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Octávia

—A rainha Clarke do Povo do Céu foi sequestrada — Lexa dizia de cima da arena onde acontecia os comunicados, todos do reino estavam ali presentes após o sino ser tocado indicando que a Heda tinha um comunicado — e ela foi sequestrada por alguém daqui de dentro do nosso reino. Como sei que ninguém irá se entregar ou entregar quem fez isso, eu mesma farei questão de descobrir por mim mesma. Mas como isso é menos importante, todos nós iremos as buscas por ela. Quem mais iria querer o mal da rainha do Povo do Céu? Quem foi contra a coalizão dos skaikrus? Isso mesmo, os Azgeda. Quero que todos vocês se preparem para marcharmos até lá daqui a duas horas. Encontro todos vocês no portão e partiremos. 

Se já estava ruim para nós skaikrus nos tornarmos próximos mais ainda dos demais clãs, piorou agora com o sumiço da nossa rainha. Se ela estiver morta já era, seremos tratados como lixo. Clarke pensa que nossa vida aqui dentro do reino com os trikrus é mil maravilhas, isso porque ela tem o próprio quarto no castelo e um assento ao lado da Heda, não precisa dividir a casa com ninguém e muito menos ter que aturar as caras feias, tudo só não é pior pra mim por causa de Lincoln. 

Lexa saiu da arena e todos se colocaram a dispor para se organizarem para sair. Peguei minha espada e caminhei até a minha tenda para me preparar para sair. Precisava trazer Clarke bem e viva, apesar de não gostar muito dela eu a admirava, se fosse eu no seu lugar ela com certeza iria atrás de mim sem pensar duas vezes, mesmo sendo a chata que é, se preocupa com seu povo. Assim que saí da tenda já preparada me dei de cara com Bellamy me esperando do lado de fora. 

—Pensei que estava com sua namorada azgeda. — falei passando reto por ele.

Fazia um tempo que Bell andava de chamego com uma tal de Echo, ela não era permitida entrar em nosso reino sem alguma autorização, os azgeda eram um pé no saco e queriam sempre uma brecha para nos atacar. Sempre que eu ia caçar com Bell ela sempre o estava esperando em algum ponto no meio do caminho, daí adiante eles sumiam por horas enquanto eu caçava. Aquilo só me deixava chateada por Bellamy sempre me deixar sozinha caçando e ir com ela, por isso sempre fazia questão de ir embora sem ele. 

—Você vai ajudar nas buscas? — ele perguntou segurando meu braço para parar e olhá-lo.

—Você não? 

—Porquê ajudar a procurar a Clarke? 

—Ela é nossa rainha, Bell. Devemos isso.

—Mas pra quê? Você nem gosta dela.

—Não se trata de questões pessoais, mas do nosso povo.

—Você sabe muito bem que não precisa ir atrás dela, não faria um pingo de esforço, porquê isso agora? Até ontem queria a cabeça dela. 

—Não tô te entendendo, Bellamy... — Falei o olhando com dúvida.

—Oc, eu...

—Você tem alguma coisa haver com o desaparecimento dela? — perguntei baixinho.

Ele não disse nada, apenas suspirou fundo e ficou a me encarar.

—Porquê você fez isso, Bellamy? Tá maluco agora seu idiota? — Eu empurrei o peito.

—Já viu como nossa vida seria diferente se a rainha do gelo fosse nossa comandante? — ele disse ainda baixo.

—Já sim, seria pior do que já é. Aliás, já teríamos sido mortos há muito mais tempo.

—Não pensa assim, Octávia. A rainha Nia vai nos dar uma qualidade de vida bem melhor que essa que temos assim que derrubar Lexa do poder. E ela já começou, capturou a peça mais importante do xadrez dela; a Clarke.

—Eu não tô mais te conhecendo, Bell. Você pode ser qualquer coisa, menos o de antes. 

—Oc, por favor, confia em mim...

—Não — puxei meu braço que ele insistiu em segurar — se você não fosse meu irmão e eu não te amasse, iria agora mesmo até Lexa dizer que foi você quem fez isso. — Pude sentir as lágrimas quentes eu meu rosto — Mas relaxa, seu segredo tá guardado comigo. Então seja menos cara de pau e finja ajudar a procurar, e se atrapalhar, eu mesma corto sua cabeça, e você sabe que eu não irei sentir um pingo de remorso.

