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Sunghoon.

Fazem dois anos desde que comecei a trabalhar na cafeteria do meu avô, lembro como se fosse hoje o dia que abriu. Era uma sexta-feira a tarde, não tinha atendentes e o meu avô estava ocupado lá dentro, eu estava esperando meu achocolatado ficar pronto quando ele chegou sorrindo. Seu uniforme mostrava que não éramos da mesma escola, seu cabelo grudado na testa suada mostrava que ele tinha acabado de correr ou se movimentar bastante. Ele me pediu um café com leite gelado, eu falei apenas "Você precisa anotar seu nome no bloco de pedidos antes", ele me olhou de canto e continuou sorrindo, assinando seu nome e o pedido, me entregando em seguida. Horas antes, eu tinha dito ao vovô que nada me faria trabalhar em uma cafeteria quando eu podia simplesmente passar o dia inteiro trancado no meu quarto, jogando todos os jogos que eu pudesse. Mas, parece que K.S, me fez mudar de ideia.

Eu nunca falei com ele além do básico que um atendente deve falar com os clientes, entretanto, de um tempo pra cá, comecei a desenhar rostinhos sorrindo em seus copos de café com leite gelado, na intenção de falar "oi". Sequer sei o nome dele, na verdade. Ele sempre assinava com suas iniciais e eu nunca tive coragem o suficiente para perguntar. Nem coragem para manter uma conversa consigo.

— Você deveria falar com ele – Jay disse colocando-se ao meu lado. — É sério, Sunghoon, você está apaixonado faz anos e nem o conhece.

— Você também está apaixonado pelo amigo dele! Nem por isso fico te mandando ir falar com ele.

Ele apenas balançou a cabeça em negação, no fim sabia que eu estava certo. Era como se o sujo tivesse falando do mal lavado, afinal, Jay pelo menos sabe o nome da sua paixão secreta. Eu sabia apenas duas letras que sequer deveriam fazer parte do nome do garoto.

Todos os dias, K.S e seus amigos vinham até a cafeteria após as aulas. As vezes eles estudavam, as vezes o tal de Jake – que namora o crush do Jay – traz um violão para cantar e muita gente gosta das vozes dos três. E por falar em voz, K.S tinha uma encantadora. Ele poderia facilmente ser um príncipe que conversa com os animais em segredo num outro universo, de tão encantador que era. Não só sua voz, mas ele por completo.

— Por dois minutos adiantados, hoje não irei te desejar boa noite – e falando nele. — Então, boa tarde.

— Boa – sorri para ele que também sorria, ele era como um raio de sol. Animado, caloroso e encantador. — O mesmo de sempre?

— Isso. Eu achei fofo o desenho que você fez no copo ontem, poderia fazer mais vezes?

Eu apenas concordei com a cabeça. Não sabia o que responder. Não tinha o que responder. O cara pelo qual eu tenho um penhasco gostou da minha tentativa de chamar sua atenção e o melhor de tudo, funcionou? Eu estava completamente sem palavras.

Um dia eu irei perder o medo e irei falar com ele por conta própria, chamá-lo para tomar um café comigo – eu não bebo café –, para tocar violão – não sei tocar nenhum instrumento – e para fazer qualquer coisa que possamos fazer juntos. Se eu não fizer, mudarei o meu nome no cartório de Park Sunghoon para Benjamin.

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