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Lexa me esperava na porta do reino com nossos cavalos. Caminhei a passos rápidos até lá sendo cumprimentada com saudações de quem encontrava no caminho. Meu título de rainha havia sido mais reforçado e ficado forte, mas eu não sei se queria ser também rainha da Nação do Gelo. Esqueci esse pensamento e foquei apenas em chegar logo onde minha mulher que me esperava ansiosa no portão. 

Ela estava com sua habitual maquiagem de Heda e a engrenagem na testa, suas roupas eram de guerreira e duas espadas pendiam em suas costas. Íamos para uma luta e eu não estava sabendo? Estranho. Cheguei perto dela e Gutus me entregou o cabresto de Árion, meu menino estava bem, pensei que havia se perdido na floresta depois de Bellamy me levar. Segurei o mesmo e passei a mão no rosto do cavalo.

—Vamos para alguma guerra, amor? — perguntei assim que Gutus nos deixou.

—Não — ela sorriu olhando para si mesma — Não posso sair do reino sem meu preparo de Heda e sem alguma arma, já que vou sem nenhum guarda. Você está verdadeiramente linda.

Lexa me puxou pela cintura e me beijou num beijo apaixonado. Interrompi o beijo e olhei para os lados.

—Não se preocupe, todos sabem que eu namoro a Wanheda. — Ela disse beijando minha bochecha. 

—Como reagiram? 

—Como você queria que eles reagissem? 

—Ah, sei lá, relacionamentos do mesmo sexo são vistos como uma "doença". — Falei lembrando da fala de Nia e sentindo nojo em lembrar daquilo.

—Eu sou a Heda, minha rainha — ela segurou meu rosto fazendo-me olhá-la — eu faço as escolhas, tomos as decisões, atitudes e quebros as leis. Seremos uma representação de que mulheres podem ficar com mulheres e homens podem ficar com homens. O amor não tem regras e muito menos leis a serem seguidas. Iremos encorajar outras mulheres a amarem quem elas querem sem medo de serem julgadas, ficaremos na história e iniciaremos um legado. 

Após ouvir suas palavras pude sentir meu peito enchendo de emoção, e dessa vez fui eu quem a beijei de volta. Eu poderia ter errado em muitas coisas, menos na decisão de ter escolhido ela para ser minha mulher. 

Nos separamos e montamos em nossos cavalos, os portões foram abertos começamos a sair. Tal ato me fez lembrar do passado e queria compartilhar com ela. 

—Antes de ser presa em Arkadia, — comecei a falar enquanto andávamos devagar em direção a floresta — Eu e meu melhor amigo Wells saíamos todas as noites de lua cheia e cavalgávamos pelo reino até nosso lago para admirar a lua. Mas, competíamos em quem corria mais rápido e quem chegava primeiro, quem perdesse devia o café da manhã inteiro para o outro. 

E assim aticei meu cavalo e ele saiu em disparada floresta a dentro. Olhei para trás e vi Lexa vindo rápido também, acelerei mais ainda afim de deixá-la para trás. Quando menos esperei ela estava ao meu lado me acompanhando, olhei para ela que sorria com seu cabelo voando e se divertindo com tudo aquilo, parecia que o tempo se movia em câmera lenta enquanto ela corria e eu a olhava sem esconder minha cara de apaixonada. Quando pisquei, Lexa já havia passado de mim e ia a todo vapor na frente. 

Regra número 1: o amor te fazia de trouxa muitas vezes. 

Foi o que aconteceu comigo agora. Me distraí contemplando a beleza dela e fui colocada pra trás. Tentei fazer Árion ir mais veloz mas ele não conseguiu ir mais do que já estava. Lexa começou a parar e eu fiz o mesmo, ela virou com o cavalo e me olhou ainda com aquele sorriso maravilhoso no rosto.

—Espero que tenha comido bastante da comida que te levei — ela disse sorrindo e saltando do cavalo.

