Após todos os acontecimentos daquela noite, quando finalmente retornaram para a casa, estavam decididos a não tocarem no assunto e cuidar das três resgatadas.
Queriam descansar e se preparar para continuar a viagem, mas a verdade é que ninguém conseguiria dormir ou simplesmente fechar os olhos por meros minutos durante toda aquela noite. A casa não trazia boas lembranças, mas não tinham outra opção naquele momento.
Luiza entrou na casa e subiu para o banheiro. Necessitava tomar um banho, precisava se limpar, se lavar de tudo aquilo que tinha vivido até poucos minutos atrás.
Por incontáveis vezes a bucha foi surrada contra sua pele enquanto lágrimas escorriam por sua face e se misturavam com a água quente que caia do chuveiro. Os movimentos eram repetitivos na esperança de retirar todos aqueles toques imundos em cada parte de seu corpo.
Sua pele já estava sensível e, mesmo ainda não estando satisfeita, ainda que aquela sensação de nojo a atormentasse, ela parou. Sua pele queimava e ardia em algumas partes específicas por culpa do forte atrito.
As costas da morena bateram contra os azulejos da parede em um claro sinal de exaustão e ali se arrastaram até que o corpo da mulher sentasse sobre o chão do box. Luiza abraçou suas pernas e se permitiu chorar, como se aquelas lágrimas junto a água quente que caia sobre seu corpo pudessem, de alguma forma, lavar também a sua alma.
Valentina estava no primeiro andar, tomou um banho demorado para se limpar de toda terra e sangue espalhado por seu corpo. Ao mesmo tempo que aquelas manchas vermelhas lhe davam satisfação, também lhe causavam ânsia por pertencerem a um ser tão desprezivél. Na sequência deu um banho em Clara e subiu com a pequena para o quarto e assim cuidou da menor enquanto esperava por Luiza, deitadas na cama do quarto.
Clara já dormia ao lado de Valentina enquanto seus
cabelos eram acariciados pela mulher. Apesar de todo o susto, estava exausta, e Valentina cuidou para
que se sentisse o mais confortável e segura possível estando ali ao seu lado. Juliette ainda não tinha voltado. A morena se levantou lentamente para que a pequena não acordasse. Deixou um beijo sobre a bochecha rosada vendo um leve sorriso banguela se formar e se desfazer aos poucos junto a respiração
pesada.Valentina suspirou com um sorriso no rosto e saiu do quarto rumo ao banheiro a procura de Luiza que
tomava banho a mais de uma hora. Valentina se
aproximou da porta e apoiou a orelha na madeira tentando ouvir algo. A única coisa que ouvira foi a
incessante queda d'água do chuveiro.— Lu - chamou após seus dedos baterem duas vezes contra madeira.
Nenhuma resposta.
— Luiza? - mais uma tentativa sem respostas. Apenas o mesmo barulho repetitivo da água.
Valentina forçou a maçaneta agradecendo por Luiza
ter deixado a porta destrancada como ela havia pedido. A porta foi empurrada lentamente. Valentina adentrou o pequeno cômodo tendo a visão de Luiza encolhida no chão do box enquanto a água
caía sobre parte de seu corpo.A morena rapidamente entrou no pequeno cômodo e
fechou a porta atrás de si.— Lu... - Valentina se apressou até a morena. Abriu o
vidro do box e se aproximou de Luiza ouvindo seus soluços baixinhos. - Vem - Valentina segurou o braço da mulher tentando levantá-la mas Luiza puxou seu braço desfazendo o contato.— Eu não quero. - Luiza responde com a voz baixa e rouca evitando olhar a morena. - Eu quero ficar aqui até sentir um pouco menos de nojo do meu próprio corpo. -soluçou.
Valentina sentiu seu peito se apertar. Não era fácil ver Luiza naquele estado, a mulher que ela sempre
viu ser forte agora se encontrava naquele estado, acuada por culpa de um verme de ser humano.
Novamente sentiu seu sangue esquentar.
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Fim dos tempos.
Fanfictionconfinados a 53 dias em um reality show, durante uma pandemia, os 12 participantes restantes no jogo não imaginam o cenário apocalíptico que os aguardam de fora do muro. No 53° dia, alguns participantes percebem pequenos sinais de que algo pode não...