Capítulo 11

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                              Allana

Acho que o pior erro que já cometi foi ter aceito ir àquela balada com Igor, porque naquela ocasião bebemos alguns drinks a mais e no fim da noite acabou rolando sexo entre a gente.

Não me arrependo por isso, afinal sou uma mulher bem resolvida e não tenho problema algum com esse tabus. O problema é que depois daquele dia, acabamos nos envolvendo demais e tempo depois, após muita insistência, aceitei o pedido de namoro  e hoje estamos juntos.

No início estava fluindo legal, mas como a maioria das relações conturbadas, que se iniciam em um mar de rosas, a nossa não foi diferente. Desde quando nos conhecemos, percebi que ele me olhava de um jeito diferente, um certo desejo... e isso não mudou. Acontece que com o tempo, fui percebendo que esse sentimento é nada mais do que posse.

Bastou começar a namorar para ele tentar controlar minhas roupas, minhas saídas sozinha e até já tentou interferir na minha carreira. Ele é tão tóxico que não me dá espaço para nada! Quer dormir todos os dias em meu apartamento e até as ligações para o meu irmão são motivo de briga. Tudo o incomoda!

Fazem quase três meses que estou envolvida nessa relação e não consigo sair. Já tentei terminar algumas vezes, mas ele finge demência e muda de assunto.  Por incrível que pareça hoje ele está razoável. Acho que porque estão combinando algo para receber seus amigos que irão chegar de viagem e ele quer me apresentar a todos de uma vez.

A situação está tão ruim que até agora eu estou evitando esse encontro com sua turma, pois a verdade é que eu nem queria estar com ele.

— Onde você vai? — Perguntou ao ver que eu estava pronta para sair.

— Tenho ensaio hoje!

— Vou  tomar um banho rápido e te acompanho. — Falou levantando-se da minha cama e eu intervi.

— Não precisa! Eu vou demorar e já está quase na hora de você ir dar aula...

— Eu não vou para a academia hoje. Troquei o turno com o Fábio porque domingo ele precisa sair e eu vou ficar no lugar dele.

— Entendi. Mas de qualquer forma, prefiro ir sozinha. — Essa frase foi o gatilho para mais uma discussão matinal.

— Por que não quer que eu vá com você? Tem certeza que vai trabalhar? — Sua desconfiança me incomoda.

— Igor, não começa! Você está me sufocando e eu preciso respirar. Posso?

— Não estou te sufocando. Só quero passar um tempo a mais ao seu lado, mas como sempre, você não quer.

— Se você me concedesse o espaço que eu preciso, eu conseguiria sentir sua falta, mas você não deixa. Fazem quatro dias que não vai para sua casa e que eu me lembre, não nos casamos para você ficar aqui o tempo todo. — Desabafei, pois não aguentava mais e outra vez ele fugiu do assunto.

— Se acalma, tá?! — Tentou me abraçar, mas eu me esquivei.

— Como eu vou me acalmar, Igor? Quando não está trabalhando você vem para cá e eu não consigo ter privacidade nem por um minuto. Eu vim morar sozinha justamente porque gosto da minha liberdade e independência, mas você está tirando isso de mim. — Sentei na cama e ele se posicionou ao meu lado.

— Não quero brigar... vou para casa e à noite nos vemos. Esteja pronta às 21 horas. — Deu um beijo em meu rosto e saiu.

Enfim, posso respirar aliviada!

Como é horrível tê-lo em cima de mim o tempo todo e ter que dar explicações a cada minuto.

Depois que comecei a enxergar sua verdadeira face, até o sexo esfriou e sinceramente eu já não tenho mais nenhuma vontade de inovar ou ao menos iniciar o ato. Tornou-se algo monótono e totalmente desagradável para mim. Não gosto quando ele me toca, tampouco quando insiste para termos relações. Até beijá-lo é um sacrifício.

Não vejo motivo para levarmos isso adiante, mas quem consegue fazê-lo entender? — Soltei o ar com a boca expressão exaustão, bloqueei meus pensamentos e segui para meus afazeres.

Cheguei no estúdio, me preparei e começamos a trabalhar. Na hora do almoço, Bryan, Kim e eu fomos comer em um restaurante e após retornarmos, Kate chegou para mostrar o projeto que elaborou ao meu produtor.

Acontece que na última visita a loja dela, recebi um convite para ser a modelo de sua marca e como ela está criando uma nova coleção de biquínis que pretende expor com pôsteres esparramados pelo shopping, requer muita atenção e estamos todos focados nisso.

Esse também foi um motivo de briga com o surtado, pois ele não aceita que eu fotografe de biquíni, mas eu não estou nem aí. Não interfiro no trabalho dele e também não aceito que ele faça isso no meu.

— Eu acho que esse vai ficar ótimo na frente da loja... O que vocês acham? — Pronunciou entregando o desenho de um modelo ciganinha e eu concordei.

— Acho que é uma ótima escolha!

— Então está decidido, vai ser esse! — Devolvi a folha e ela guardou na pasta.

— Perfeito! Vou resolver algumas coisas para que possamos tirar as fotos na semana que vem. — Bryan comunicou, pediu licença e saiu.

— Allana, domingo faremos um almoço de boas-vindas para meus irmãos e eu gostaria que você estivesse presente, pois quero aproveitar para comunicar a eles que você será a nova imagem da marca Bollman. O que me diz?

Hesitei por um momento, afinal, não nos conhecemos há muito tempo e nossa relação é estritamente profissional, mas levando em consideração que trabalharemos juntas daqui para frente, não vejo porque recusar.

— Eu aceito! Será bom respirar novos ares. — Comentei e parece que ela ficou confusa.

Quase ninguém sabe que eu namoro, afinal sou muito discreta e isso também é um motivo para que Igor fique incomodado. Eu não aguento mais tanto drama!

— Combinado! Eu te envio uma mensagem com os detalhes, mas agora preciso ir, pois ainda tenho que terminar alguns desenhos.

— Vamos descer juntas, eu também já vou! — Nos despedimos do pessoal e descemos para pegar os carros.

Cada uma seguiu o seu caminho e ao chegar no apartamento, descansei até dar a hora de começar a me arrumar para ir nessa tal recepção.

Perto da hora combinada, tomei banho, hidratei meu corpo com creme, coloquei um vestido de alças vermelho e uma sandália anabela nude, soltei o cabelo, fiz uma maquiagem básica e fui até o closet escolher uma bolsa.

Estava indecisa entre duas, quando a campainha tocou e como o porteiro não interfonou, já sei que se trata de Igor. Parei o que estava fazendo e fui abrir a porta.

Obsessão: Loucos Por Ela Onde histórias criam vida. Descubra agora