Amor Interestelar

O despertar.

Capítulo 1.

(Continuação da fic "Coração Interestelar", disponível no perfil)

Mew não sentia nada, estava com frio, ao mesmo tempo que sentia o suor em sua pele, tudo parecia tão quieto e escuro. O medo se acumulava em seu subconsciente, se sentia agitado, mas não conseguia se mover.

O que está acontecendo? Onde estou? Como vim parar aqui?

SOCORRO!

Tudo isso rondava sua mente, juntamente com uma dor agonizante que queimava suas veias como ácido. Queria arrancar a própria pele para se livrar daquilo, era desesperador, mas simplesmente não conseguia se mover. Sentia que poderia enlouquecer.

Aquilo perdurou pelo que pareciam ser dias, era como ser destruído pedaço por pedaço com uma pinça de ácido e fogo.

Até que, de repente, uma onda começou a se misturar em seu corpo, como um jato apagando um incêndio, trazendo um alívio quase instantâneo, Mew sentiu que seria capaz de suspirar. Finalmente estava livre daquela dor.

Ele observou seu corpo se acalmar aos poucos, se recuperando daquela dor. Era como se pudesse vivenciar cada célula se regenerando lentamente. Nada mais importava além daquele alívio, mas também estava fraco.

Quando Mew finalmente tinha forças o suficiente para abrir os olhos, quase foi cegado pela quantidade de luz branca. Ele não demorou em reconhecer aquele teto metálico por onde sabia passar várias fiações que mantinham a energia daquele lugar estável.

Sua mente ainda estava um pouco embaralhada. Por que estava na área hospitalar? O que havia acontecido?

As memórias voltaram como uma bomba de pólvora feita de recordações, trazendo lembranças que lhe causaram uma dor de cabeça. Sua vista embaçou e ficou vermelha quando teve o cérebro invadido por imagens, sensações, cheiros, barulhos e emoções.

— Gulf! — Exclamou subitamente, conseguia ouvir os próprios batimentos acelerados no monitor cardíaco.

Aquele era um barulho irritante que apitava nos ouvidos de Mew, então ele simplesmente arrancou o cabo que estava colado em seu peito e tentou sentar-se na maca, mas suas pernas não se moveram.

Ele ficou um pouco zonzo pela movimentação súbita do seu tronco, mas aquilo não se comparou ao desespero que sentiu quando percebeu que não conseguia mover as pernas. Seu corpo inteiro doía, como se tivesse ficado parado na mesma posição por tempo demais.

Seu susto apenas piorou quando a porta do quarto em que estava foi aberta com força por um Xiao Zhan apressado, ofegante e assustado.

— Você acordou! — O médico exclamou, levando a mão ao próprio peito, aliviado — Puta que pariu, que susto. Minha nossa.

Ele se aproximou de Mew com pressa, empurrando-o de volta para deitar na maca.

— Mew, você quase me mata agora. Eu recebi a mensagem de que seu monitor cardíaco havia parado e eu quase... — Xiao parou sua frase para respirar fundo mais uma vez — Não sabe o quanto estou feliz por você estar vivo, mas vamos começar com calma. Fique deitado e me diga o que está sentindo.

— Zhan — Ele tentou falar, mas sua voz estava rouca e sua garganta arranhava.

Somente naquele instante Mew percebeu o quanto estava com sede, parecia que havia comido areia, pois sua boca estava como o deserto e sua garganta seca.

— Água primeiro — Xiao declarou, então pegou uma jarra que tinha na mesa ao lado e serviu um copo, mas colocou um canudo, para que seu irmão não precisasse levantar — Não beba muito de uma vez só.