O meu ceo.

8

- Alice Narrando -

Um arrepio completamente involuntário percorre o meu corpo inteiro, mas não me deixo abalar.

- Sente-se. - Ele diz apontando pra cadeira e eu me sento, coloco minha bolsa na cadeira ao lado da minha e cruzo minhas pernas.

Varro a sala inteira com os meus olhos e vejo a janela que dá visão para uma vista incrível. Rio de janeiro tem o seu charme.

Meus olhos param nos olhos pretos desse homem, que em momento algum tira os olhos de mim.

- Muito bem. Analisei bem o seu currículo. Divorciada, senhorita Alencar? - Ele é bem direto e eu apenas assinto. - Entendi, há quanto tempo?

- Há dois meses, senhor Miller. - Respondo com a voz firme.

- E você tem filho? - Ele pergunta.

- Sim, senhor. Uma menina de dois anos, Alícia. - Falo.

- E como você lidaria tendo que fazer horas extras e trabalhando aos sábados? Pois suponho que você tenha a colocado na creche, a creche devolve as criança 17h. O que você fará? - Ele me pergunta.

- Marina me disse que aqui na empresa tem uma creche para os empregados que precisam fazer hora extra ou trabalhar aos sábados, senhor. Deixaria minha filha na creche da empresa sem problema algum. - Falo e tiro meu cabelo do rosto, jogando ele pra todo o lado esquerdo.

- E para viajar, senhorita Alencar? O que fará? - Ele pergunta. - Você a levaria ou a deixaria com alguma babá?

- Sr Miller, se a viagem for de poucos dias posso deixar com a babá, agora se for de muitos dias, eu levarei a babá e a minha filha comigo, obviamente, arcarei com todos os custos da babá e da minha filha. - Falo.

- Se eu perguntei se você a levaria, é porque no caso, a empresa arcaria com os custos, senhorita Alencar. - Ele diz, grosso.

- Perdoe-me, mas pensei que a empresa não arcaria com os custos da babá e da minha filha. Nenhuma empresa arca com esses custos, senhor. - Falo firme, mas educada.

- Vi aqui que você trabalhou na Cosmetic Co e não ficou nem dois meses. O que aconteceu? - Ele pergunta. Isso não é algo que eu quero falar, mas engulo no seco, respiro fundo e o respondo.

- A Cosmetic Co não era o meu lugar, senhor. - Respondo sem dar detalhes e parece que os seus olhos vão me queimar viva.

- E o que te faz acreditar que aqui é o seu lugar? - Ele pergunta.

- Aqui é um lugar que trata os funcionários com respeito e profissionalismo, tem muitos benefícios e tem a possibilidade de crescer. Aqui é o meu lugar, porque eu quero crescer tanto quanto a empresa cresceu, senhor. - Respondo.

- Marina te passou tudo? - Ele pergunta se reencostando em sua cadeira.

- Sim,senhor. O senhor não tolera atrasos e não aceita falhas, nada além do que a perfeição. - Respondo.

- Ótimo, você começa amanhã. - Ele diz e me surpreende.

- Não seria na segunda por causa da documentação? - Pergunto. Achei que teria mais tempo para preparar meu psicológico.

- As documentações já estão preparadas, tem algum problema com isso? - Ele pergunta todo rude.

- Não, senhor. - Respondo.

- Ótimo, amanhã 8h, nem um minuto a mais e nem um minuto a menos. A empresa dá o livre arbítrio de os funcionários se vestirem, porém, você sabe como uma secretária deve se vestir. - Ele diz e desce os olhos para o meu corpo, mas logo os sobe novamente. - Passe no RH, assine as papeladas e pegue o cartão corporativo. Esse cartão você pode usar para arcar com qualquer custo que seja relacionado a empresa e o seu almoço ou jantar caso eu peça para que faça hora extra. Você almoça na hora em que eu falo pra você almoçar e você é liberada na hora em que eu falo que está liberada. Entendeu? - Ele diz palavra por palavra olhando no fundo dos meus olhos, o que me causa arrepios.

- Sim senhor. - Falo.

- Resolva tudo com o RH, te aguardo amanhã, senhorita Alencar. - Ele diz e eu assinto.

Pego minha bolsa, me levanto e estendo a mão pra ele, que a pega e aperta.

A mão dele engole a minha.

- Obrigada, senhor Miller. O senhor não irá se arrepender. - falo e ele dá um sorriso de canto.

- Espero que não, Alice. - Ele diz pela primeira vez o meu nome e eu poderia o ouvir dizer milhões de vezes.