Quando fui fazer o mesmo Lexa me impediu e segurou em minha cintura, me ajudando a descer. Assim que meus pés tocaram no chão ela me puxou num abraço e me rodou em seus braços. Olhei para além dos seus olhos e vi que estávamos em uma floresta escura, só não estava mais por conta de algumas flores fluorescentes espalhadas por todo canto, vagalumes por todos os lados acima da nossa cabeça deixava tudo mais claro, iluminando o rosto de Lexa. Eu nunca tinha visto aquilo antes, muito menos flores e insetos daquele jeito. 

—Aqui é a casa dos Trishana Kru, a Floresta Brilhante — Lexa disse enquanto eu ainda fitava boquiaberta cada detalhe daquele lugar. 

—Meu Deus, Lexa — eu estava parecendo uma idiota — É muito lindo.

—Aqui é mais, vem — ela me puxou pela mão e me levou até uma pequena relva totalmente brilhante que eu ainda não tinha visto. 

Minha garota abriu espado por entre as folhas cintilantes e entrou me levando junto, assim que passamos, meu queixo caiu quando vi que estávamos numa pequena cabana feita de folhas com flores fluorescentes de todas as cores, e ao meio tinha um poço coberto de musgo com o mesmo brilho. Caminhamos até lá e ficamos na beira dele, olhei para baixo e a água azul cristalina batia nas pedras do poço fazendo aquele leve barulho de água. 

—Aqui é nosso santuário — ela disse após uns segundos — Mas o santuário somente daqueles que trazem o amor no coração. Se conseguimos entrar sem ficarmos presas na parede significa que temos amor até demais — Lexa sorriu apertando minha mão.

Sorri e continuei a olhar o poço e ao redor. Nem nos meus mais maiores e profundos sonhos que eu seria capaz de imaginar que esse lugar existia, parecia conto de fadas e coisas da minha imaginação de quando era criança.

—Nesse poço, você fica aqui e pede na sua mente para que Ele proteja todos aqueles que amamos e que eternize cada um na vida do outro, fazendo um outro pedido logo depois. Vamos fazer nosso pedido? — Perguntou.

Confirmei e Lexa logo se posicionou e fechou os olhos. Aproveitei a oportunidade e procurei a caixinha que eu trazia em meu bolso, abri e vi que o anel com a pedra negra e o outro com a pedra vermelha ainda estava lá. Respirei fundo já sentindo o nervosismo subir por meu corpo e me ajoelhei em sua frente, ela ainda estava de olhos fechados, assim que abrisse me veria ali ajoelhada. Não demorou muito até ela fazer isso, de início me procurou por cima, mas depois desceu os olhos e me viu ali. Ela abriu a boca surpresa e logo sorriu timidamente.

—Lexa kom Trikru — comecei a falar sentindo minha voz falhar — você aceita ser minha esposa? 

Pela luz fraca emitida das flores pude ver seus olhos brilharem e uma lágrima descer por seu rosto. Que ela diga sim, que ela diga sim... Pedi em minha mente.

—Claro que eu aceito — ela disse pegando em minhas mãos e me fazendo levantar.

Tirei o anel com a pedra negra da caixa e peguei sua mão, com delicadeza deslizei o mesmo por seu dedo que coube perfeitamente bem. Entreguei o meu a ela que ainda chorando, colocou o outro em meu dedo. Apenas quando passei a mão no rosto foi que vi que também chorava. Aquele estava sendo um dos momentos mais lindos da minha vida. Lexa ficou a admirar a pedra em seu dedo com toda graça do mundo e ainda sem acreditar. 

—A pedra negra representa seu sangue nightbood, e a vermelha o meu. Sangue da Heda e da Wanheda representado em dois anéis. 

—É lindo, meu amor — ela se aproximou de mim — eu estava pedindo exatamente isso a Ele — disse apontando para o poço — só não esperava que meu desejo fosse realizado assim tão rápido.

—Eu pedi a Ele que você aceitasse, então também tive o meu desejo realizado logo. — Sorrimos felizes com tudo aquilo e unimos nossas testas. 

—Você é a minha vida, Clarke Griffin. 

—E você a minha, Lexa Griffin.



Universo The 100 - Clarke e Lexa (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora