Capítulo 20 - Gatilho

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Notas Iniciais

Olha quem apareceu depois de séculos sumida, trazendo mais um capítulo fresquinho para vocês. Se ainda tiver alguém lendo a historia, espero que gostem do novo capítulo

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Steve se sentia irritado de uma maneira que não conseguia explicar. Ele estava há mais de um mês sem ver ou falar com sua mãe e a saudade apertava no seu peito, por isso, sem pensar duas vezes, aceitou o seu convite para jantar, assim os dois poderiam compartilhar um momento agradável de mãe e filho, sem falar sobre sua sexualidade. Mas agora se arrependia de ter concordado com o encontro.

Ele deveria saber que sua mãe faria algo assim, mas esperava de todo coração que ela apenas queria vê-lo. Contudo, seu coração afundou e a decepção lhe acertou com força quando seu pai apareceu logo depois de sua chegada, para transformar o jantar em um show de horrores cheio de comentários rudes, ofensivos e homofóbicos.

Apesar de não concordar, Steve até entendia a atitude da mãe e seus motivos para mentir; ela queria desesperadamente unir a família, entretanto isso não significava que achava correto a sua atitude, até porque nada iria se resolver se eles não aceitassem a sua sexualidade.

O ressentimento ardia em seu peito e a raiva era o que lhe definia naquele momento, em que praticamente corria para chegar ao trabalho. Steve estava quase chegando quando escutou gemidos doloridos vindos do beco antes da cafeteria. Curioso e preocupado que alguém esteja ferido, como um bom escoteiro, ele entrou na viela mesmo com o seu coração batendo acelerado no peito e o medo fazendo suas mãos tremerem. Mas o que ele encontrou foi totalmente diferente do que tinha imaginado e o deixou paralisado por um momento: seu melhor amigo estava socando com violência o rosto de um cara e havia mais três inconscientes no chão.

A mente de Steve foi bombardeada com lembranças de um Bucky de anos atrás... um Bucky que era movido pela dor; o mesmo que era cheio de raiva e resolvia as coisas com violência; o garoto que perdeu tudo, inclusive a si mesmo; que não acreditava ser merecedor de amor e que se fechou para o mundo ao ponto de não ligar para a própria vida.

Uma onda de tristeza invadiu o coração de Steve, depois transbordou pelos olhos.

O olhar frio.

A raiva.

A violência.

Não estava certo!

O Bucky na sua frente não era seu melhor amigo, era outra coisa.

Um gemido alto e o som de um estalo trouxe Steve de volta à realidade, isso fez com que ele corresse até o amigo e o tirasse de cima do desconhecido.

– Bucky, cara para com isso, você vai matar ele – Rogers pedia desesperado enquanto tentava imobilizar o amigo, que se debatia rosnando como um animal selvagem.

Ele nunca tinha visto Bucky daquela maneira. Quando ele se perdia em sua fúria, um soco bem forte o faria voltar a si. Mas naquele momento Steve não sabia se isso ajudaria, pois o amigo parecia até possuído por um demônio.

– Por favor, amigo me escuta... Para com isso – acrescentou gritando, sem saber o que fazer.

A movimentação e gritaria atraiu a atenção das pessoas que estavam na cozinha da cafeteria. Dois de seus colegas de trabalho saíram para ver o que estava acontecendo, assim que viram Steve tentando segurar um Bucky descontrolado, não pensaram duas vezes em ajudar.

Com Barnes de joelhos no chão e com os braços imobilizado por seus colegas, Rogers segurou o rosto de seu amigo com as duas mãos, forçando-o a encará-lo, isso o permitiu ver o exato momento que a lucidez voltou a brilhar nos olhos azuis.

Mil Pedaços de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora