou apertando minha mão — Você é a rainha, se ver que precisa de mim aqui eu...

—Ei — interrompi sua fala — Seja feliz. Você merece isso e muito mais, Raven — as lágrimas já desciam por meu rosto — Você sempre será uma ótima amiga, nos conhecemos desde criança e sempre te admirei. Dedicou sua vida inteira em ajudar e fazer favores a todos com sua inteligência absurda, é hora de você olhar pra si mesma e fazer sua história. Eu não poderia imaginar alguém melhor do que Luna para te proporcionar toda a felicidade que precisa, ela te faz muito bem.

—Obrigada — ela me puxou para um abraço chorando — Só precisava da bênção da minha rainha para ir em paz. 

—Quando irá partir? — Perguntei interrompendo o abraço para lhe olhar.

—Amanhã de manhã.

—E você veio me dizer isso só hoje? Não vou aproveitar quase nada ao seu lado — Falei indignada. 

—Eu estava com medo da sua reação, caso ficasse brava não iria ficar muito tempo te vendo me odiando.

—Eu jamais iria impedir você de fazer suas escolhas e ser feliz, para de besteira.— falei e ela riu.

—Quero que você seja minha madrinha de casamento.

—É sério? — falei surpresa.

—Sim, você e Lexa. Mas acho que a Heda não pode atravessar o mar para ir até o casamento de uma simples súdita arriscando a vida.

—Para vai. Você sabe que a Lexa com certeza vai aceitar e principalmente ir. Ela ama a Luna e são amigas desde criança também.

—Tudo bem — ela levantou — Acho melhor eu começar a arrumar as malas. 

—Só não te ajudo porque a Indra não vai ficar em paz enquanto não se vingar de mim nesse treino.

—Não tem problema, mais tarde a gente se encontra. — Ela disse virando pra sair, mas logo voltou — Ei, Clarke — olhei para ela — Você é incrível no que faz, nunca se ache menor do que as dificuldades, você tem um poder maravilhoso.