Capítulo 75

3 1 0
                                    

Allana

A cena que eu presenciei naquele estúdio me deixou tão nervosa que eu cheguei no apartamento e me tranquei em meu quarto para não falar com ninguém. Meu irmão até foi me procurar mas eu fingi que estava dormindo. Só fingi mesmo, porque fiquei tão irritada que passei o resto da tarde andando de um lado para o outro e a noite em claro, rolando na cama.

Como tive uma noite ruim, assim que o sol raiou fui tomar banho. Ao terminar, coloquei uma lingerie nova, cujo sutiã é totalmente decorado e para valorizar a peça, vesti um cropped transparente, ambos pretos e um short jeans de cintura alta, em tom escuro. Calcei um tênis branco, fiz um coque despojado no cabelo e sentei na varanda com minha xícara de café, tentando não pensar mais nesse assunto.

Ao pegar o celular, tinham várias notificações de um site de notícias. Cliquei para ver do que se tratava e minha surpresa não poderia ser maior.

"Empresário Felipe Bolmann, aparece em fotos picantes com a modelo Júlia Castro!" Confira a matéria:

O empresário Felipe Bolmann, de apenas 23 anos, um dos solteiros mais cobiçados do Rio, foi fotografado em um ensaio pra lá de quente com a modelo Júlia Castro, 24 anos. Segundo informações obtidas por uma de nossas fontes, no mês passado o jovem empresário foi visto em São Paulo, em várias ocasiões com Allana Ruschel, 21 anos, a talentosa modelo, herdeira e sócia de sua família, mas parece que a relação não durou! Nesta terça-feira, Bolmann participou de um ensaio sensual, onde o intuito é representar a grife de suas irmãs e empresárias da moda, Kate Bolmann, 22 anos e Ayla Bolmann, 20 anos. Pelo visto o multimilionário é bem ligado ao mundo da moda.

Eu me recuso a acreditar no que meus olhos estão vendo! Agora sim ele esgotou minha paciência.

— Malditø Felipe! Cachorro, desgraçadø, infëliz, sem vergonha, imoral…

— Ei... que gritaria é essa? O que aconteceu para você estar fazendo esse escândalo uma hora dessas? — Meu irmão veio correndo ao ouvir os "elogios".

— O que está acontecendo? Isso aqui! — Entreguei o celular em sua mão e ele começou a ler.

— Entendi porque se trancou em seu quarto ontem, mas não pode negar que a foto ficou boa. — Entregou-me o celular novamente e eu percebi que ele estava segurando para não rir.

— Péssima hora para palhaçada! — Proferi completamente irritada e puxei o aparelho de sua mão.

— É irmãzinha… Eu avisei que isso iria acontecer! Você não me deu ouvidos… — Aquele deboche estava me tirando do sério.

— Você quer parar, Gustavo? Só está piorando meu humor.

— Tá bom, mas me responde uma coisa... o que está te incomodando mais, o fato de Felipe ter tirado essas fotos ou porque a modelo não foi você?

— Nenhuma coisa, nem outra! O que me incomoda é terem vinculado  meu nome ao dele nessa matéria ridícula! — Dessa vez ele não segurou o riso. — Do que está rindo? — Interroguei ainda mais nervosa.

— De você tentando mentir para si mesma! — Eu não estava disposta a continuar ouvindo toda aquela baboseira.

— Chega, né! Como se fosse pouco Ayla ter me tirado da campanha, Kate não ter feito nada e agora isso, também tenho que aguentar você zombando da minha cara.

Peguei minha bolsa e o jornal que estavam no sofá e comecei a caminhar em direção à porta.

— Aonde você vai, Allana? — Perguntou confuso.

— Resolver isso! — Saí, batendo a porta e fui para a empresa.

Ao chegar no penúltimo andar, segui
diretamente para a sala de Felipe.

— Espera! Você não pode entrar sem ser anunciada. — A tal Camila falou achando que ia conseguir me parar.

— Cale a boca! — Bati a mão na fechadura e abri a porta.

— Fe, me desculpe... ela foi entrando e não me deu tempo de anunciar. — Essa outra oferecida tentou se justificar e ele assentiu.

— Tudo bem... nos deixe sozinhos e não permita a entrada de mais ninguém. — Ela fez o ordenado e ele continuou bem tranquilo sentado, assinando alguns papéis.

— Até quando você vai continuar com isso? — Interroguei e o mesmo permaneceu indiferente.

— Não sei do que está falando! — Declarou sem tirar os olhos da folha.

— Não seja cínico, Felipe! É disso que eu estou falando. — Joguei o jornal em cima da mesa, então ele soltou a caneta e me encarou.

— Eu não tenho nada a ver com isso. Quem tirou as fotos foi o Bryan, você tem que reclamar com ele.

— Bryan jamais faria isso! Ele é um profissional de respeito e eu conheço sua conduta.

— Então você está insinuando que fui eu?

— Não estou insinuando nada, eu estou afirmando.

Ao me ouvir, ele respirou fundo e desviou o olhar, continuou calado por alguns segundos até que me encarou novamente.

— E por que você acha que eu faria isso?

Agora eu fiquei numa saia justa danada e não sei o que dizer... calei por um momento, pensando na resposta mais adequada e decidi improvisar.

— Não sei... Me diz você! — Ele se levantou, deu a volta na mesa e chegou mais perto.

Os sentimentos se misturaram e eu comecei a tremer... Claro que ele percebeu! O nervosismo ficou evidente ao sentir seu corpo tão próximo, mas tentei manter a postura.

— Eu acho… — Fixou seus olhos nos meus. — É que é isso foi apenas uma desculpa para me ver! — Voltou a se afastar, encostando-se na mesa e eu fiquei furiosa com o que ouvi, mas respirei aliviada pela distância.

— Não seja ridículo! — Pronunciei, e ele desembestou falar.

— Ah… Você vem até aqui, me questiona por algo que nem você mesma sabe responder, e eu que estou sendo ridículo?

— Ninguém sabia sobre nós e como que de repente, isso saiu em todos os sites de fofoca e todos os jornais? Faça como quiser, mas desvincule seu nome do meu hoje mesmo.

— Se está pensando que eu tenho algum interesse nisso, está muito enganada! Eu não vazei essa foto e muito menos a informação. Não preciso de nada disso para ter mídia e você sabe, mas se a situação fosse com Jhony você não estaria tão irritada. — A ironia foi iminente e eu nem quis debater.

— Pouco me importa o que você diz ou pensa!!

— Mais uma vez você não desmentiu, isso só aumenta minhas certezas. — Foi minha vez de rir.

— Você é patético! — Virei as costas para sair e ele me puxou pelo braço.

Senti sua mão escorregando em meu pulso, até soltá-lo e ficamos imóveis frente a frente, apenas sentindo a respiração quente um do outro enquanto o silêncio tomou conta da sala. Meu cérebro gritava para eu sair imediatamente dali, mas minhas pernas não me obedeciam.

Estávamos muito próximos e seus olhos transmitiam algo que eu não conseguia decifrar. Ele umedeceu os lábios e eu engoli seco.

Obsessão: Loucos Por Ela Onde histórias criam vida. Descubra agora