Saí de perto dele e caminhei até o portão onde muitos já se reunião. Sinceramente, sair de Arkadia para Pólis foi uma mudança radical na vida de todos nós; eu não era mais a mesma e meu irmão muito menos.

Clarke

Abri os olhos quando a porta da cela foi aberta. Adaptei minha visão e logo uma forma humana ocupou a claridade e se pôs em minha frente. 

—Olá, Rainha do Povo do Céu. — Eu conhecia aquela voz. Era da Rainha Nia — Lamento tê-la trazido assim sem um convite decente, mas foi necessário. 

Eu não dizia nada, apenas fiquei parada em meu canto sem olhar para o nada respirando fundo de ódio. 

—Acabei descobrindo o ponto fraco de Lexa — ela se abaixou na minha frente — tão nojento essa relação de vocês duas, onde já se viu mulher com mulher? Vocês merecem uma morte dolorosa e lenta... Mas não se preocupe, eu irei fazer isso para vocês, começando por você.

—Eu vou te matar — falei cuspindo na cara dela.

Nia apenas fechou os olhos e recuou um pouco, passou a mão no rosto e se levantou. 

—Lexa ficará feliz em receber sua cabeça numa bandeja na cama dela, um belo presente pela morte do meu filho. — Nia deu as costas e olhou para os guardas na porta — Deem uma lição nela, mas deixe-a viva e consciente. 

A última coisa que vi foi ela saindo da sala antes das sequências de porradas e chutes. Os próximos minutos foram sem dúvidas a definição de tortura. Após apanhar muito, eles amarraram minhas mãos atrás das costas e saíram do quarto me deixando lá novamente sozinha e no escuro. A inconsciência veio logo em seguida, e foi bom, eu não aguentava mais as dores. 

**

Acordei novamente quando a porta foi aberta e fechada logo em seguida. As dores estavam em meu corpo todo e pude sentir alguns pontos do meu rosto inchado. Uma luz meio forte ficou em frente ao meu rosto me fazendo piscar.

—Ei, acorda — a voz de uma mulher que não era Nia falou — Você precisa sair daqui rápido, a rainha Nia vai mandar os guardas te levarem até a sala de julgamento e cortar sua cabeça para mandar a Lexa. 

—Quem é você? — perguntei olhando agora para o rosto da mulher com traços fortes, ela era bonita.

—Echo. Consegue levantar? — Ela pegou meu braço e me ajudou a levantar.

Com muita dor consegui ficar de pé, minhas costelas e estômago doíam demais, mas as pernas e braços estavam bem. Parecia que eu tinha sido arremessada de um penhasco e batido em mil pedras pelo caminho. 

—Do lado esquerdo desse corredor tem uma porta, eu a deixei aberta para você sair. Não tem nenhum guarda lá pelos próximos 10 minutos, eles estão sendo orientados para o ataque que estar por vir.

—Ataque? 

—Sim, a Lexa organizou um exército para vir te resgatar, exatamente como Nia quis. Assim que a Heda chegar aqui Nia irá até ela com sua cabeça nas mãos e entregá-la. Mas isso só irá acontecer se você continuar aqui me perguntando coisas em vez de fugir. Esse caminho vai te levar para a mata, pegue o norte e chegará em Pólis sem ser vista. Vai agora — ela disse me virando de costas e cortando o nó em minhas mãos.

—Porquê está me ajudando? — Perguntei antes de sair.

—Se Nia se tornar a próxima comandante dos 13 clãs, será o fim de todo nosso país e o que era um dia uma nação unida e conhecida no mundo todo, será apenas um holocausto famoso. Leve isso com você — ela me entregou uma pequena adaga.

—Obrigada, Echo. — Agradeci antes de sair.

Eu não iria fugir coisa nenhuma. Eu iria atrás de Nia. Se ela viesse aqui e não me encontrasse, iria matar Lexa e todo meu povo, e isso só iria acontecer se eu deixasse. 

E eu iria matá-la assim como prometi.



Universo The 100 - Clarke e Lexa (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora